A agência de notícias estatal da Venezuela publicou, nesse domingo (3/11), uma charge que sugere que o Ministério das Relações Exteriores, em Brasília, está conectado de forma obscura à embaixada dos Estados Unidos no Brasil. A crítica acontece após escalada na crise entre o governo brasileiro e o regime e Nicolás Maduro e em meio a ataques venezuelanos contra o Itamaraty.
Veja:
Vicman, artista responsável pela charge, ainda escreveu “Itamaraty pitiyankee” – referência ao termo Yankee, palavra usada de forma jocosa pelos britânicos para se referirem aos colonos americanos.
Ataques ao presidente Lula
Na última semana, um dia após a divulgação da lista de convidados a entrar no bloco Brics – na qual a Venezuela não foi incluída – , o alvo das charges foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao todo, Lula aparece em quatro artes.
Na primeira crítica, o presidente brasileiro aparece dentro de um cavalo de Tróia – alegoria usada para manipulação ou enganação. Nesse contexto, Lula estaria disfarçado de aliado da Venezuela enquanto age de acordo com os interesses americanos, vestindo sua bandeira. “Nada que surpreenda”, escreveu Vicman.
Em outra charge, o presidente brasileiro sai de um armário usando um terno estampado com as cores da bandeira dos EUA. “Que nojento esse velho é, mas pelo menos ele saiu do armário”, publicou o artista.
Em uma terceira provocação, Lula observa, usando o chapéu do Tio Sam – símbolo da nação norte-americana – , Maduro e Vladimir Putin, presidente da Rússia, se cumprimentando.
Por fim, em uma quarta charge, o presidente do Brasil aparece junto de Javier Milei, da Argentina, e Gabriel Boric, do Chile, representados como cachorros de uma figura vestida com a bandeira americana. “A ninhada pitiyankee”, adicionou Vicman.
Apesar de estarem em pontas opostas do espectro ideológico, tanto o argentino ultraliberal Javier Milei quanto o chileno, de esquerda, são críticos do regime de Maduro.
Escalada na crise Brasil-Venezuela
No dia 30 de outubro, o presidente Maduro convocou o embaixador de seu país em Brasília, Manuel Vadell, para voltar a Caracas. A medida acirrou a crise diplomática que surgiu entre o governo de Maduro e a gestão federal após o Brasil vetar a entrada da Venezuela no Brics.
No mesmo dia, o governo da Venezuela emitiu um comunicado, condenou posições recentes do Brasil e criticou a postura do ex-chanceler brasileiro Celso Amorim. “Comporta-se mais como um mensageiro do imperialismo norte-americano”, diz o texto. Amorim acompanhou as eleições venezuelanas em julho na condição de assessor especial da Presidência da República.
No dia anterior, 29 de outubro, Celso Amorim falou sobre o assunto na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados. O ex-chanceler, considerado braço direito do presidente Lula em assuntos de política externa, disse que a Venezuela não cumpre requisitos básicos para integrar o bloco.
Em defesa, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil emitiu uma nota três dias depois. No texto, o governo brasileiro diz que recebeu com “surpresa” o “tom ofensivo” das declarações. Além disso, considerou que a “opção por ataques pessoais e escaladas retóricas” não condiz com a “forma respeitosa com que o governo brasileiro trata a Venezuela e o seu povo”.
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