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As eleições, a Democracia e a Nova Marianne

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Editorial ac24horas

A contar deste domingo (22), ficam faltando exatas duas semanas para o primeiro turno das eleições. Não seria exagero dizer, portanto, que a “reta final” da primeira parte do processo se aproxima. Uma campanha curta, de apenas 45 dias. Até o momento, no Acre como um todo, (a não ser que Sena Madureira seja a exceção) tem sido um período sem muitos solavancos. Ao contrário, os candidatos têm se mostrado com excelente grau de civilidade, comparado a outros lugares.


Nesse cenário, o ac24horas entende que seja importante ressaltar ao leitor que atravesse a última semana antes do dia de votação valorizando o processo democrático. É a Democracia enquanto valor em si que precisa ser enaltecida. O voto é um instrumento. O voto é um caminho. Talvez, o mais concreto para o eleitor. Evidentemente, o voto não é o único instrumento que se tem para valorizar a forma democrática.


Há outros. Há leis. Há instituições. Há ideias, como a “Liberdade de Expressão”, a “Liberdade de Imprensa”, “Liberdade de Credo” e tantas outras que são também caminhos para se valorizar a Democracia enquanto forma.


Evidente que uma parte da comunidade entende que a Democracia tal qual ela se apresenta não é “democracia”. Em boa medida, há lógica nessa linha de raciocínio. Neste momento mesmo, de “terrorismo climático” pelo qual o país atravessa, com queimadas tramadas na surdina, fica evidente que a “democracia” em voga é falha. Em tese, a “democracia” também não rima com exclusão social, com racismo, com preconceito consentido pelas forças de Estado. Existe também quem lembre, em tom crítico, da tal da “democracia burguesa, liberal e representativa”: um contraponto à ideia da “democracia participativa”.


É possível estabelecer uma comparação, para lembrar os ideais e os mitos burgueses, que a democracia brasileira é uma espécie de “Nova Marianne”, revisitada por um Delacroix de barranco, mais lascada ainda do que a original, cheia de perebas, piolhos, marcas de bexigas. Foi o que se conseguiu construir até o momento. Não significa, no entanto, que não se possa aperfeiçoá-la. A construção não para, apesar das contradições internas.


Neste pleito mesmo, aqui no Acre, um dos candidatos a prefeito já declarou publicamente que apoiou e defende ainda hoje o que aconteceu na política brasileira durante a mais recente Ditadura Militar (entre 1964 e 1985). Há senadores acreanos que não entendem que o que aconteceu no dia 8 de janeiro de 2023 foi uma tentativa de golpe: defendem que a Justiça tem que dar anistia a quem promoveu aquele atentado às instituições e à própria Democracia. A própria ideia de República que foi estabelecida no Brasil, em 1889, foi efetivada, na prática, por meio de um golpe militar. São contradições.


E essas contradições precisam ser observadas com o rigor do olhar histórico e com a defesa das instituições como principal referência. Todo mundo tem uma opinião sobre tudo, mas há alguns princípios basilares e deles não se pode abrir mão.


Neste espaço mesmo, o ac24horas adiantou o desejo de que um professor de Matemática, um engenheiro, um advogado e um médico estabelecessem critérios mínimos de civilidade para a disputa à Prefeitura de Rio Branco. E esse pedido foi atendido. Esse jornal não elege ninguém, mas tem a obrigação de mostrar os melhores caminhos para o eleitor, como o valor de honestidade, da competência e da modernidade.


A campanha aconteceu sem atropelos: as críticas, as ironias, as feridas não cicatrizadas de outras eleições, tudo ficou exposto, mas dentro de um cenário de normalidade. Até o momento, os debates aconteceram com cadeiras que não precisaram ser parafusadas ao chão. Os xingamentos de “corrupto, ladrão e corno”, por enquanto, estão restritos à lamentável cena política do Iaco/Purus, em Sena Madureira.


Que neste 6 de outubro, o eleitor acreano possa fazer a escolha sem receio. Mesmo com todas as contradições que a forma democrática brasileira (e a acreana em particular) apresente, é com o instrumento do voto que se fará os ajustes necessários. A vontade soberana do povo é o que deve prevalecer. Alguns irão sorrir. Outros irão chorar. Mas todos estarão livres para fazer esta e as próximas escolhas. Que assim seja!


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