Um dos pilares para boa cultura do café, que vai resultar em um produto de qualidade, que possa agregar valor de mercado e ser chamado de café especial está ligado ao que se chama de boas práticas de produção. No caso do café, essas boas práticas são explicadas pelo cuidado em cada fase da produção, desde a escolha da muda, o espaçamento correto na hora do plantio, a colheita e a secagem final do grão.
Exatamente por isso, no caso do Acre, que quer, cada vez mais, entrar no mercado e se consolidar como um café de qualidade, a assistência técnica um papel ainda mais primordial.
Apesar de ainda ser um gargalo a ser enfrentado na produção agrícola do Acre, a assistência técnica tem avançado e sendo o principal pilar para o salto de qualidade que o café acreano tem alcançado. Exemplo disso é que na SIC deste ano, todos os 15 produtores que foram trazidos à Belo Horizonte vieram acompanhados de seus técnicos, que estão na lida diária no sol e na chuva orientando e acompanhando o desenvolvimento da lavoura.
São “casamentos” que unem conhecimento científico com muito suor, como o que acontece em Senador Guiomard com o produtor Murilo e a agrônoma Érika Lima, responsável pela assistência técnica na propriedade, que dão resultado. Murilo tem apenas um hectare plantado de café, mas o trabalho foi tão eficiente que o produtor já está na SIC em Belo Horizonte e com planos de dobrar a produção. “O trabalho é excelente, porque sem assistência eu não chegava a lugar nenhum. No ano passado, eu fui contemplado com 33 mil mudas, nunca esperei está aqui. Eu atirei no escuro, não tinha conhecimento nenhum de café e se não fosse o trabalho da assistência, eu estava no mesmo lugar até agora”, diz.
A profissional responsável pela área técnica conta que em Senador Guiomard, ninguém plantava café especial. “Ninguém trabalhava com café especial, quando eu comecei a pesquisar e falar sobre o café especial, que é um café que tem que ser colhido maduro e o Murilo acreditou e hoje está aqui na feira e que sua história sirva de exemplo para que outros produtores adotem essas boas práticas”, explica.
Outra parceria de sucesso entre produtor e assistência técnica vem do Juruá. Em Cruzeiro do Sul, o nome Gedenílson Jesus é quase desconhecido, mas basta mencionar “Baixinho” para a comunidade rural saber que se trata de um dos mais respeitados produtores de café na região. Com 16 mil pés do fruto plantados, Baixinho resolveu deixar o emprego em uma empresa e foi cuidar da plantação. Além do café, tem também 5 mil pés de açaí. Conta que nem sabia o que era um café especial ao explicar a importância da assistência técnica. “Nós não sabíamos como a gente poderia fazer esse café especial. Então foi com a ajuda do técnico que aprendi o que sei, foi quem trouxe conhecimento até a minha propriedade e eu consegui crescer”, explica.
Genilson Maia é o parceiro de Baixinho na assistência técnica. Ele explica que um dos desafios do profissional é mudar a concepção de alguns produtores que, em alguns casos, resistem às novidades. “Eu entendo que é uma quebra de paradigmas, as pessoas têm um conceito e a gente sabe que o café é uma atividade que é historicamente nova no Acre. É preciso convencimento, a gente tem essa receptividade e o que é importante é que depois que as boas práticas são adotadas, os resultados aparecem. Um exemplo é que no ano passado, ele concorreu sozinho ao concurso estadual de café, este ano, trouxemos mais dois. Isso é resultado dos outros produtores verem, na prática, o que acontece com o produtor”, conta
Cláudio Malveira, diretor técnico da Secretaria de Agricultura, conta que a política de valorização do café do governo tenta aproximar ainda mais o produtor da assistência técnica. “A assistência técnica é fundamental em qualquer atividade produtiva. A Secretaria de Agricultura vem capacitando seus técnicos, levando para intercâmbio, trazendo produtores e pesquisadores para passar as informações e as técnicas necessárias para que a gente possa ter uma produtividade melhor na atividade do café, especialmente que é essa ação que a gente está fazendo aqui na SIC, para que os nossos produtores e técnicos possam conhecer o que há de melhor na cultura cafeeira”, destaca.
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