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Mulheres responsáveis por domicílios superam homens

No Acre, segundo o Censo 2022, entre as pessoas responsáveis pelas unidades domésticas, 50,9% eram homens (133 mil) e 49,1%, mulheres (128 mil). Houve mudança importante em relação a 2010, quando o percentual de homens responsáveis (60%) era substancialmente maior que o de mulheres (40%). O crescimento das mulheres foi de 9,1%. Os dados foram divulgados pelo IBGE no último dia 25/10.


Rio Branco (53,07%), Cruzeiro do Sul (52,93%) e Assis Brasil (51,11%) são os três municípios acreanos onde as mulheres são maioria como responsáveis pelos domicílios. No Brasil, pela primeira vez na história, o percentual de homens e mulheres à frente dos lares no Brasil praticamente se igualou. É importante destacar que, de acordo com o Censo, o responsável pela residência não é necessariamente o indivíduo encarregado de arcar com as finanças do lar, mas, sim, o nome apontado pelo morador, que recebe o recenseador no momento da pesquisa, como o responsável pelo domicílio.


No gráfico a seguir destacam-se os respectivos percentuais de homens e de mulheres responsáveis pelos domicílios em todos os municípios acreanos, em 2022.


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O Censo mostrou que, em 10 dos 26 estados brasileiros, além do Distrito Federal, a fração de mulheres que comandam seus domicílios ultrapassa os 50%. Oito deles estão na região Nordeste, com Pernambuco no topo da lista. Nas cidades pernambucanas, 54% das residências são comandadas por figuras femininas. Dos estados nordestinos, apenas Rio Grande do Norte não tem maioria dos lares comandados por mulheres. Com percentual de 53,9%, Pernambuco é o estado onde há mais mulheres no comando de seus domicílios.


 Outros destaques do Censo 2022 para o Acre


  • A média de pessoas por domicílio do Acre foi de 3,19. O município com a menor média foi Epitaciolândia (2,89) e a maior média ficou com Santa Rosa (5,0).
  • A maioria das habitações (67,56%) é chefiada por pessoas pardas. Os indígenas são destaques, nessa categoria, em Santa Rosa (62,2%) e Jordão (41,29%).
  • Lares com apenas um morador representam 15,72% das 261,2 mil de unidades domésticas do estado. O maior percentual é em Rio Branco (18,34%) e o menor é em Santa Rosa (7,21%).
  • O número de casais do mesmo sexo que moram juntos foi de 1.065 pessoas. Destaques para Rio Branco (679), Cruzeiro do Sul (67) e Brasiléia (37).

Já existem mais de 40 mil domicílios em que as mulheres são as responsáveis, sem cônjuge e com filhos


Na tabela a seguir constam os domicílios com as pessoas responsáveis com presença ou não de cônjuge da pessoa responsável e filhos da pessoa responsável ou pelo cônjuge. Chama a atenção o grande número de domicílios monoparentais – ou seja, com responsável sem cônjuge com filhos. Mais de 47,5 mil domicílios acreanos estão nessa condição, representando 18,2% dos domicílios. Desse total 40,34 mil são de mulheres, correspondendo a 85% dos domicílios nessa categoria e 15,4% de todos os domicílios acreanos (coluna em vermelho no gráfico). No Brasil a participação percentual dos domicílios com mulheres monoparentais é mais baixa que a do Acre, ficando em14,23%.


Os municípios acreanos com maiores proporções de mulheres responsáveis por domicílios sem cônjuge e com filhos são: Rio Branco 18,19%, Cruzeiro do Sul (15,97%), Senador Guiomard (15,55%), Acrelândia (15,44%) e Xapuri (14,26%). As menores proporções estão em: Santa Rosa (7,76%), Marechal Thaumaturgo (9,7%), Jordão (9,71%) e Bujarí (9,85%).


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A questão das mulheres como chefes de domicílios é bastante complexa e envolve diversos fatores sociais, econômicos e culturais. Como os números indicam, no Acre, a presença de mulheres como chefes de família tem crescido, especialmente em famílias monoparentais, onde a mãe, sem cônjuge, é responsável pelo lar e pela criação dos filhos.


Essa mudança reflete uma evolução nas estruturas familiares e nas oportunidades de emprego para mulheres. No entanto, ainda há desafios significativos, como a desigualdade salarial e a falta de apoio institucional para famílias monoparentais. Além disso, a divisão tradicional de gênero ainda pode influenciar as expectativas e responsabilidades dentro do domicílio.


Em sua dissertação de mestrado, Jessyka Lopes Rickli, intitulada: Ser mãe/mulher em famílias monoparentais: uma discussão interseccional de classe, raça e gênero. Defendida em 2023, junto a Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), destaca em suas conclusões, que…”com base nas análises das categorias do seu trabalho, pode-se afirmar que as mulheres/mães em famílias monoparentais vivenciam diversas dificuldades e desafios no exercício da maternidade, apesar dos momentos de satisfação e afeto; em suas narrativas destaca-se a complexidade das situações, como prover financeiramente, a realização do cuidado (alimentação, saúde, escola), as divisões sobre a vida profissional e pessoal, os empecilhos para relacionar-se ou mesmo ter momentos individuais de lazer.”


Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas