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Acre pode zerar casos de malária em cinco anos

Dados da Secretaria de Estado de Saúde mostram que o Acre reduziu o número de casos em mais de 89% em 16 anos. Com ritmo de redução de aproximadamente 5% ao ano, é possível chegar a números residuais antes de 2030.
Por Itaan Arruda

Dados da Secretaria de Estado de Saúde mostram que o Acre reduziu o número de casos de malária em mais de 89% em 16 anos. Em 2007, foram 48,5 mil casos (ver gráfico). Ano passado, o número caiu para 5,2 mil casos. Nesse recorte feito pelo relatório da Sesacre de 2007 a 2023, a redução foi de aproximadamente 5% ao ano. Nesse ritmo, é possível que o Acre zere o número de casos de malária nos próximos cinco anos. É uma possibilidade matemática.


É um desempenho que coloca o Estado do Acre em uma condição confortável no Plano Nacional de Eliminação da Malária. Mas é bom frisar: caso seja mantido o nível de envolvimento e de trabalho. O Plano Nacional tem como referência para erradicação da doença o ano de 2030. É um trabalho que não tem apenas uma digital. Não existe isso em Saúde Coletiva. Isso é fruto de um trabalho contínuo, cheio de avanços e recuos, como mostra o gráfico abaixo referente ao Acre.
O Acre poderia fazer bonito e apresentar o trabalho das três esferas da gestão na XVII Reunião Nacional de Pesquisa em Malária que acontece em Belém, de 6 a 9 de novembro. Mas o Estado do Acre ainda não confirmou presença. O encontro é uma ação do Instituto Evandro Chagas e reúne especialistas e gestores públicos de todo país. Pesquisadores estrangeiros também.
O tema do encontro é “Malária nas Américas: perspectivas rumo à eliminação sob o olhar da saúde global”. O tema em si já aponta para novos desafios para os pesquisadores e agentes de saúde. O acesso aos tratamentos, a diminuição da população da área rural, formas de proteção (borrifação e mosqueteiros impregnados) respondem pela provável erradicação até 2030. O que os cientistas e gestores apresentam em Belém sugere novos problemas a serem superados.
A intervenção humana em parte de biomas ainda preservada torna o homem vulnerável a problemas que a Ciência ainda tem dificuldades de mensurar. Não são raros encontros que debatem “ameaças globais à saúde”, sobretudo no período pós-pandemia de Covid-19.
Mosquito Anopheles (mais conhecido como mosquito prego). A fêmea é o vetor de transmissão
(Imagem: Arquivo ac24horas)

Número de casos de malária (de 2007 a 2023)

Cruzeiro do Sul é exemplo

Os 126 agentes entomológicos de campo dividem-se em sete distritos sanitários no Município de Cruzeiro do Sul. O problema da malária na região do Vale do Juruá é endêmico e as três esferas da gestão pública souberam reconhecer isto. Os números mostram.
Em 2018, dos 25.806 casos registrados no Acre 12.920 ocorreram em Cruzeiro do Sul. Praticamente metade dos casos de malária do Acre estavam concentrados em uma só cidade. Isso, por uma determinada perspectiva facilitou o trabalho. No ano seguinte a redução foi drástica: em todo Estado do Acre, houve 12.783 casos. Destes, 6.080 em Cruzeiro do Sul.
A cidade continua concentrando, ao longo do tempo, metade do número de casos de malária. Mas com tendência de queda.
O trabalho é reforçado no verão. “Fazemos isso para que no inverno não venha acontecer aumento no número de casos. A gente busca essa parceria com o morador para que ele aceite os serviços, aceite a borrifação, que é fundamental, dentro da residência… aceite a medicação, no caso positivo da malária”, afirmou Leonísio Messias Mendonça, coordenador da Vigilância Entomológica de Cruzeiro do Sul.
A expectativa é que a chegada do inverno traga aumento no número de casos de malária. Pelos trabalhos dos agentes, é possível dizer que, em muitos casos, não há novo caso de malária. São as pessoas que não completam o tratamento da forma como deveriam. E isso compromete o resultado do trabalho.
“A gente busca essa parceria com o morador para que ele aceite os serviços, aceite a borrifação, que é fundamental, dentro da residência… aceite a medicação, no caso positivo da malária”, pontua Leonísio Mendonça.
Exame da Gota Espessa: Amostras de pessoas que apresentaram sintomas da doença. É o passo inicial para início do tratamento | Imagem: Cedida/ Vigilância Entomológica de Cruzeiro do Sul
Mosqueteiro impregnado com inseticida tem sido um aliado importante na prevenção à doença | Imagem: Cedida/ Vigilância Entomológica de Cruzeiro do Sul
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Itaan Arruda

Jornalista, apresentador do programa de rádio na web Jirau, do programa Gazeta em Manchete, na TV Gazeta, e redator do site ac24horas.


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