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No Acre, seca severa começou a dar sinais no segundo semestre do ano passado

Por
Leônidas Badaró

O Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, emitiu, na primeira semana de setembro, uma Nota Técnica com informações sobre a criticidade da seca no Brasil. “Embora a seca tenha se intensificado entre os meses de maio e agosto de 2024, o monitoramento do Cemaden/MCTI indica que o fenômeno começou a se manifestar ainda no segundo semestre de 2023, especialmente na faixa que vai do Acre e Amazonas até São Paulo e o Triângulo Mineiro.”, diz o Cemaden.


O documento apresenta uma avaliação abrangente de todo o território brasileiro, com base em dados históricos e na situação atual, conforme monitorado pelo Cemaden/MCTI. São analisados fatores como recorrência, extensão, intensidade e os impactos em diversos setores, incluindo a agropecuária, terras indígenas e recursos hídricos, além de uma breve discussão sobre as possíveis causas.


Assim, muitos municípios já enfrentam condições de seca por 12 meses consecutivos, o que tem reduzido significativamente os níveis dos rios e aumentado o risco de propagação de fogo. Ressalta-se que, além de sua intensidade, esta seca já se configura como uma das mais longas das últimas décadas, conforme detalhado no documento completo.


As causas da seca resultam de uma combinação de fatores que abrangem diferentes escalas espaciais e temporais. Em primeiro lugar, a estação chuvosa passada foi deficitária em toda a porção centro-norte do país, em decorrência da atuação do fenômeno El Niño, que normalmente causa diminuição das precipitações nesta região. Em consequência, a fraca estação chuvosa passada não conseguiu repor adequadamente a umidade do solo e da vegetação, nem recarregar os aquíferos, mantendo os níveis dos rios abaixo dos níveis esperados.


Em segundo lugar, a atual estação seca começou de forma antecipada, já no mês de abril, com o qual o solo e a vegetação começaram a perder umidade de forma prematura e sistemática, e os níveis dos rios foram diminuindo gradativamente, atingindo níveis inferiores aos observados no mesmo período de 2023. Ainda, a estação seca atual foi mais seca que o normal, incluindo vastas regiões que não receberam nenhuma precipitação desde maio.


Essa situação deixou o solo e a vegetação extremamente secos, criando um ambiente favorável para a propagação de grandes incêndios.


“Finalmente, destaca-se a influência de dois fenômenos que atuam no longo prazo: 1-As mudanças climáticas, que estão gerando um aquecimento progressivo da atmosfera e que tendem a produzir sequências mais longas de dias sem chuva e 2-As mudanças do uso do solo que, ao substituir áreas de floresta por áreas dedicadas à agricultura e/ou a pastagens, degradam uma fonte importante de umidade, tanto do ar quanto do solo, o que deriva na redução da umidade ambiente e, consequentemente, das precipitações”, afirma a NT.


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Leônidas Badaró

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