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Autoridades seguem debatendo construção de estrada que liga Cruzeiro do Sul a Porto Walter

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A Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) se reuniu na manhã desta sexta-feira (11), no Plenário da Casa, para continuar os debates sobre a via de acesso terrestre que liga os municípios de Cruzeiro do Sul e Porto Walter. A discussão faz parte de um esforço contínuo para solucionar problemas que afetam diretamente o desenvolvimento econômico e social da região, especialmente em relação ao transporte de produtos e ao acesso a serviços essenciais.


A importância da estrada já havia sido destacada em uma audiência pública realizada em agosto, onde foram debatidas alternativas para a melhoria da via. Na ocasião, foi exibido um vídeo com um apelo urgente dos moradores de Porto Walter e Marechal Thaumaturgo. As imagens lembraram o impacto positivo da estrada inaugurada em 2022, que, por um curto período, retirou a região do isolamento. No entanto, o embargo ambiental que se seguiu causou grande frustração, uma vez que, segundo os moradores, os danos ambientais foram mínimos em comparação aos benefícios que a estrada proporcionava, tornando-se vital para a sobrevivência das comunidades.


Os relatos no vídeo apontaram os desafios enfrentados após o embargo, incluindo o aumento do custo de produtos essenciais e a perigosa dependência do transporte fluvial, especialmente em períodos de cheia. A estrada, mesmo embargada, continua sendo utilizada pela população como uma alternativa para reduzir o tempo e as dificuldades das viagens, sendo vista como essencial para o acesso à saúde, educação e outros serviços fundamentais.

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O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Luiz Gonzaga, abriu a reunião agradecendo aos presentes e destacou a importância de dar continuidade às discussões sobre a rodovia entre Cruzeiro do Sul e Porto Walter. “Algumas soluções ficaram de ser providenciadas, e precisamos ver o que foi feito e o que ainda precisa ser feito para que possamos resolver o problema da rodovia”, afirmou. Ele também agradeceu a presença de autoridades como o senador Alan Rick, o deputado federal Zezinho Barbary e outras lideranças, além de representantes de órgãos ambientais. O parlamentar ressaltou que, embora a rodovia seja fundamental para a região, é necessário seguir os trâmites legais para garantir sua viabilidade.



A representante do Departamento de Estradas e Rodagens do Acre (Deracre), Lidiane, detalhou o andamento do processo de licenciamento da rodovia. “O que ficou definido é que o Ibama nos respondeu que seria de responsabilidade do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) o licenciamento, devido à necessidade de correção da retirada da estrada de dentro das terras indígenas. O Imac nos informou que seria preciso iniciar um novo processo, mas o impasse está na autorização da FUNAI, que exige um plano de mitigação”, explicou.


Lidiane também ressaltou que, para elaborar esse plano, é necessária a contratação de uma equipe multidisciplinar, incluindo um antropólogo, e que o Deracre não dispõe desses profissionais. “A bancada parlamentar se comprometeu a buscar os recursos para contratar a empresa e elaborar o plano de mitigação em parceria com a prefeitura de Porto Walter”, completou.


Durante a reunião, o procurador Luigi Melo, representante da Procuradoria Geral da República, destacou a necessidade de clareza no processo de licenciamento ambiental para a obra na rodovia entre Cruzeiro do Sul e Porto Walter. Ele explicou que o licenciamento tem como objetivo avaliar os impactos ambientais e estabelecer as medidas mitigatórias ou compensatórias necessárias. “É fundamental identificar os impactos que a obra pode causar e prever as medidas que mitiguem ou compensem esses impactos, para que o empreendimento siga em conformidade com a legislação”, afirmou.


O procurador também ressaltou que o conflito em torno da responsabilidade pelo licenciamento, entre o Ibama e o Imac, está relacionado à interferência da obra em terras indígenas. “Uma das razões para o licenciamento ser de competência federal, pelo Ibama, é justamente a passagem da rodovia por terras indígenas. Caso o trajeto estivesse fora dessas áreas, o licenciamento poderia ser realizado pelo Imac, mas como houve essa interferência, a questão envolve o Ibama”, explicou Luigi Melo, reforçando a necessidade de regularização para dar continuidade ao projeto.



