Na área de Segurança Pública, não houve nada mais importante durante a semana que passou, além do encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e os 21 governadores e vices em reunião ocorrida em Brasília. E o que foi tão relevante?
Levando em conta que nada em canto algum se move sem o cálculo meticuloso do componente político, sobretudo em Brasília, a apresentação da Proposta de Emenda Constitucional da Segurança Pública tem modulação refinada com o diapasão eleitoral. É um dos temas mais importantes para a “opinião pública” e Lula sabe que precisa demonstrar eficácia em uma arena em que a “esquerda” sempre transita com dificuldade.
E esse componente eleitoral ficou tão explícito que as duas mais significativas intervenções vieram (para surpresa de ninguém) de dois potenciais rivais de Lula nas próximas eleições: Ronaldo Caiado, governador de Goiás, e Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo. Com retórica afiada, ambos minimizaram a iniciativa presidencial, com destaque para Caiado que se empolgou e, sem pudor, convidou os colegas governadores a olhar para Goiás para aprender como é que se faz Segurança Pública. Lula não perdeu a oportunidade de mangar ironicamente e tirou por menos.
Aos fatos: o Sistema Único de Segurança Pública significou um avanço. Resultado de muitos anos de acúmulos de estudos, polêmicas, retrocessos, diagnósticos, calhou de o Susp ser formalmente criado no colo e na caneta do ex-presidente Michel Temer. A lei 13.675 foi sancionada em junho de 2018. A digital do documento é coletiva.
O conceito de unicidade migrou da política de Saúde para a de Segurança Pública. O Susp, em nenhum momento, retira dos Estados a responsabilidade e a possibilidade de que cada ente federado formule a própria maneira de atuar, com planejamento, prazos e metas. De forma muito genérica, é possível pontuar que o avanço do Susp se concretiza em um ponto fundamental: a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (com período previsto de execução do planejamento de 2021 a 2030).
Essa Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social é um enorme guarda-chuva. É a referência que os Estados e o Distrito Federal têm para formular os planejamentos regionais.
Nesse aspecto, é preciso fazer um reconhecimento ao que tem sido executado pelo Governo do Acre. Apesar de Caiado ter se pavoneado na reunião presidencial, aqui pelo Acre o Governo do Estado tem feito o seu bocado. É preciso tratar a coisa com justeza. Os mais de R$ 200 milhões em seis anos de gestão de Gladson Cameli construíram uma condição de trabalho para todos os agentes de Segurança Pública incomum.
É também justo dizer que as estruturas desse segmento da gestão foram herdadas por Gladson: o Sistema Penitenciário já havia sido criado; o Instituto de Administração Penitenciária já havia sido criado; o Instituto Sócio-educativo; houve a criação do Ciopaer; a reestruturação da Polícia Civil por meio de uma Secretaria de Estado de Polícia Civil (hoje extinta) foram bases importantes que Cameli herdou.
O mérito da atual gestão foi não querer criar o que já estava vivo. Cambaleante, cheio de feridas, mas vivo. Os problemas e os excessos registrados em casos pontuais existem e precisam ser avaliados e julgados. Mas, no geral, houve avanços na Segurança Pública do Acre que precisam ser reconhecidos. E muito se deve a essa percepção de “um processo”, de ajustes necessários dentro de uma política de Estado. O que precisa ser evidentemente melhorada é a relação das Forças de Segurança do Acre com as Formas Armadas. Esse fortalecimento é urgente.
Aliás, é importante dizer também que a atuação de forma cooperativa das polícias militares (incluindo Corpo de Bombeiros), polícias Civil, guardas municipais e secretarias de Estado de Segurança Pública deveria ter a Política Nacional de Segurança Pública e Direito Social como a única referência.
É evidente que o Susp não está funcionando a contento. Rotinas de vários estados, de várias cidades encharcam de sangue a cabeça de quem segura o cabo do guarda-chuva tão furado está o instrumento de proteção. O exemplo mais emblemático de como esse sistema não trabalha de forma cooperativa é o caso Marielle Franco/Anderson Gomes.
E o que o atual Governo Federal propõe? O que Lula quer? Como dito no início do texto, o que ele quer é pacificar o ambiente político ao máximo com foco em 2026. Ele quer isso. E essa “pacificação” atravessa, obrigatoriamente, pelo tema “Segurança Pública”. A ideia de “pacto” proposta pelo presidente é genérica. Para quem lida com o assunto no dia a dia, é uma palavra que diz pouco ou quase nada. Tem a força do símbolo, é bem verdade. “Se o tema é tão grave, é essencial que o tratemos como prioridade para encontrar uma solução”, disse o presidente. Qualquer pessoa de bom senso compartilha do mesmo intento. Mas o que fazer e como fazer são os nós que ninguém desata. É como se cada um puxasse o cabo do guarda-chuva para um canto diferente durante um temporal. E, no caso específico, um temporal de sangue.
Infelizmente, também neste quesito, a bancada federal do Acre tem contribuído pouco e de forma dissociada com aquilo que deveria ser prioridade. Os parlamentares atuam de maneira segmentada, ainda com a ideia nada refinada de fortalecer uma separação entre profissionais de Segurança e os Direitos Humanos. São atuações que consolidam a ideia de que defender os interesses da sociedade se contrapõe a defender os interesses do Estado. Isso não ajuda a qualificar o debate.
Qualifica o debate o que ocorre no Fórum Brasileiro de Segurança Pública, por exemplo. Atualmente, mais de 40% do Fórum é composto por policiais. O convite de um novo “pacto” proposto pelo presidente da República, para além dos cálculos eleitorais, é preciso ser apreendido como uma oportunidade de repensar não apenas as polícias. Mas a atuação do sistema jurídico por completo. O “pacto” precisa ser visto como um “ajuste”. Para ir, aos poucos, tapando os buracos do guarda-chuva.
William Bonner, 61, publicou uma foto em que aparece com o braço imobilizado após tropeçar…
Nesta sexta-feira (20/12), Rodrigo Faro gravou o último programa na Record. O apresentador deixa a…
Anitta abriu o coração e falou sobre a briga de ego que tanto assola o…
Um policial penal suspeito de alugar celulares para presos integrantes de facções criminosas, foi afastado…
Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT10) publicou um edital de concurso público que…
Uma mulher de 25 anos é investigada por suspeita de dar um golpe no próprio…