No Acre, politicamente, a semana que terminou ontem (30) foi morna, até sexta-feira. A segunda fase da Operação Têmis, deflagrada pela Polícia Federal com o objetivo de elucidar possíveis crimes eleitorais, esquentou as coisas.
A Operação Têmis 2 constrói uma série de pequenos episódios em que todos têm razão, embora poucos se entendam. Aos fatos: eis que surge sexta-feira. Enquanto os pássaros acordavam, os agentes da PF cumpriam 10 mandados de busca e apreensão para “aprofundar a investigação” do que já havia sido coletado em setembro na primeira fase da Operação Têmis, quando um vídeo de uma suposta líder comunitária convidava pessoas a virem a uma “Casa 15” para fazer consulta médica gratuita. Nas imagens, a casa é plena de imagens de Marcus Alexandre. “Fotinha do meu prefeito! E vamos de 15…!”, mostrava a moça.
O vídeo fez parte das polêmicas da campanha. Alexandre, inclusive, foi à própria Polícia Federal, à época, denunciar a situação, entendendo que aquilo tudo fazia parte de uma trama para lhe prejudicar.
Na sexta-feira (29), um dos atos para “aprofundar a investigação” ocorreu na casa do candidato derrotado do MDB à Prefeitura de Rio Branco, Marcus Alexandre. Os agentes da PF apreenderam-lhe o celular na tentativa de encontrar evidências de compra de voto e de manter relações com pessoas suspeitas de crime eleitoral. Uma delas foi o vereador eleito pelo partido de Alexandre, Neném Almeida. Ele também recebeu a visita dos colegas do “Japonês da Federal”.
E por que esta é uma situação em que todos têm razão? Investigar é uma das missões da Polícia Federal. Quando ela faz essas operações, não é ela que está com o martelo na mão dizendo que Fulano ou Beltrano são criminosos. Ela está reunindo evidências, indícios de um suposto crime. Ela não julga. Ela reúne todas as evidências em uma peça de investigação chamada “inquérito”. E apresentará isso a outro órgão, responsável pela acusação perante a Justiça, o Ministério Público.
É inegável, no entanto, que a ação da PF acaba sendo midiática. Mas o pré-julgamento é nosso: dos ouvintes, dos telespectadores, dos internautas. Não é absurdo imaginar que muitos dos que supostamente venderam o voto, sentados em padarias, botecos ou bancas de tacacá, assistindo ao noticiário, comentem, mordendo uma folha de jambu ensopada no tucupi. “São todos safados mesmo, não são?”
Se a PF está apenas reunindo provas, evidências, e não julga, então todos os envolvidos são, portanto e por enquanto, inocentes. Eles têm o direito de espernear. E o fizeram por meio dos partidos. Soltaram notas em um tom acima. Estrategicamente, ressaltaram o trabalho institucional da PF, mas souberam atirar.
“O povo de Rio Branco inteiro sabe quem patrocinou a maior compra de votos da história da política acreana”, diz a nota do MDB, deixando escapar uma beliscada na Justiça Eleitoral e na própria PF, ao complementar, “sob a complacência e conivência dos órgãos de controle e de repressão”. O presidente da Executiva Estadual do PT, Daniel Zen, também acompanhou o mesmo tom, reforçando a ideia de que a PF “bateu em porta errada”.
Como ninguém na Polícia Federal é inocente, é possível alimentar alguma esperança de que a investigação baterá na porta de quem tinha o cofre mais forte nessas eleições? É uma pergunta. Não é uma sentença.
A reflexão pode ter desdobramentos dos mais diversos. Desde a necessidade de se repensar o instituto da reeleição até a qualificação da militância, entendendo (em um movimento de boa fé) que a moça do dito vídeo tenha agido com lealdade a Marcus. Em tempos de campanhas eleitorais em redes sociais, cada um quer demonstrar comprometimento a todo custo. Não vale uma ideia, uma proposta, uma crítica. Não vale mostrar a comunidade e a cultura do lugar. O que vale é dizer a obrigatória expressão “meu prefeito” e mostrar o café da manhã “só o ouro!” se equilibrando em uma mesa quase partida ao meio com o peso da esperança de uma vitória cheia de cálculo e interesse.
Embora ninguém ainda tenha tido a coragem nada estratégica de culpar o povo, o suposto vendedor de decisão eleitoral, vale um puxão de orelha naquele cidadão que cinco parágrafos acima mordia o jambu enquanto opinava sobre o novo escândalo. Entre quem compra e quem vende o voto tem um país a ser revisado.
Como ninguém na Polícia Federal é inocente, é possível alimentar alguma esperança de que a investigação baterá na porta de quem tinha o cofre mais forte nessas eleições?
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