O juiz aposentado Ednaldo Muniz, em uma live realizada no Instagram nesta sexta-feira, 18, expressou preocupação em relação às ameaças direcionadas ao prefeito Tião Bocalom após o término do processo eleitoral. Durante a transmissão, Muniz destacou a gravidade do crime de ameaça e as implicações para a vítima, ao mesmo tempo em que teceu críticas à maneira como a situação foi tratada por alguns atores políticos.
“Estamos falando de algo que, levado a sério, tira a tranquilidade de espírito da vítima e pode eventualmente levar à morte”, afirmou Muniz, ressaltando que trabalhou por muitos anos com crimes dessa natureza. Ele frisou que a ameaça, embora tenha uma “pena pequena”, afeta profundamente a vida de quem a sofre. “O grande problema da ameaça é que nunca sabemos se ela é verdadeira ou quando pode avançar para algo mais grave”, relatou.
Muniz também apontou que, no caso de Bocalom, por ser uma figura pública, ele possui mecanismos de proteção que não estão à disposição de cidadãos comuns. “Por ser prefeito, ele reúne condições para se proteger e enfrentar esse problema, coisa que normalmente não acontece com as pessoas comuns, que têm dificuldade de mobilizar uma resistência contra esse tipo de ameaça”, destacou.
Muniz mencionou que esse tipo de comentário gerou um bate-boca entre o presidente do PT no Acre, Daniel Zen, e o vereador eleito André Jamais. Ambos responderam a insinuações que, segundo Muniz, não partiram do prefeito. “No meu modesto pensar, foi uma irresponsabilidade do presidente do PT e do vereador eleito entrarem nesse debate sem necessidade”, criticou o ex-juiz.
Muniz defendeu que, diante da gravidade da situação, todos deveriam agir com cautela até que os fatos fossem devidamente apurados pela Polícia Federal, que está à frente das investigações. “É natural que o prefeito tenha toda a proteção necessária, mas ele precisa ter ciência de que as pessoas, normalmente nos bairros dominados por facções, não dispõem desse mesmo tipo de direito”, alertou Muniz.
O ex-juiz também questionou por que a Polícia Federal estaria à frente da investigação, quando, em sua visão, seria mais adequado que a Polícia Civil conduzisse o caso. “A Polícia Federal é uma polícia da justiça federal, da justiça eleitoral, e a questão que fica é: essa ameaça está relacionada à eleição ou não?”, ponderou.
Sobre as discussões públicas em torno das ameaças, Muniz classificou a atitude de Zen e Camai como “desnecessária” e “irresponsável”, sugerindo que ambos entraram em um debate sem embasamento. “Primeiro, porque os dois entraram nesse bate-boca sem necessidade, um é presidente do PT, outro é vereador eleito. Ficar com esse bate-boca na internet, para mim, não parece razoável”, afirmou.
Apesar de suas críticas, Muniz fez questão de deixar clara sua solidariedade ao prefeito Tião Bocalom. “Quero deixar minha solidariedade ao prefeito. Ele tem direito a uma proteção que o cidadão comum não tem, mas ele precisa ter consciência de que isso é muito sério”, disse.
Ednaldo Muniz concluiu sua fala pedindo que todos os envolvidos no caso tenham responsabilidade ao tratar o tema e que a Polícia Federal conduza as investigações com sigilo e rigor. “O povo de Rio Branco tem o direito de saber o que aconteceu, mas no momento oportuno.Quando todo esse momento crítico passar, o prefeito precisa esclarecer os fatos para que a população tenha conhecimento do que realmente ocorreu”, finalizou.
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