O Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgaram, no dia14 de agosto, os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (ldeb) 2023. O cálculo do Ideb é feito a cada dois anos e a próxima divulgação da avaliação acontecerá em 2025.
Esse é o primeiro de três artigos que iremos discorrer sobre os números do Acre no referido índice. Hoje vamos refletir os números para o ensino médio regular. No próximo, vamos tratar dos anos iniciais do ensino fundamental regular e, por fim, os anos finais do ensino fundamental regular.
O Ideb é o principal indicador da educação básica pública e privada do Brasil e é medido em uma escala que varia de 0 a 10, considerando a nota das escolas em avaliações de português e matemática aplicadas na prova do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), compilados pelo Censo Escolar. O indicador também reúne o fluxo escolar. De maneira mais didática, o cálculo do Ideb obedece à seguinte fórmula: os resultados dos testes de língua portuguesa e matemática são padronizados em uma escala de 0 a 10. Depois, a média dessas duas notas é multiplicada pela média das taxas de aprovação das séries de cada etapa avaliada (anos iniciais, anos finais e ensino médio), que variam de zero a 100. Por exemplo: numa escola com desempenho no Saeb igual a 5 e taxa de aprovação de 90%, (0,90), o Ideb é igual a 5 vezes 0,9, chegando ao Ideb da escola, do exemplo, igual a 4,5.
As notas de cada instituição ajudam a entender o nível de domínio de conteúdo de alunos nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática. Ajuda a entender se os estudantes dos primeiros anos do ensino fundamental sabem multiplicar números naturais, calcular a área de uma figura geométrica ou entender os assuntos de um texto de português. Importante ressaltar os limites desse indicador de qualidade. Embora o Ideb avalie disciplinas estruturantes do conhecimento, como matemática e português, é evidente que o currículo da educação básica contempla outras áreas que não são avaliadas pelo Ideb.
O resultado do Ideb é, portanto, um indicativo da qualidade do ensino acreano, guardada as devidas proporções, haja vista somente duas áreas do conhecimento serem objeto de avaliação, oferecendo subsídios para a elaboração, o monitoramento e o aprimoramento de políticas educacionais com base em evidências de dados.
Conforme MEC/Inep, em 2023, estavam cadastradas, no Acre, 118 escolas do ensino médios, sendo: 4,6% Federais, 89,7% Estaduais e 5,7% privadas.
O Ideb do Ensino médio do Acre alcançou o Índice de 4,0, ocupando o 17º lugar no Brasil e o 4º lugar na Região Norte
O Ideb Brasil do ensino médio foi de 4,3 e foi superado, apenas, por oito estados da federação (PR, ES, PE, SP, PE, PI, MT e PA). O Estado do Ceará obteve o mesmo Índice nacional do Ideb (4,3). A Região Norte alcançou
um índice de 4,2 e, somente o estado do Pará obteve um indicador superior ao da região norte (4,4). Rondônia e Tocantins, igualaram seus índices com o da Região (4,2). O Acre (4,0), Amazonas e Amapá (3,8) e Roraima (3,5) ficaram abaixo do índice regional.
No gráfico a seguir destacam-se os índices totais, da rede privada e da rede pública do ensino médio do Brasil, da Região Norte e do Acre. Percebe-se que na rede privada o Acre (5,6) igualou seu índice ao nacional, ambos superando o índice regional (5,5). Já na rede pública, o índice do Acre (3,9) ficou abaixo dos índices nacional e da Região Norte, ambos com 4,1.
As escolas da rede federal, são responsáveis por tornar Rio Branco e Sena Madureira, os municípios com maiores notas no Ideb
Na tabela a seguir constam os municípios que ficaram com o Ideb igual ou acima da média estadual, foram somente seis municípios, destaques para as escolas da rede federal de Rio Branco (5,0) e de Sena Madureira (4,9). Os municípios da Regional do Baixo Acre dominaram os maiores índices: Rio Branco, Senador Guiomard e Plácido de Castro. Em seguida dois municípios da Regional do Alto Acre: Brasiléia e Epitaciolândia e a Regional do Purus, representada por Sena Madureira.
Por outro lado, os municípios que apresentaram os piores índices foram: Acrelândia (3,4), Bujari (3,4), Rodrigues Alves (3,4) e Manoel Urbano (3,3).
Escolas da Rede Estadual obtiveram os quatro melhores Ideb do Ensino médio do Acre, a maior nota veio de Cruzeiro do Sul
Na tabela abaixo constam os estabelecimentos escolares do ensino médio acreano que ficaram com nota igual ou acima da média estadual (4,0), destacando suas respectivas notas, a rede que pertencem e os municípios.
É importante observar que das 118 escolas de ensino médio cadastradas pelo MEC, somente 60 receberam suas notas do Ideb, a maioria devido, principalmente, ao número de participantes no SAEB ser insuficiente para que os resultados sejam divulgados. Portanto, importantes escolas particulares e federais, ficaram fora da avaliação. Para citar alguns, ficaram fora: O Instituto Santa Teresinha de Cruzeiro do Sul, o Colégio Adventista de Rio Branco, o Centro Educacional e Cultural – Meta de Rio Branco, os Ifac – Campus Rio Branco, Campus baixada do sol, Campus Cruzeiro do Sul e Campus Tarauacá.
A não inserção dos dados rede de ensino médio integrado federal, como a maioria dos Campus do Ifac e os dados das escolas particulares, podem ter interferido no Ideb do ensino médio regular. Segundo o MEC/Inep, o Acre, tem 21,4% dos alunos no integrado (principalmente na rede Ifac), mas isso não se refletiu no aumento do Ideb do estado por não ter sido avaliado.
Das 60 escolas acreanas de ensino médio regular que receberam os piores índices do Ideb, todas estaduais, foram: Família Agrícola Jean Pierre Mingan – Acrelândia (3,2), Uniao e Progresso – Porto Acre (3,2), Colégio Estadual Barão do Rio Branco – Rio Branco (3,0), Francisco Napoleão de Araújo – Tarauacá (3,0), Nova Vida – Bujari (2,9) e Padre Paolino Maria Baldassari – Santa Rosa (2,2).
São informações importantíssimas para tomadas de decisões, decisões essas que devem ter como princípio, a definição de estratégias para a superação dos índices atuais e não de responsabilização ao trabalho docente realizado nessas instituições, posto que as condições de trabalho dos professores são fatores preponderantes que não podem ser ignorados nesse processo de avaliação. Voltaremos ao tema na próxima semana.
Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no ac24horas