Preta Gil revelou, durante entrevista ao “Fantástico”, no domingo, 8, que, como parte do tratamento contra um câncer no intestino, iniciado em 2023, submeteu-se a uma cirurgia de amputação do reto. E que agora acha necessário falar sobre o assunto, para que não haja tabus.
“Em seis meses, quatro tumores cresceram em mim. Tudo nessa doença é um grande tabu. Eu amputei o reto e não posso ter vergonha, porque é minha realidade“, disse a cantora ao programa.
O reto é a última região do intestino grosso, que fica localizada antes do ânus, tomando conta da região da pelve.
Mas afinal, o que é amputação do reto?
Especialistas ouvidos pelo site IstoÉ Gente explicaram que há dois tipos de procedimento. Na amputação do reto em si, como o próprio nome já diz, acontece a remoção dessa região, que é responsável por fazer o caminho de evacuação das fezes.
“Quando ocorre a amputação retal, faz-se a ligadura, chamada anastomose. Nesse caso, não é interessante que naquela área passe fezes, porque pode contaminar, dificultar a cicatrização e abrir os pontos. Então, em uma cirurgia dessa natureza, o paciente usa uma bolsinha para desvio das fezes, enquanto a região que foi operada fique em repouso”, detalha Cleydson Santos, oncologista clínico e coordenador do serviço de Oncologia do Hospital Mater Dei Salvador (BA).
“Depois que se faz todo o tratamento e passa algumas semanas ou meses e a região da ligadura, do que restou fica cicatrizado, o paciente faz uma nova cirurgia para corrigir o trânsito intestinal”, completa.
Segundo o oncologista, após a cicatrização da cirurgia final, o paciente ainda pode ter alguns contratempos na hora de evacuar.
“Infelizmente, mesmo que se façam todas as técnicas de reconstrução no reto, não é como a natureza nos fez. Então, o paciente pode ter uma dificuldade de controlar as fezes mesmo preservando o ânus, tendo urgência para evacuar, perda involuntária das fezes pelo ânus e etc”, explica.
“Porém, o paciente pode se reabilitar, principalmente com fisioterapia pélvica, para tratar a musculatura, e retomar a qualidade de vida, reaprendendo a função do ânus. Então, é possível reconstruir a região quando o ânus é preservado”, orienta.
Além disso, há outro tipo de cirurgia, esta chamada anorretal, que consiste em remover não só o reto, mas também o ânus. Neste caso, o paciente precisa usar uma bolsa de colostomia para o resto da vida e a reabilitação é mais delicada.
“Se a cirurgia for uma amputação com retirada do ânus, a reabilitação é com nutrição e dieta, mas agora será preciso da enfermagem estomaterapêutica, que vai cuidar da bolsinha de colostomia”, explica Samuel Aguiar, Líder do Centro de Referência em Tumores Colorretais – A.C.Camargo Cancer Center.
Cleydson Santos pontua que esta segunda opção de cirurgia nem sempre é a mais aceita pelos pacientes. “É uma decisão difícil e de impacto psíquico, mas é perfeitamente possível que ele conviva e aprenda a cuidar disso, seguindo sua vida da maneira mais próxima possível do normal”, pondera.