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Em velório, viúva diz que Maguila decidiu doar cérebro ainda em vida

Reprodução
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José Adilson Rodrigues, o Maguila, é velado na manhã desta sexta-feira (25/10) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O ex-boxeador morreu aos 66 anos na tarde dessa quinta-feira (24/10), em Itu, no interior de São Paulo, vítima de demência pugilista.


A viúva de Maguilla, Irani Pinheiro, afirmou, em coletiva de imprensa durante o velório, que a família decidiu doar o cérebro do ex-atleta enquanto ele ainda estava em vida.


“Faz 18 anos que o Maguila está doente e por conta disso a gente resolveu até em vida mesmo a doação do cérebro dele ontem [24/10] para estudo“, afirmou Irani a jornalistas nesta sexta.

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Bruna Sales/ Metrópoles

Por conta dos sucessivos golpes que levou na cabeça ao longo de sua carreira, o lutador desenvolveu encefalopatia traumática crônica (ETC), uma doença que se parece com o mal de Alzheimer, comum em atletas expostos a golpes como esses.


O médico de Maguila, o neurologista dr. Renato Anghinah, afirmou que a doação do cérebro é um “ato de grandeza da pessoa que manifestou isso em vida”.


O médico informou ainda que o órgão será encaminhado ao Banco de Cérebros da Universidade de São Paulo, mesmo local para onde os cérebros do ex-pugilista Éder Jofre e do futebolista Hilderaldo Luís Bellini foram doados.


Irani Pinheiro ainda informou que o sepultamento do boxeador está previsto para às 17h no Cemitério Lágrimas, em São Caetano do Sul, no ABC Paulista.


Van Campos | AgNews

Também participaram da coletiva o filho mais velho de Maguila, Denilson Lima dos Santos, o Maguilinha, o filho caçula dele e Irani, Junior Ahzura, e o vereador de São Paulo Eliseu Gabriel (PSB).


Carreira


O principal pugilista peso-pesado da história boxe brasileiro teve uma carreira vitoriosa dentro do ringue, totalizando 77 vitórias, um empate e sete derrotas.


Além do título mundial, Maguila conquistou um Sul-Americano, um Campeonato Brasileiro, cinco campeonatos continentais e um Campeonato das Américas.


O lutador também construiu carreira fora dos ringues. Ele trabalhou como comentarista econômico na TV Record e já gravou um CD de Samba intitulado “Vida de Campeão”.


São Paulo


Maguila morava em São Paulo desde os 14 anos, quando veio de Aracaju, no Sergipe, onde nasceu. Começou a trabalhar na capital paulista como ajudante de pedreiro, onde chegou a passar fome, conforme disse no documentário “Maguila”, de Galileu Garcia, lançado em 1987.


A carreira do boxeador foi marcada por lutas históricas no estado de São Paulo. Ele foi campeão brasileiro pela primeira vez em 1983, dois anos depois de sua primeira luta, no ginásio do Ibirapuera, ao vencer Waldemar Paulino.

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No ano seguinte, tornou-se campeão sul-americano ao nocautear o argentino Juan Antonio Figueroa no primeiro round, também no Ibirapuera.


A primeira derrota da carreira de Maguila também foi na capital paulista. Em 1985, foi derrotado pelo argentino Daniel Falconi no ginásio do Parque São Jorge, do Corinthians, seu time de coração. No ano seguinte, desafiou o adversário para uma revanche no mesmo ginásio e, dessa vez, saiu vencedor.


A consagração mundial de José Adilson Rodrigues dos Santos também foi em São Paulo. Em Osasco, na região metropolitana, Maguila bateu Johnny Nelson e se tornou o primeiro brasileiro campeão mundial dos pesos pesados. A luta foi válida pela Federação Mundial de Boxe (WBF), uma entidade considerada de segunda prateleira.


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