Em entrevista concedida ao Bar do Vaz nesta quarta-feira, 9, Jéssica Sales, que se candidatou à prefeitura de Cruzeiro do Sul nestas eleições, comentou sobre o resultado do pleito eleitoral contra o prefeito reeleito, Zequinha Lima (Progressistas), no último domingo (6).
A médica, que perdeu por uma margem de 197 votos, destacou que enfrentou “forças políticas grandiosas” em sua caminhada, referindo-se ao apoio do governo e outras lideranças ao seu adversário, Zequinha.
“Olha, eu fiz de tudo, como sempre, me entreguei, me doei ao máximo. As pessoas sabem disso, inclusive recebo muitas mensagens de apoio, e quero agradecer a cada uma delas, pois fui uma guerreira. Mas, sinceramente, foi escolha do povo, e a gente não pode ir contra as escolhas do povo, tem que respeitar”, disse Sales.
Mesmo assim, a ex-deputada federal não considera ter cometido erros e acredita ter perdido por um “sistema muito grande”. “Eu faria tudo novamente, do mesmo jeito. Foram forças políticas grandiosas contra Jéssica Sales e o povo. Veja bem, o governo apoiou o candidato, as máquinas. Então, foi Jéssica Sales e o povo contra a máquina do governo, da prefeitura, os 21 deputados estaduais, 7 deputados federais e dois senadores. Foi uma grande máquina, um batalhão para derrubar uma jovem menina”, afirmou.
Ao comentar sobre o momento pós-eleitoral, Jéssica revelou que a emoção foi intensa ao assistir uma criança chorando por sua derrota. “Eu senti muito, chorei quando vi o vídeo de uma criança chorando porque eu não tinha ganho. Aquilo partiu meu coração. As crianças tomaram conta dessa campanha, e eu me senti até a Xuxa, a rainha dos baixinhos, com tanto carinho e amor por mim.”, relatou.
Sobre o futuro político, Jéssica Sales deixou claro que não desistiu da política e que está aberta para as eleições de 2026. “Eu sempre tive essa vontade de ser senadora, mas também estou aberta para o que vier. Não vou negar que penso muito em 2026. Se não deu para ser agora, é porque Deus tem planos maiores para mim. Estou aberta politicamente”, afirmou.
A ex-parlamentar indicou que pretende se envolver mais na organização do MDB, partido pelo qual concorreu, se colocando à disposição para assumir a presidência da sigla no Estado. “Quero oxigenar o nosso partido, trazer novas ideias e pessoas. Estou com muita vontade de fazer uma revolução dentro do MDB. Me coloco à disposição até para ser presidente do partido”, disse Jéssica.
Sales criticou o que chamou de “discurso de ódio” durante a campanha, especialmente quando foi acusada de ser subordinada à figura masculina do seu pai, o ex-prefeito Vagner Sales. “Isso me ofendeu profundamente como mulher. Ficar rotulando que eu não tinha capacidade e que meu pai queria mandar na prefeitura foi uma agressão. Temos que ter respeito pelo próximo, e essa falta de respeito entre candidatos na política me magoou muito”, destacou.
Jéssica se mostrou satisfeita com a receptividade que teve durante a campanha e destacou o apoio popular. “Onde eu passava, ouvia ‘prefeita, prefeita’. Isso não tem preço. Eu nunca recebi um ‘não’ desrespeitoso. Teve gente que não queria ser filmada, por exemplo, mas sempre com respeito e reconhecimento pelo meu trabalho. Isso me motivou muito. As pessoas me diziam que votariam em mim por causa do meu trabalho como deputada federal”, afirmou.
Jéssica Sales, que obteve 24.281 votos, também enfatizou que o resultado das urnas deve servir como um alerta para as lideranças políticas do estado. “Esses votos são um recado claro. Cruzeiro do Sul não está completamente satisfeita com a gestão atual, e quase 25 mil pessoas demonstraram isso. Se eu fosse o governador ou o prefeito, ficaria muito preocupado com esse recado das urnas”, salientou.
Mesmo com as adversidades, Jéssica deixou claro que não guarda mágoas e já está pronta para novos desafios. “Eu fico aqui, se puder ajudar. Se puder trabalhar na maternidade de Rio Branco ou Cruzeiro do Sul, eu fico com toda honra, com toda vontade, com todo gás para trabalhar pelo meu povo. Eu amo o Acre, amo a minha cidade. Se Deus quiser, continuo por aqui”, finalizou.
Assista a entrevista na íntegra:
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