O dólar oscilou em margens estreitas nesta segunda-feira, 28, e fechou praticamente estável ante o real, em sessão que antecedeu uma série de dados econômicos e eventos no Brasil e no exterior nesta semana e na próxima, com potencial para mexer nas cotações.
O dólar à vista fechou o dia em leve alta de 0,03%, cotado a R$ 5,7084. Em outubro, a divisa acumula elevação de 4,76%. Veja cotações.
Às 17h04, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,04%, a 5,7115 reais na venda.
O Ibovespa avançou mais de 1% nesta segunda-feira, em desempenho puxado pelas blue chips Vale e Itaú Unibanco, enquanto Azul disparou na esteira de acordo com credores para financiamento adicional.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa fechou em alta de 1,02%, a 131.212,58 pontos, de acordo com dados preliminares, tendo marcado 129.893,71 pontos na mínima e 131.420,56 pontos na máxima da sessão.
O volume financeiro no pregão somava R$ 16,34 bilhões antes dos ajustes finais, um volume bem abaixo da média diária do ano de 23,49 bilhões de reais.
O dólar no dia
No exterior, o dólar sustentou sinais mistos em relação às demais divisas de países emergentes, o que sugeria certa cautela antes da divulgação de uma bateria de dados nos EUA: o relatório Jolts de empregos na terça-feira, o PIB no terceiro trimestre na quarta, o índice de inflação PCE e os pedidos de auxílio-desemprego na quinta e o relatório de empregos payroll na sexta.
Além disso, na próxima semana ocorrem a eleição presidencial norte-americana no dia 5 de novembro e a decisão de juros do Federal Reserve no dia 7.
O cenário no Brasil também sugeria cautela. Passado o segundo turno das eleições municipais, investidores aguardavam pelo anúncio do governo Lula de medidas para contenção de gastos, com foco no cumprimento da meta fiscal de 2024.
Já o Banco Central do Brasil decide sobre a taxa básica Selic, hoje em 10,75% ao ano, no dia 6 de novembro — um dia depois da eleição presidencial dos EUA e um dia antes da decisão do Fed.
Neste ambiente, o dólar à vista oscilou entre a cotação máxima de 5,7209 reais (+0,25%) às 9h16, pouco depois da abertura, e a mínima de 5,6864 reais (-0,35%) às 10h00, ainda no início da sessão. Depois disso, seguiu oscilando em margens estreitas, sem se afastar da estabilidade.
“Essa estabilidade (do dólar) não deve perdurar até o final da semana”, comentou durante a tarde o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo. “Vamos ter formação de Ptax e reação do mercado a alguns índices”, acrescentou, citando a disputa pela formação da taxa Ptax de fim de mês, na próxima quinta-feira.
Taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).
No exterior, às 17h21, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,09%, a 104,290.
No fim da manhã o BC vendeu todos os 14.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 2 de dezembro de 2024.
O dia do Ibovespa
Apesar do desfecho positivo na B3, investidores do mercado brasileiro continuam aguardando com certo ceticismo possíveis anúncios do governo sobre medidas fiscais, que foram prometidos para após o segundo turno das eleições municipais.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está reunido nesta tarde com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Alvorada. E há especulações de que o tema sendo tratado seja relacionado às medidas fiscais.
A temporada dos balanços do terceiro trimestre de empresas brasileiras também ganha mais fôlego nesta semana, com os resultados de WEG, Ambev, Bradesco, CCR, entre outros.
No exterior, a disputa presidencial nos Estados Unidos permanece no centro das atenções, mas dados do mercado de trabalho também estarão em foco, assim como os balanços de Alphabet, Apple e Microsoft.
Wall Street fechou no azul nesta sessão, com o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, subindo 0,27%.
DESTAQUES
– AZUL PN saltou 13,99% após chegar a um acordo com detentores de títulos de dívida para obter financiamento adicional. A companhia aérea receberá 150 milhões de dólares esta semana e outros 250 milhões até o final do ano. O acordo pode incluir outros 100 milhões de dólares em financiamento e uma possível troca de dívida por ações no valor de até 800 milhões, se a empresa melhorar ainda mais seu fluxo de caixa e reduzir seus custos em cerca de 100 milhões de dólares por ano.
– VALE ON subiu 1,86%, favorecida pelo avanço do minério de ferro no exterior, com o contrato futuro mais negociado em Dalian, na China, encerrando em alta de 2,35%, a 783,5 iuanes (109,92 dólares) a tonelada. A mineradora também anunciou nesta segunda-feira parceria com a chinesa Jinnan Steel para construção de usina em Omã. Na última sexta-feira, após o fechamento do mercado, informara a aprovação pelo conselho de administração de Marcelo Bacci como novo diretor financeiro.
– PETROBRAS PN caiu 0,17% antes da divulgação de dados de produção e vendas do terceiro trimestre no final do dia, tendo como pano de fundo o tombo do petróleo no mercado externo, onde o barril de Brent recuou 6,09%. Na sexta-feira, após o fechamento, a estatal divulgou que seu conselho de administração aprovou a retomada das obras de construção da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN-III), em Três Lagoas (MS), com investimentos previstos de 3,5 bilhões de reais.
– ITAÚ UNIBANCO PN avançou 1,22%, recuperando-se após um fechamento mais negativo na sexta-feira, assim como outros papéis do setor, como BRADESCO PN, que ganhou 1,81%. SANTANDER BRASIL UNIT valorizou-se 1,09% na véspera da divulgação do balanço do terceiro trimestre, previsto para a terça-feira, antes da abertura do mercado. Projeções compiladas pela LSEG apontam lucro líquido de 3,5 bilhões de reais. BANCO DO BRASIL ON cedeu 0,19%.
– IRB(RE) ON fechou em alta de 6,8%, buscando apoio no viés mais positivo do pregão para se recuperar após duas quedas seguidas, período em que perdeu mais de 13%.
– JBS ON subiu 4,19%, em meio a relatórios com expectativas positivas para o resultado do terceiro trimestre, no dia 13 de novembro. O Goldman Sachs destacou que se trata da empresa com melhor “momentum” de resultados da sua cobertura, reiterou compra para os papéis e elevou o preço-alvo de 40,3 para 42,9 reais – um upside de quase 25% ante sexta-feira. O Bradesco BBI – que tem “outperform” e preço-alvo de 46 reais para as ações – também disse que espera resultados fortes.
– HYPERA ON desabou 8,7%, ampliando o ajuste negativo da sexta-feira, após uma semana volátil, marcada pela repercussão de medidas que a companhia anunciou buscando otimizar seu capital e giro, bem como proposta – e recusa – para combinar seus negócios com a EMS.