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Amazônia – de pulmão do mundo à chaminé

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Neste dia 5 de setembro de 2024, data instituída desde 1968 no Estado do Acre, e nacionalmente reconhecida pela Lei Federal nº 11.621/07, como o Dia da Amazônia, um dos patrimônios naturais mais valiosos do nosso planeta, infelizmente não há motivos para comemoração.


Enfrentando uma das piores secas da história, o nosso querido bioma, símbolo nacional e motivo de honra para o povo brasileiro, sofre com a escassez de água, registrando os menores níveis já vistos nos principais rios que compõem a Bacia Amazônica.


Tal situação tem se tornado cada vez mais frequente, causando problemas para a navegação, a pesca, a geração de energia, a captação de água etc., com impacto direto na vida de toda a população da região. Nos estados do Acre e Amazonas, por exemplo, municípios isolados que dependem exclusivamente dos rios para transporte de todo o tipo de produtos, correm sério risco de desabastecimento.


Mas, junto com a seca, algo pior está acontecendo. A floresta, e os campos formados por sua derrubada desenfreada, ardem em chamas. Um problema que não é novo e, infelizmente, parece que está longe de acabar.


Para além de questões político-ideológicas ou de discussões científicas acaloradas sobre as causas da mudança climática, ou de uma estiagem tão severa, fato é que, há décadas, o verão amazônico é marcado pela presença nociva da fumaça que cobre o céu e invade tudo o que encontra pela frente: matas, campos, casas, vilas, cidades inteiras e pulmões!


Há muito tempo o povo amazônico sofre com a fumaça das queimadas, muito embora não seja objeto de alarde ou de matérias no noticiário nacional. Não poucas vezes a fuligem tomou conta dos quintais, os faróis precisaram ser acesos durante o dia e os aeroportos fecharam as suas pistas.


Para se ter uma ideia, nessa época do ano, os níveis de poluição do ar em capitais como Porto Velho/RO e Rio Branco/AC chegam até 50 vezes acima do mínimo recomendado pela OMS, alcançando o mais alto nível de periculosidade na escala de qualidade do ar (IQAr) e os piores índices do Brasil. Tais níveis são considerados de emergência e suas consequências vão muito além daquelas de ordem ambiental, se tornando um sério problema de saúde pública, que há muito, vem sendo negligenciado.


Agora, a fumaça é tanta que está chegando nos grandes e distantes centros do país. A floresta que outrora era o “Pulmão do Mundo”, infelizmente, mais parece uma chaminé. Será que só assim alguém vai tomar alguma providência?! Ou será que, mesmo assim, os nossos verões continuarão ardentes e sufocantes?! Tecnologia e ferramentas já estão disponíveis. Gente qualificada para planejar e agir, também. Então, o que será que está faltando?!





Marcos Paulo Alencar de Carvalho Borges

Geólogo e Perito Criminal da Polícia Federal desde 2005.


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