A Polícia Federal concluiu o inquérito referente ao assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, ocorrido em 5 de junho de 2022, na terra indígena Vale do Javari, no Amazonas. O resultado do inquérito foi divulgado nesta segunda-feira 4.
A investigação confirmou que as mortes foram motivadas pelas atividades de fiscalização ambiental e de defesa dos direitos indígenas realizadas por Bruno Pereira na região. Após dois anos de apuração, a PF também concluiu que nove pessoas participaram do crime. O principal indiciado é Rubens Villar, conhecido como “Colômbia”, apontado pela corporação como o mandante do crime.
Colômbia teria fornecido munição para a execução, financiado as atividades de uma organização criminosa na região e coordenado a ocultação dos corpos das vítimas. Segundo a investigação, os demais envolvidos participaram tanto da execução quanto da ocultação.
O inquérito também aponta o papel da organização criminosa que atua em Atalaia do Norte, no Amazonas, no duplo homicídio. O grupo está envolvido em ações ilegais de pesca e caça na região. Eles também cometem outra série de crimes ambientais e promovem ameaças a servidores e comunidades indígenas locais. A atuação do grupo do qual Colômbia faz parte, descrita pela PF, é um dos fatores que provocaram tensões no Vale do Javari, motivador dos assassinatos de Pereira e Phillips.
Relembre o crime
Bruno Pereira e Dom Phillips desapareceram enquanto realizavam uma expedição de investigação na Amazônia. Vistos pela última vez em 5 de junho de 2022, na comunidade de São Rafael, eles seguiam para Atalaia do Norte em uma viagem de aproximadamente 72 km que deveria durar cerca de duas horas. Eles nunca chegaram ao destino.
Os restos mortais de ambos foram encontrados apenas dez dias depois, em 15 de junho, após Amarildo da Costa Oliveira ser preso, confessar participação no crime e indicar a localização dos corpos.
Segundo o laudo pericial da PF, Bruno Pereira foi atingido por três disparos — dois no tórax e um na cabeça — e Dom Phillips foi alvejado uma vez no tórax. Após serem mortos, os corpos foram esquartejados, queimados e enterrados.
O relatório final produzido pela PF foi encaminhado ao Ministério Público Federal, que deverá apresentar denúncia formal contra os acusados.
Amarildo, Oseney da Costa de Oliveira, e Jefferson da Silva Lima já respondem na Justiça por homicídio, mas tiveram seus julgamentos adiados pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região em abril de 2024.
FONTE: CARTA CAPITAL
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