Ao final de todo processo eleitoral, normalmente faz-se um balanço político para ver lucros e perdas e, a partir daí, fazer planos para a próxima, sendo neste caso, as eleições de governador, senadores (2) e deputados federais (8) em 2026. Como o tempo voa, os dirigentes partidários e lideranças políticas já estão fazendo seus cálculos, colocando as peças mais importantes nas posições mais adequadas. Estabelecido o desenho, é trabalhar para que a configuração se realize.
Do lado perdedor já saíram alguns sinais. O MDB resolveu encontrar a ideologia entre as causas da derrota. Parece que a versão de que a campanha seria por conta do buraco da rua não resistiu ao primeiro day after, e quem aparece como vilão? Ele mesmo, o partido dos trabalhadores. Consta que as seguidas análises internas concluíram que abrir a coligação para as siglas de esquerda prejudicou o candidato Marcus Alexandre, tanto que a conversa agora é afastar os best friends vermelhinhos e construir uma candidatura de centro para 2026. O problema é achar o incauto que aceite a tarefa. Ou será que Marcus vai matar essa no peito? Duvi-d-o-do.
Excluindo o Marcus Alexandre, recém entronizado como principal líder do partido, é preciso ver quem o MDB jogará nessa fogueira. Lembremos que por ali, recentemente, passou gente do calibre de Fernando Melo, Roberto Duarte e Emerson Jarude. Não se sabe muito bem a causa, mas todos eles se sentiram incomodados e se mandaram. Quem mais será atraído? O bom Jenilson? A intrépida Socorro Neri? Seria a vez de turbinar a valente Jéssica Sales? Quem sabe, um renovado Petecão se movimenta para uma candidatura ao Governo em uma nova aliança com o MDB? Aguardemos.
E o PT? É fato que o antes todo-poderoso PT foi praticamente varrido da cena política no Acre. Restaram os que não se candidataram, ou seja, o estoque de lideranças de esquerda é o mesmo de 20 anos atrás, então, resta levar ao pleito em 2026 alguns desses nomes hoje aboletados em cargos federais, entre os quais permanece em destaque o Jorge Viana. Ocorre que o partido se desmilinguiu nas urnas, não se sabe se Marcus Alexandre tem 1/3% dos votos de Rio Branco ou se é a esquerda que tem o mesmo 1/3. De todo modo, mesmo que façamos uma generosidade e extrapolemos a situação da capital para todo o Estado, 1/3 não ganha eleição, portanto, em pouco mais de um ano a esquerda terá que se reinventar se quiser ter um papel importante em 2026.
E na direita? Bem, por ali as lideranças estão eufóricas. Deram um sacode na oposição e, de certo modo, estão nadando de braçadas. Cada um dos líderes mais expressivos busca os espaços em que se encaixe melhor. Bocalom, eleito em primeiro turno se consolida como um líder na capital; Gladson mostrou em todo o Estado a força de sua imagem e a capacidade de transferir prestígio; Marcio Bittar provou mais uma vez que é um líder ousado e tem uma “procuração” de Bolsonaro que continua fortíssimo no Acre; Mailza conseguiu discretamente, mas com muita convicção, se manter no bloco da frente dos vencedores e Alan Rick, cuja candidatura ao governo já pegou vento, embora devesse ter sido mais presente na campanha em Rio Branco, também está na primeira fileira.
Nas hostes governistas o ambiente está tão favorável para 2026 que talvez seja, isso mesmo, o grande problema. É que o cenário sendo muito promissor, é possível que comecem a surgir disputas internas para os principais cargos (Governador e Senador), o que, no limite, poderá descambar para uma fratura indesejável. Não faltarão agentes (já até os vejo) para semear a discórdia, insuflar egos e fomentar a intriga no sentido de dividir a aliança que venceu em Rio Branco.
É claro que está muitíssimo cedo para qualquer previsão, a política está sujeita a muitas interferências, no plano nacional as coisas andam fervendo e tudo pode acontecer, porém, com os dados que temos, é bastante razoável afirmar que no Acre a reabilitação da esquerda será um processo longo e difícil. Seu principal líder foi humilhado por ela mesma, covardemente escondido como se portador de mau contágio, isso lhe foi fatal. Gostem ou não, Jorge Viana é, de longe, o mais importante e qualificado político acreano nas hostes esquerdistas. Se calcularam que o deixar na coxia faria o povo acreditar em um candidato “de centro”, nem mole, nem duro, nem quente, nem frio, calcularam mal. Tudo que conseguiram foi danificar a própria base e certamente pagarão caro por isso.
Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS e, eventualmente, no seu BLOG, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no DIÁRIO DO ACRE, no ACRENEWS e em outros sites. Quem desejar adquirir seu livro de contos mais recente “Pronto, Contei!”, pode fazê-lo através do e-mail valbcampelo@gmail.com.
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