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MPF investiga presença de missionários estrangeiros em terra indígena no Acre

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Da redação ac24horas

O Ministério Público Federal (MPF) no Acre instaurou nesta quinta-feira, 21, um inquérito civil para apurar a presença de missionários estrangeiros na aldeia Santo Amaro, localizada na Terra Indígena Alto Rio Purus, habitada pelo povo Madijá-Kulina, uma etnia de recente contato. A investigação busca esclarecer se a comunidade indígena autorizou a permanência dos missionários Anthony Paul Goddard e Rachel Ann, vinculados à organização Missão Novas Tribos do Brasil (NMTB).


De acordo com a portaria assinada pelo procurador da República Luidgi Merlo Paiva dos Santos, a Funai foi recomendada a visitar a aldeia entre 29 de novembro e 4 de dezembro para verificar se houve consentimento da comunidade para a presença dos missionários.


O inquérito civil, com prazo inicial de um ano, é amparado na Constituição Federal e na Lei Complementar nº 75/1993, que conferem ao MPF a atribuição de proteger os direitos das populações indígenas.


Conforme informações divulgadas pelo portal The Intercept em 2023, Anthony Goddard, teria invadido uma terra indígena no Acre com o objetivo de doutrinar forçadamente os integrantes da etnia. Ele chegou ao local acompanhado da esposa, de um filho pequeno e de um empregado brasileiro. Em março de 2023, sem autorização da Funai ou das lideranças indígenas, construiu uma casa de 96 metros quadrados na aldeia Santo Amaro, próximo à foz do Rio Chandless, e passou a morar no local.


Embora tenha comunicado sua saída à Funai em maio de 2023 por meio de seus advogados, a estrutura permanece na área. O missionário, natural de Ontário, no Canadá, e com cidadania americana, é membro de uma organização religiosa de orientação protestante luterana que busca converter povos indígenas ao cristianismo, ensinando a Bíblia em suas línguas nativas.


A Missão Novas Tribos do Brasil, subsidiária da antiga New Tribes Mission, fundada na Flórida em 1942, tem um histórico de controvérsias. Em 2017, após denúncias de abuso sexual e pedofilia em várias localidades onde atuava, a instituição americana mudou seu nome para Ethnos 360, embora a filial brasileira tenha mantido a nomenclatura original. Em suas redes sociais, a organização defende que há “um só Deus” e que é missão da igreja converter povos em todo o mundo.


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