O governo brasileiro teme um esvaziamento da COP30 com a vitória — ainda pendente de confirmação — do republicano Donald Trump nas eleições americanas.
O principal receio de auxiliares diretos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é com uma eventual decisão de tirar os Estados Unidos do Acordo de Paris — tal como Trump fez em sua primeira administração.
Mesmo com os Estados Unidos permanecendo, o governo Lula acredita que é grande a chance de o republicano “boicotar” a definição de novas metas climáticas para 2035.
Na COP30, que terá Belém como sede em novembro de 2025, os países deverão apresentar suas metas intermediárias para a redução dos gases de efeito-estufa.
Muitas nações desenvolvidas assumiram o compromisso de “net zero” (emissões líquidas zero) até 2050.
Para que esse não seja um compromisso apenas de longo prazo, pouco verificável no decorrer do caminho, são fixadas as metas intermediárias — que hoje vão até 2030. A COP30 vai estendê-las para 2035.
Sem uma nova meta dos Estados Unidos, que são os principais emissores globais junto com a China, o governo brasileiro antevê um grau de ambição bem mais limitado na conferência climática.
Há ainda uma questão de peso político. O presidente Joe Biden nomeou, no começo de seu mandato, John Kerry como enviado especial da Casa Branca para o clima.
Kerry tinha a relevância de um ex-secretário de Estado e ex-candidato presidencial pelo Partido Democrata. Ninguém imagina, no Palácio do Planalto, alguém com esse peso sob Trump.
Outro aspecto a ser discutido na COP30 é o financiamento para ações de mitigação e adaptação ao aquecimento global. Os países emergentes e mais pobres querem recursos para essas ações.
Com frequência, cobram a liberação de US$ 100 bilhões anuais — promessa do Acordo de Paris — para o financiamento climático. Em uma gestão Trump, acredita-se que será praticamente impossível arrancar recursos financeiros dos Estados Unidos para isso.