O médico e apresentador Fabrício Lemos exibiu no programa Médico 24 Horas que foi ao ar nesta segunda-feira (18) uma entrevista com o médico Dr. Mazinho Maciel, especialista em medicina da família e um dos nomes de referência no tratamento de pessoas com transtorno do espectro autista (TEA), um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social.
De acordo com Mazinho, o autismo é diagnosticado em 1 a cada 36 crianças nascidas vivas e se classifica em níveis de suporte 1, 2 e 3, mas há a relativização dos problemas enfrentados pelas famílias que convivem com a doença num grau que teoricamente é etiquetado como “mais leve”. “No nível 1 a pessoa precisa de pouco suporte, no nível 2 um suporte médio, e no nível 3 precisa de muito suporte. Mas, na prática, o nível considerado leve pode não ser leve, porque a família inteira adoece, pois o autismo impõe maior dificuldade no manejo e na condução do tratamento que é pra sempre”, disse.
Mazinho também alertou quanto à destruição de famílias que sofrem, e por vezes são destruídas pelo desgaste da doença. “Temos um número absurdo de mães que são abandonadas depois do diagnóstico de um filho. É uma covardia, deveria ser criminalizado, vou ao extremo. Como o autismo não tem cara, não escolhe, não tem predileção, o que a gente vê é que a grande maioria das famílias que tem entre os seus membros uma pessoa com TEA não tem condições de arcar com um tratamento adequado, que é multidisciplinar. É um problema a nível nacional, dentro desse público depende do SUS para ter algum suporte e na prática infelizmente isso não acontece”, afirmou.
Segundo o médico, como a pessoa com autismo necessita de sessões com equipes multidisciplinares, os planos de saúde no Brasil têm tido dificuldades de se sustentar financeiramente para oferecer todos os serviços. “O plano de saúde tem um modelo de negócios e precisa se sustentar, esse debate já chegou a Brasília. É uma queda de braço absurda e o Ministério da Saúde já deveria ter intervido. É uma situação tão complexa, porque os planos de saúde complementam os serviços públicos e se eles deixarem de existir será uma catástrofe”, falou Mazinho.