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Os limites dos botecos, das padarias e da Mesa Azul

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Editorial ac24horas

Não foi surpresa para ninguém. O grupo de emedebistas vinculados ou ao Governo do Acre ou à Prefeitura de Rio Branco usou uma falsa coerência como retórica para, na verdade, apresentar um gesto aos patrões. A tropa se posicionou contra Marcus Alexandre para dar uma satisfação a Gladson Cameli e a Bocalom, parceiros de conveniência. Durante a campanha, era questão de tempo uma cena como a que se apresentou ao eleitor esta semana.


Mesmo porque a “diversidade” do MDB e a sede histórica que o partido tem pelos meandros do poder autorizam a tolerância. Dito de forma mais direta: a pluralidade do MDB tem preço. O mote segue sempre o roteiro: “cabe tudo dentro do MDB”; ou “o MDB é assim mesmo”. É um padrão que permite, por exemplo, antecipar que nenhum dos membros correrá o risco de ser avaliado pelo Conselho de Ética do partido ou qualquer coisa próximo disso que exista no organograma formal da sigla. Tudo seguirá normal. Impunemente.


E qual foi o “posicionamento” do grupo em relação a Marcus Alexandre? Engana-se o leitor se pensa que houve por parte dos “históricos militantes” alguma formulação sofisticada, alguma concepção que recolocasse o partido em algum rumo novo, guiado por ideias igualmente inovadoras. Qual nada! Isso seria exigir muito das cãs de alguns. Ou da falta delas em outros.


As falas apresentadas pelo grupo seguiam o ritmo e a iluminação de botecos e de padarias suspeitas. Tratavam Marcus Alexandre como “petista”; como “inimigo”; que a atual administração de Rio Branco precisava “ter continuidade” e (como não podia faltar) os defensores dos ideais do Glorioso não poderiam deixar o partido se aliar a “comunistas”. É uma linha de raciocínio político tão elaborado quanto o verso “batatinha quando nasce”. No entanto (é preciso reconhecer), é uma elaboração que qualquer um entende.


O episódio teve uma pessoa como destaque: o jovem Wiliandro Derze, vice-presidente da Executiva do MDB de Rio Branco. Gravou um vídeo corajoso pontuando e desconstruindo o que cada um do grupo havia elaborado, incluindo o próprio pai.


Uma das críticas mais contundentes de Derze guardou relação com a fala do ex-prefeito de Rio Branco Mauri Sérgio, um dos algozes de Marcus Alexandre. “Mauri, por que você não foi para a disputa à reeleição na sua época? Sabe por que, Mauri? Porque a população rejeitava a forma como você administrava Rio Branco”.


No vídeo, o ex-prefeito defendeu a “continuidade” do trabalho da atual administração de Rio Branco. Essa ideia de continuidade é um tema caro a Mauri. Logo ele, que não gosta que lhe “remexam” o passado, poderia ter se preservado das críticas certeiras do jovem Derze. A emenda da reeleição foi aprovada pelo Congresso em 1997 (inclusive, um assunto muito sensível ao Acre). Mauri poderia se candidatar ao cargo novamente em 2000. Mas não o fez não por vontade própria, mas porque o partido lhe negou o direito por cálculo. Derze foi assertivo. A impopularidade era tamanha que o MDB praticamente escondeu Mauri.


À época, um dos cardeais do partido, o ex-governador Nabor Júnior, disse uma frase muito repercutida: “Vou aos Estados Unidos buscar o candidato”, avisou. Trouxe na bagagem Flaviano Melo que saiu da cosmopolita Nova Iorque, onde passava uma temporada, para administrar Rio Branco sob o lema “Sem Ódio e Sem Medo”. Era o Acre do MDA, das Mitsubishis chics, do Governo da Floresta e da campanha embalada pelo ritmo dos bois de Parintins. O MDB ganhou a Prefeitura de Rio Branco, apesar de Mauri Sérgio.


No vídeo gravado pelo jovem Derze, um dos pontos talvez mais doloridos ao rapaz tenha sido falar do próprio pai. “A você, meu pai, que eu amo… é decepcionante a forma como estão usando um cargo comissionado. E nós sabemos que você nem precisa. Pai, nem de comunismo você entende. Você nem sabe o que é comunismo”.


O que o jovem Derze se esquece é que, teoricamente, tratar do processo de consolidação das bases para um movimento revolucionário, passando pela implementação de um governo socialista, a instalação de uma ditadura do proletariado para só depois construir um cenário para a efetivação de uma sociedade comunista é uma meta nunca alcançada pelas arengas humanas. Ainda não. Quem tentou parou no meio do caminho. Mas isso é difícil de tratar em botecos, em padarias sujas ou com pessoas cujos horizontes limitam-se ao retângulo da Mesa Azul.


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