As ações do Outubro Rosa executadas pelo Governo do Acre em 2024 fazem uma correção.
Os exames e cirurgias realizados nas 160 mulheres beneficiadas só no mês de outubro atendem pacientes que esperam há muito tempo. Há um caso de uma paciente que aguarda desde 2015. São quase 10 anos de espera por tratamento para uma doença em que o fator “tempo” é prioritário ser observado.
A demanda é tão grande que não consegue ser “zerada”, mesmo com o esforço concentrado da equipe de Saúde com o programa Opera Acre. A fila para um dos procedimentos, para identificar, por exemplo, os fibroadenomas (um exame que se faz para identificar a existência de um nódulo no seio) vai fazer a “fila andar” até abril de 2024. É um avanço, mas não equaciona o cenário. Há sempre uma defasagem quando o assunto é política pública para prevenção ou tratamento de câncer nas mulheres.
O programa Opera Mama, por exemplo, estava com 18 mulheres esperando por cirurgias. São chamadas no jargão administrativo de “pacientes reprimidas”. Com a execução do programa, 12 foram operadas. Outras seis continuam a viver a angústia de ter uma doença que avança diariamente.
De acordo com a diretoria de Regulação da Secretaria de Estado de Saúde, foram feitas 10.970 cirurgias relacionadas à Saúde da Mulher em 2024. Só em setembro, pelo programa Opera Acre, foram 5.385 cirurgias.
As intervenções mais complexas são direcionadas à Fundação Hospital do Acre. As demais seguem para o Hospital Ary Rodrigues, localizado no município de Senador Guiomard.
Evolução dos repasses de recursos pode explicar desempenho
O Fundo Nacional de Saúde explica como o Estado do Acre teve aumentos sucessivos de repasses ano a ano. Pela observação dos gráficos, fica evidente também que a maior parte dos recursos está vinculada aos serviços de média e alta complexidade.
A Atenção Básica, os Investimentos e a Gestão do próprio Sistema Único de Saúde têm pouca (e em alguns anos nenhuma) prioridade por parte do FNS.
A busca por informações dos últimos 14 anos geraram os seguintes gráficos (ver gráficos abaixo). Na imagem que expõe o desempenho do Fundo Nacional de Saúde no Acre no período de 2010 a 2013. Foi um ano difícil para os prefeitos. A Atenção Básica teve envio de recursos apenas no ano de 2010. E foi um volume residual. Nem pontua na escala do gráfico do site do próprio Ministério da Saúde.
Na Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar, em 2010, foram enviados ao Acre R$ 100 milhões. Em 2011, foram R$ 120 milhões. Em 2012, foram R$ 160 milhões. Em 2013, foram, aproximadamente, R$ 180 milhões.
Com um destaque: os Investimentos só vieram a melhorar no ano de 2013, mas nunca chegando nem perto da escala de R$ 20 milhões.
Comparativo de Recursos Repassados por Ano (2014-2017) - Valor Bruto por Bloco