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Conselheiro tutelar relata descaso do PS: “falta medicação, fraldas e acolhimento”

Por
Leônidas Badaró

O conselheiro tutelar em Rio Branco, Ari Oliveira, divulgou uma carta aberta nessa quarta-feira, 30, denunciando diversas irregularidades no pronto-socorro de Rio Branco.


Conforme Ari, sua avó, Leontina de Oliveira, de 89 anos, sofreu um AVC isquêmico e foi levada ao PS. No relato, o neto conta que o local estava superlotado, além de diversas outras situações que não deveriam ocorrer em um hospital.


“Por várias vezes os remédios foram ministrados fora do horário, dieta via sonda fora do horário, quarto quente, com ar-condicionado quebrado, sem a possibilidade de levar ventilador, falta de remédio, lençóis e até mesmo fraldas do tamanho G, cama hospitalar quebrada, entre outros problemas”, denuncia.


Ari diz ainda que faltou acolhimento por parte dos servidores da unidade de saúde. “Por muitas vezes, servidores grosseiros que perderam o trato humano e estão ligados apenas no automático. Mas, no meio de tantas coisas erradas, a gente encontrou servidores com uma acolhida amorosa, ainda que fosse difícil. Tive que discutir várias vezes apenas para garantir o que é obrigatório pela Constituição de 88. No décimo terceiro dia vieram as infecções e a piora do quadro de saúde. Mesmo a gente avisando, ainda tinha servidores dizendo que era normal. Apenas quando a respiração mudou e a saturação desceu, a paciente de 89 anos ganhou prioridade no atendimento, mas era tarde demais”, conta. Leontina faleceu na última segunda-feira, dia 28.


A reportagem procurou a direção do PS. Lourenço Vasconcelos, diretor-geral da unidade, lamentou a morte da idosa e afirmou que tem lutado para humanizar ainda mais o atendimento. “Desde que assumimos a gerência do PS, estamos lutando por uma humanização melhor e aos poucos estamos conseguindo, sei que ainda falta muito, mas não desistiremos. Em relação à superlotação, desde que a gente assumiu, melhorou bastante, não se vê os corredores mais cheios todos os dias. Infelizmente, tem dias que está superlotado realmente ali na frente no atendimento, mas nós temos, estamos tentando dar o nosso melhor no dia a dia. Lamento o ocorrido e aos familiares meus sinceros sentimentos”, disse.


Leia a carta aberta divulgada por Ari Oliveira


CARTA ABERTA (Indignação com a saúde pública)


Os últimos 16 dias de outubro foram complicadíssimos. Minha avó deu entrada no PS com quadro de AVC isquêmico e ali começamos uma batalha pela vida.


Os três primeiros dias foram na observação justamente porque não tinha leito na clínica hospitalar. Cada ida ao hospital era uma decepção: falta de humanização de alguns servidores, local superlotado e com diversas pessoas com várias doenças, assim aumentando a possibilidade de contaminação e outras doenças. Até que com muito trabalho, veio o chamado leito na clínica hospitalar, e ali uma nova batalha para garantir atendimento humanizado e a garantia da vida. Por várias vezes os remédios foram ministrados fora do horário, dieta via sonda fora do horário, quarto quente, com ar-condicionado quebrado, sem a possibilidade de levar ventilador, falta de remédio, lençóis e até mesmo fraldas do tamanho G, cama hospitalar quebrada, entre outros problemas.


Por muitas vezes, servidores grosseiros que perderam o trato humano e estão ligados apenas no automático. Mas, no meio de tantas coisas erradas, a gente encontrou servidores com uma acolhida amorosa, ainda que fosse difícil. Tive que discutir várias vezes apenas para garantir o que é obrigatório pela Constituição de 88. No décimo terceiro dia vieram as infecções e a piora do quadro de saúde. Mesmo a gente avisando, ainda tinha servidores dizendo que era normal. Apenas quando a respiração mudou e a saturação desceu, a paciente de 89 anos ganhou prioridade no atendimento, mas era tarde demais.


No último domingo veio a intubação e uma parada cardíaca que durou 12 minutos para estabilizar, sua ida para UCI e a espera constante de um leito na UTI. Na segunda, 28 de outubro, às 23:05, a senhora Leontina Soares de Oliveira faleceu por múltiplas falências dos órgãos.


Faço essa carta para expressar a minha total indignação com a saúde desse estado. Temos um governo que aluga jatinho particular, cria casa de Natal no valor de meio milhão, desfila com carros de luxo, mas não garante uma saúde digna. Não tem um hospital com insumos suficientes, não garante conforto aos que estão internados. Temos um governo fracassado que esqueceu que a vida é um bem a ser valorizado. Essa morte também é culpa do estado. Faltou o principal: ACOLHIMENTO.


Ari S. de Oliveira Neto.


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Leônidas Badaró

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