O senador Alan Rick iniciou sua fala ressaltando a complexidade que envolve a construção de uma estrada na Amazônia, destacando a importância do projeto de lei 2159/2021, que visa modernizar o licenciamento ambiental no Brasil. Ele disse: “Essa complexidade gera todo esse problema que nós estamos enfrentando.” O senador enfatizou a necessidade de atender aos anseios de uma população isolada e lembrou de sua experiência ao visitar comunidades em Porto Walter, onde foi possível levar água tratada pela primeira vez.


Além disso, o político elogiou a fala do deputado Pedro Longo, defendendo um consenso entre os parlamentares e a presença da Procuradoria Geral do Estado e da Secretaria da Fazenda, afirmando que “o valor considerado irrisório não deveria estar aguardando a definição de um processo no Supremo Tribunal Federal.” Ele concluiu afirmando a urgência de encontrar soluções práticas para os desafios enfrentados, reiterando: “Estamos aqui exatamente na busca do caminho para resolver o problema”, disse.


O deputado federal Zezinho Barbary, ex-prefeito de Porto Walter, expressou sua preocupação com as condições de vida das pessoas nos grotões e beiradões dos rios. Ele lembrou de sua experiência ao iniciar a abertura do ramal a pedido dos moradores e indígenas da região, que condicionaram a passagem da estrada por suas terras a benefícios diretos para suas comunidades.


Barbary lamentou a falta de apoio governamental durante o processo de licenciamento e as dificuldades enfrentadas ao longo do caminho, afirmando: “Fico muito triste. A gente sabe que o ramal foi feito de maneira errada, e que há muitas famílias sofrendo por causa de leis que poderiam ser mais sensíveis.” Ele criticou o fato de a criação do Parque Nacional da Serra do Divisor não ter considerado os impactos sociais para as famílias que já viviam na área e concluiu que, se estivesse em sua posição de prefeito novamente, abriria o ramal, defendendo que “é preciso colocar em primeiro lugar as pessoas, o ser humano.”


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A superintendente do Ibama no Acre, Melissa de Oliveira, destacou a situação do embargo ambiental em Porto Walter, relacionado à abertura do ramal que liga o município a Rodrigues Alves. Ela explicou que, desde 2015, quando foi identificado o desmatamento irregular na área, o Instituto autuou e embargou o local. “O desmatamento tinha o formato de um ramal, e foi constatado que o traçado do projeto da estrada coincide exatamente com a área embargada. O município de Porto Walter foi autuado na época, e a multa segue em execução fiscal, com a área ainda sob embargo por falta de licenciamento ambiental”, afirmou.


Ela também frisou que, para que o embargo seja retirado, o município precisa apresentar uma licença ambiental válida. “Informamos à Prefeitura de Porto Walter, em 2023, que o embargo continua ativo e que é necessária a regularização ambiental da área. Sem a licença, o embargo deve ser respeitado, e já há uma determinação para um novo auto de infração por descumprimento do embargo”, ressaltou Melissa, reforçando a necessidade de cumprimento das exigências legais para prosseguir com o projeto.


O presidente do Imac, André Hassem, esclareceu que o órgão aguarda o projeto de mitigação do Estado para dar continuidade ao processo. Ele ressaltou que, uma vez apresentado o novo traçado, técnicos do Imac irão ao campo para garantir que o projeto cumpra a legislação vigente.


Ao final da reunião, foi acordado que, na próxima terça-feira (15), ocorrerá um novo encontro no Poder Legislativo. Durante essa reunião, além dos representantes das instituições e demais autoridades, também serão ouvidos um representante dos moradores da região e outro dos indígenas que habitam a terra por onde o ramal passa. Essa etapa é crucial para garantir que todas as partes interessadas sejam consideradas nas discussões sobre o projeto, promovendo um diálogo mais amplo e inclusivo.


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