Quem trafega pela BR-364 percebe que os buracos já não dominam a rodovia federal e o tempo da viagem de carro diminuiu entre Rio Branco e Cruzeiro do Sul. Há várias frentes de trabalho na estrada e as obras atualmente têm um diferencial: a quantidade de pedra utilizada. O produto, em vários tamanhos, forma a macadame hidráulica, o novo “piso”da estrada. São 25 centímetros de pedra mais 8 centímetros de asfalto.
“Nas obras da BR-364 não se usa mais solo com pedra. É só pedra. É cara, mas a manutenção é quase zero. 0s 400 km serão todos de macadame”, cita o superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Ricardo de Araújo.
Macadame hidráulico é a camada de base ou sub-base obtida por compactação de agregados graúdos, uniformemente distribuídos, cujos vazios são preenchidos com agregados miúdos, pó-de-pedra, uniformemente distribuídos, inicialmente a seco e depois adensados com ajuda de água.
Segundo Ricardo Torres, 1 milhão e 300 mil metros cúbicos de pedras serão usados no total nos 400 quilômetros entre Sena Madureira e Cruzeiro do Sul. O material é trazido do Rio Abunã, o que encarece ainda mais o produto. Do Abunã até Sena Madureira, o material percorre em torno de 440 quilômetros e se for até Cruzeiro, são mais de 600 quilômetros. O material vai sendo distribuído conforme a necessidade.
“Uma carreta de pedra custa em torno de R$ 9.600 mil a R$ 10.200 mil mais ou menos. Nós temos uma menor distância, seria nos dois primeiros trechos, que é de Rio Branco para a Sena Madureira, que está a 140 quilômetros, aí você pega essa distância e multiplica pelo valor. No final, a pedra que custava aqui em Rio Branco R$ 320, ela sai mais ou menos a uns R$ 400, e vai chegar quase a R$ 800 quando chegar lá em Cruzeiro do Sul, que é o trecho mais distante, a 600 quilômetros. Então esse valor da pedra aí vai variar com a distância do transporte, mas o mais caro essa pedra vai custar em torno de R$ 700 a R$ 800 em Cruzeiro do Sul, ali no Liberdade”, explica.
Pedras de vários tamanhos são usadas na base da rodovia e nas laterais para corrigir erosões completando o solo até alcançar o nível do pavimento.
“Nós gastamos muitos tipos de pedra. Temos a pedra de mão, que é maior, depois nós temos a brita 3, a brita 2, a 1, o pedrisco e o pó de pedra, isso aí que faz o travamento, como ela é bem homogênea, vai ficando bem assentada, é isso que vai formando e ela vai travando. O pó de pedra que faz o travamento de todo o pavimento da pedra, ele penetra nos vazios e vai ocupando os espaços e vai fazendo a amarração de todo o material”, cita o superintendente.
Em obra também está a ponte do Rio Tarauacá, que é “esticada“ com mais 70 metros de estrutura na cabeceira do sentido da capital para o município. O serviço deverá ser concluído em janeiro de 2025, acabando com os desbarrancamentos. A ponte foi erguida em uma curva do Rio Tarauacá.
O investimento do governo federal na BR-364 este ano é de R$ 400 milhões, sendo esse o mesmo valor que o ex-presidente Jair Bolsonaro mandou para a estrada em 4 anos. “O presidente Lula destinou R$ 1 bilhão para as rodovias do Acre. Até 2027 vamos concluir as obra de reconstrução da Br364”, destaca o superintendente.
Na rodovia há grandes trechos com pavimento novo, há outros com retalhos de tapa buracos, outros ainda com buraqueira, principalmente entre Tarauacá e Cruzeiro do Sul. De carro, a viagem é feita entre 7 e 9 horas e os ônibus, levam menos de 12 horas entre Rio Branco e Cruzeiro. Em anos anteriores, a viagem chegou a ser feita em cerca de 19 horas devido à buraqueira.
PESO DAS CARRETAS SERÁ CONTROLADO
Cerca de 400 veículos por dia passam pela BR-364 entre a capital e o Vale do Juruá. Muitos caminhões e carretas com carga pesadas circulam no trecho. Para garantir uma maior durabilidade ao pavimento da estrada, a partir de dezembro deste ano, o DNIT vai controlar o peso das carretas no período de chuvas, que será de no máximo, 30 toneladas. Atualmente não há limite. O Departamento vai instalar duas balanças móveis na estrada. A compra dos equipamentos é feita em uma licitação nacional em andamento.
“Vamos limitar o peso em 30 toneladas. O solo é ruim. Para se ter uma ideia, nós já tivemos 160 erosões na estrada este ano. Para preservar, vamos ter que evitar o tráfego de veículos com muito peso no período de chuvas”, explica o superintendente do DNIT no Acre, Ricardo de Araújo.
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