Sob exigência do anonimato, liderança de um dos partidos de esquerda do Acre expôs movimentações que estão ocorrendo para que o chamado “campo progressista” se ampare em um nome com densidade eleitoral com capacidade de se contrapor a Tião Bocalom na disputa ao Governo do Estado em 2026. Atualmente, no “campo conservador”, o nome do prefeito reeleito de Rio Branco é o mais viável para a disputa em chapa composta pelos prováveis candidatos ao Senado no grupo, Gladson Cameli e Marcio Bittar. “O Alan Rick seria o nosso Marcus Alexandre”, afirmou.
Quando lembrado de que Marcus Alexandre “pegou balsa”, a fonte não disfarçou impaciência e irritação. “Obviamente, estou me referindo à composição de alianças, respeitando, inclusive, o tempo das federações”, apontou. “Há conversas que estão sendo feitas para que o senador Alan Rick amplie a capilaridade e passe a dialogar ‘mais ao Centro’, sem comprometer a base dele”, indicou. “Alan Rick está, praticamente, isolado.
Mesmo fazendo a defesa de uma agenda muito à direita, em um lugar como o Acre, historicamente conservador, Alan não tem conseguido ampliar e nem aprofundar diálogos”.
Sem uma liderança com densidade eleitoral para a disputa ao Governo do Acre, a movimentação rumo a Alan Rick expõe o cenário desolador a que os partidos de esquerda chegaram por aqui. Para outros do mesmo “campo progressista”, a consciência desse contexto pode servir de insumo para uma reação. “É preciso reagir de alguma forma. E se essa movimentação se consolidar, eu ‘sou Alan Rick’, farei a defesa dele”.
A mediação com o senador tem sido feita por integrante de um órgão técnico da gestão estadual. “Foi uma conversa que durou mais de duas horas e foi um começo muito importante”.
A entrevista que o presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda, concedeu ao Bar do Vaz durante a semana ofereceu uma mosca na sopa do movimento de parte da esquerda acreana rumo a Alan Rick. A entrevista apontou conversas do senador na direção oposta. Rueda deixou claro que o partido quer Alan Rick candidato ao Governo do Acre. “O senador é muito querido no União e não haverá nenhum empecilho para ele ser candidato. A ideia é que Marcio [Bittar]… todos marchem juntos com Alan”, afirmou o presidente.
A fala é cheia de entrelinhas. Não apenas pelas arengas entre o senador e o irmão de Antônio Rueda, o secretário Geral do União Brasil no Acre, Fábio Rueda. O presidente do União considera esse problema superado. Mas há outro a ser equacionado: Jair Bolsonaro. Não se sabe ao certo qual decisão o ex-presidente tomaria, caso Tião Bocalom insistisse em manter o nome ao Governo do Acre em 2026. Bocalom pertence ao PL, o mesmo partido de Bolsonaro. O prefeito reeleito já antecipou na entrevista, também concedida ao Bar do Vaz, na segunda-feira após a eleição. “Eu cumpro o que combino”, afirmou sobre o apoio a Gladson Cameli e Marcio Bittar compondo chapa para o Senado.
Outra evidência que expõe movimentação de “união dos partidos de direita” foi a conversa de Alan Rick, Antonio Rueda e David Alcolumbre para formação de uma coligação formada por União Brasil, PL e Progressistas. A conversa entre os três reposiciona Alan no “campo conservador” aqui no Acre, mas apenas no âmbito do próprio partido. O desafio de Alan é se viabilizar para além do União Brasil. Todas essas movimentações servem como exemplo para antecipar os atuais cenários políticos que podem ser apresentados ao eleitor em 2026.
O cenário mais óbvio e simples é o que já está posto: Gladson Cameli e Marcio Bittar para o Senado, com Bocalom para o governo e Mailza Assis de vice. Nesse cenário, há dois detalhes importantes. O primeiro e mais imediato é que Alysson Bestene assumiria a Prefeitura de Rio Branco. O segundo detalhe: para ser vice na chapa de Bocalom, Mailza Assis precisaria se desimcompatibilizar do cargo e quem passaria a ser o governador do Acre seria Nicolau Júnior, que já será presidente da Aleac, em uma antecipação do pleito da Mesa Diretora que não deixou dúvidas quanto às derivadas políticas do Gabinete Civil, para usar uma linguagem Matemática.
O segundo cenário tem Gladson Cameli e Tião Bocalom para o Senado com Mailza para Governadora e Bittar como vice. Esse cenário é pouco provável e trabalha em cima da seguinte lógica: Bittar só viria a aceitar a possibilidade de ser vice de uma cabeça de chapa de menor expressão política. Nesse sentido, é quase impossível, por exemplo, uma chapa formada por Bocalom/Bittar.
O terceiro cenário teria também Gladson Cameli e Tião Bocalom para o Senado com Bittar encabeçando a chapa para Governo. Nessa conformação, Mailza seria contemplada como conselheira no Tribunal de Contas. Tanto no cenário 2 quanto no cenário 3, o processo político seria conduzido pelo governador Nicolau Júnior, presidente da Aleac que seria alçado à condição de Chefe do Executivo com a saída de Mailza.
O quarto cenário teria Alan Rick como fator central. E é justamente essa equação que ainda precisa ser formulada.
A defesa do União Brasil em torno do nome de Alan Rick tem lógica. Para a direção nacional, é difícil de explicar um partido ter dois senadores e não ter densidade eleitoral para disputar o Governo do Estado liderando a chapa.
Mas dentro do próprio partido há quem tenha cálculo mais tolerante. O próprio senador Marcio Bittar não tem disfarçado as somas e as multiplicações. Para ele o resultado tem que ser sempre um só: manter as lideranças de esquerda distantes do poder no Acre. Esse é o objetivo de Bittar. Ele foi, junto com Gladson Cameli, o arquiteto do resultado das urnas no Acre no último dia 6 de outubro.
O partido Progressistas também gera problema não apenas pelo fator Bocalom. Mas também pelo fator Mailza. Atualmente, Bocalom é o principal nome que a direita tem para apresentar ao eleitor. Reeleito no primeiro turno prefeito da Capital, possui apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, e já estabeleceu acordos com Gladson Cameli e Marcio Bittar.
Ocorre que Mailza Assis também não pode ser tratada como uma personagem menor. Ela já foi senadora (suplente de Gladson Cameli) e conquistou proximidade com uma figura estratégica nas articulações políticas da direita no país: Ciro Nogueira. Qualquer movimentação que envolva o nome de Mailza pode precisar ser avalizado por Ciro.