Um dos maiores humoristas do Brasil, Ary Toledo passou mais de seis décadas fazendo o que mais gostava: contar piadas e ver as pessoas sorrindo. Antes de morrer na manhã do sábado, 12, aos 87 anos, em São Paulo, o artista falou em entrevista ao EXTRA sobre as fake news que inventaram por anos sobre esse momento e o medo que sentia de que ele realmente chegasse.
“Quem fala que não tem medo da morte é mentiroso. Já me mataram várias vezes na internet. Há uns 20 anos, chegaram a tocar minhas músicas na rádio sem parar, fazendo ‘homenagem póstuma’. O fake sempre existiu e não vai acabar nunca. Isso não tem graça nenhuma! É ridículo!”, disse a época, em 2021, dois após uma pneumonia que o deixou acamado durante três meses, e que o deixou com uma certa lentidão na locomoção e o problema respiratório.
Ary também falou sobre a saudade que sentia da mulher, a diretora teatral e antiga jurada do “Programa Raul Gil” Marly Marley, com quem foi casado por quase 50 anos: “Dificilmente, eu choro, mas acontece. Tem vezes que me dá uma saudade imensa da Marly (a atriz e vedete Marly Marley, que morreu aos 75 anos, em 2014, de câncer). Outro dia, fiz uma poesia pra ela. Foram 46 anos juntos. Ela foi o meu amor mais sincero, o único apaixonamento duradouro. A grande tristeza da minha vida foi perdê-la. Mas eu aceito essa determinação divina”.
Durante a pandemia, o enorme acervo autoral de 60 mil anedotas do artista cresceu: “O violão é meu grande companheiro, o irmão legítimo que eu não tive. Esse instrumento me deu tudo. Tenho feito tanto músicas quanto criado piadas. Meu acervo de 60 mil já aumentou um pouco, deve ter ido para 65 mil. É um número considerável, né? Recebi o troféu de Maior Contador de Piadas e Anedotas do Brasil. Do ‘Guiness book’, ainda aguardo resposta”.
A informação da morte de Ary foi divulgada no perfil oficial do artista no Instagram. Ele estava internado no Hospital Sírio Libanês, na capital paulista, e faleceu por volta das 08h17. A causa da morte não foi divulgada, mas o artista já apresentava problemas de saúde e chegou a ser internado neste ano, com pneumonia.
“Com profundo pesar, anunciamos o falecimento de Ary Christoni de Toledo, um humorista brilhante que iluminou nossas vidas com seu talento e risadas. Que sua memória continue a trazer sorrisos a todos nós… Sentiremos a sua falta, Mestre.”
O humorista contou ao EXTRA sua rotina após ter ficado internado com pneumonia em 2019. Ele disse que fazia fisioterapia e que o pulmão foi comprometido: “Faço fisioterapia três vezes ao dia, porque os nervos e os músculos das pernas atrofiaram por tanto tempo acamado. E tem o exercício respiratório também, meus pulmões ficaram 30% comprometidos. Em meio a isso, me diverto compondo ao violão, vendo TV. À meia-noite, vou dormir. Essa é a minha rotina. A recuperação é lenta demais. Leva três, quatro, até cinco anos. Eu espero estar vivo até lá. Mas já recebi a segunda dose da vacina contra a Covid-19. Eu me cuido”.
O velório do comediante, aberto ao público, aconteceu na tarde de sábado (12), no centro de São Caetano do Sul (SP).
Quem era Ary Toledo
Conhecido por sua irreverência, Ary Toledo nasceu em Martinópolis, no interior de São Paulo, em 22 de agosto de 1937, e fez carreira na televisão e no rádio contando piadas que abordavam temas sociais, políticos e besteirol, além de causos engraçados. Ary também foi cantor, letrista e ator, e começou sua carreira artística no Teatro de Arena.
Ao longo da carreira, trabalho em emissoras de televisão como TV Tupi, Record e SBT, e acumulou um acervo de cerca de 65 mil anedotas, muitas publicadas em livros, além de ter gravado diversos discos.
O humorista foi casado por 40 anos com a diretora teatral Marly Marley, que faleceu em 2014 , aos 75 anos.
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