Quem procurou o Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Pronto Socorro) na noite dessa segunda-feira (21), se deparou com atendimento lento por causa de um sistema de revezamento de profissionais que realizam a triagem de pacientes. A triagem é o momento em que um enfermeiro avalia sinais vitais, pressão, temperatura, saturação e as primeiras queixas para o atendimento médico, mas a demora entre a chegada do paciente, a triagem e o atendimento em si causam questionamentos sobre a validade das informações coletadas.
Francinei de Lima Pereira procurou atendimento para a filha Pietra, de 7 meses, e reclamou do sistema utilizado pelo hospital. “Tem pediatra, o cara está lá esperando pra atender, mas a gente não chega lá porque fica empacado aqui na frente com todo mundo. É uma falta de respeito com a população. Aí eu cheguei aqui com a criança de um jeito, a triagem demora tanto que ela já não tá mais do mesmo jeito, e quando for chamado pelo médico só Deus sabe como vai estar”, avaliou.
Kelen Rocha também procurava atendimento para a filha e avaliou que a demora para a classificação de risco é uma barbaridade. “Estou há mais de uma hora aguardando, é uma barbaridade. É uma espera muito grande pra sequer ser atendido, é pra medir pressão, e quanto mais espera mais a criança acaba exposta a outras doenças aqui dentro”, afirmou.
Em outro caso absurdo, Mariana Vitória (20) chegou ao atendimento por volta das 20h para acompanhar o esposo que foi atingido com um corpo estranho no olho. O paciente fez a ficha, mas a triagem demorou tanto que quando o processo foi concluído, por volta das 22h, o oftalmologista de plantão já tinha ido embora. “Chegamos, o médico encaminhou ele pra fazer a triagem que já ia atender, mas demorou tanto que passou da hora e ele foi embora. É uma palhaçada. Se sabiam que o médico que ia atender ele ia embora, porque não chamaram logo?”, questionou Mariana.
Oterval Cavalcante, supervisor do setor de acolhimento na noite desta segunda-feira (21), no saguão do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco, disse que das 22h às 7h, apenas um enfermeiro(a) abre triagem, enquanto o outro(a) vai dormir. Quando o profissional que está acordado “acha” que há uma superlotação, o outro profissional é acordado.
“É normal só ter um [profissional] nesse horário, sim, faz parte da programação, não faltou funcionário. De 22h às 2h, fica um, aí 2h horas o que tava dormindo vem e fica até às 7h. O enfermeiro que está na triagem, se sentir sobrecarregado, chama o outro”, disse.
Perguntado se diante de dezenas de pacientes aguardando a liberação da triagem para ser atendido, como flagrado pela reportagem, não seria o caso de sobrecarga, Cavalcante respondeu: “Eu vou perguntar pra ele, se ele achar que você está sendo sobrecarregado, cabe a ele chamar”, concluiu.
Até a saída da reportagem do saguão, apenas uma classificação de risco estava funcionando.
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