Uma mulher que se identifica como Mãmi, que não é indígena e é casada com Kamarati, cacique geral do território Noke Kuin, do Rio Gregório, confirma em um áudio que a Aldeia Panaia foi invadido nessa quarta-feira, 27, por vários homens. O grupo seria formado por criminosos faccionados.
“Realmente invadiram a aldeia. Eu estava junto com algumas crianças e um casal de jovens, e foi à luz do dia que essas crianças viram e começaram a me falar. Na hora, eu corri para dentro do quarto, coloquei as crianças e os jovens lá dentro, peguei um terçado, tranquei a porta. Imediatamente liguei para o nosso pajé, que está em São Paulo, pedindo para ele ligar para todos os homens das aldeias vizinhas correrem lá para a gente ter apoio. Enquanto isso, nós ficamos só observando pela fresta das paredes, e eu consegui ver um deles invadindo a casa da frente, pulando dentro da casa. Mas o jovem e as outras crianças viram pela mata, porque eles têm uma boa vista, viram que eram muitos”, conta.
Apesar de outras denúncias alegarem agressões e violência sexual, Mãmi diz que não houve feridos ou violentados. Mãmi destaca que eles conseguiram fugir e estão abrigados em outra Terra Indígena até a chegada das forças de segurança que estão se deslocando para o Rio Gregório nesta quinta-feira (28).
“Graças a Deus eles não se aproximaram da gente, não sei se não deu tempo ou não iriam mesmo fazer isso. Nós viemos aqui para a aldeia vizinha, ficar junto com toda a família, todo mundo reunido. Aqui nós estamos em um número maior de pessoas e estamos aguardando a subida das polícias, que já estão subindo hoje. Tenho certeza que isso tudo vai ser resolvido, esses bandidos vão ser presos e a nossa paz vai voltar a reinar aqui”, relatou Mãmi.
Forças de segurança
O governo do Acre publicou nota pública afirmando que forças de segurança estão sendo encaminhadas para o Rio Gregório. A nota assinada pelo secretário de Justiça e Segurança Pública, José Américo Gaia, informa que a Sejusp está em atuação conjunta com a Polícia Federal, em operação desencadeada na Aldeia Katukina, na Terra Indígena Rio Gregório, em Tarauacá.
Segundo o anúncio, equipes compostas por policiais federais, policiais militares, policiais civis, além de guarnições do Grupo Especial de Fronteira – Gefron, estão em deslocamento para Cruzeiro do Sul, de onde partirão para o atendimento da ocorrência com o uso de helicópteros.
“O Estado presta apoio, ainda, com aeronaves do Centro Integrado de Operações Aéreas-Ciopaer, garantindo o suporte necessário para o deslocamento à área de difícil acesso. Ressalta-se que a coordenação das ações é de competência da Polícia Federal, e que o governo está atuando de forma subsidiária, oferecendo suporte logístico e de pessoal”, conclui a nota.
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