O governador Gladson Cameli (PP) depôs ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) por vídeoconferência nos autos do processo da operação Ptolomeu, onde figura como réu nesta terça-feira, 5. O depoimento ocorre após um pedido de adiamento feito pela defesa do gestor e aceito pela própria Justiça.
Acompanhado dos advogados de defesa, Cameli esteve em Brasília e negou que tenha recebido de propina um apartamento de R$ 6 milhões localizado nos Jardins, em São Paulo. Ele disse que o imóvel foi adquirido por seu pai, o empresário Eládio Cameli, para ter um lugar para ficar em São Paulo durante o tratamento de um câncer.
“Eu não tinha condições de pagar. Meu pai tinha condições financeiras. E a compra do imóvel era para criar uma situação confortável pro meu pai em São Paulo, que estava em tratamento contra o câncer”, disse o governador no depoimento, que afirmou ainda ser alvo de “um assassinato político”.
Ao final do depoimento, o governador não gravou entrevista. Seus advogados de defesa disseram à imprensa que o processo está em fase de diligências finais e que a defesa deve apontar falhas no processo. Eles pontuaram ainda sobre HDs apreendidos que, supostamente, não foram periciados, e um relatório de inteligência financeira com informações “inconsistentes”.
Nas redes sociais, o governador postou uma mensagem para os seus seguidores. “Sigo confiando em Deus, nas pessoas e na justiça. Obrigado aos meus familiares, amigos e a todo o povo do Acre pelo apoio”, disse.
Em nota pública, o governador lembrou que sabia dos percalços que vida pública poderia ocasionar. “Quando escolhi a vida pública, sabia dos percalços que poderiam ocorrer. Vi isso acontecer na minha família por muitos anos, mas a disposição pelo bem servir ao povo do Acre estava acima das dificuldades e do assassinato de reputação ao qual tenho sido submetido, juntamente com meus familiares”, disse.
Cameli revelou que prestou depoimento ao desembargador Pedro Valls Feu Rosa, do TJ do Espírito Santo. “Onde tive, pela primeira vez, a real oportunidade de ser ouvido, após quase três anos do início das investigações. Saí de lá convicto de que a verdade prevalecerá. Foi uma oportunidade de apresentar minha defesa, dialogar formalmente com a justiça sobre todo esse assassinato de reputação ao qual fui submetido nos últimos três anos e que, como todos sabem, teve um alto custo pessoal e familiar”, frisou.
“Mas, prestar este depoimento foi importante não apenas para cumprir os ritos dos autos do processo, foi, principalmente, uma oportunidade de expressar judicialmente as circunstâncias dos fatos, inclusive políticos, aos quais fui submetido e serviu para provar a lisura dos nossos atos à frente da administração pública estadual. Sigo confiando em Deus, nas pessoas e na justiça, com gratidão a Deus, aos meus familiares e amigos e, acima de tudo, ao povo do Acre por todo o apoio”, finalizou.