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Eva Evangelista é homenageada por familiares e autoridades na Aleac antes de se aposentar do TJ

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Considerada a primeira mulher a exercer a magistratura na história do Acre, a desembargadora Eva Evangelista, 74 anos, foi a grande homenageada na sessão solene realizada nesta quinta-feira, 29, no plenário da Assembleia Legislativa pelos 49 anos de serviços prestados ao Poder Judiciário do Estado. Decana do TJAC, ela deve se aposentar em setembro ao completar 75 anos. A sessão solene foi realizada a pedido do deputado Pedro Longo (PDT), juiz aposentado, que trabalhou com Eva durante décadas.


A cerimônia iniciou com a banda da Polícia Militar tocando os hinos nacionais e do Acre e na oportunidade, exercendo a presidência da casa, Pedro Longo se emocionou destacando a “história viva” ao enfrentar “uma cultura patriarcal” da época. “Você é um exemplo para todo nós e eu fico muito feliz de poder te homenagear, pois és merecedora”, disse.


Representando a família de Eva, o filho Gabriel Menandro, Procurador da Fazenda Nacional, subiu a tribuna da casa para homenagear a mãe. “Maravilhosa, presente, parceira, amiga, que ensinou todos seus filhos a buscar o melhor de si. E de não apenas isso, ela também acreditou em todos nós e nos apoiou em todas as nossas causas. A senhora ao lado do pai, Raimundo Menandro de Souza, sempre esteve do nosso lado, cuidando e protegendo, entregando o máximo de si pelo nosso bem-estar. A vida até aqui certamente foi de muitas lutas, provações, obstáculos, mas tem por certo que a senhora logrou vencer todos eles com inequívoco louvor, demonstrando a força que reside no seu interior, de resiliência, de entrega em tudo aquilo que faz. Essas características em especial, a de não desistir da luta, não abdicar de posição conquistada e combater o bom combate sem medo, com a cabeça erguida, certamente forjou em cada um de nós esse espírito guerreiro que tanto assegura”, disse o filho, que abraçou a mãe após discurso.

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Com a palavra, presidente do Tribunal Regional Eleitoral, desembargador Junior Alberto, adotou o improviso alegando ser fácil falar da trajetória de Eva. “Eu tive a feliz oportunidade de trabalhar com a Desembargadora Eva quando ela passou pela presidência. Já naquela época eu vi que a Desembargadora Eva era uma pessoa predestinada. Ela era destinada para o exercício da magistratura. Toda vez que entrava no seu gabinete ela estava ali corrigindo os votos que a sua assessoria fazia e sempre ali bem empenhada e tendo domínio de toda a situação. É muito se falou aqui que a Eva é uma mulher virtuosa, mas eu acreditaria mais do que isso. Ela é uma mulher sábia, aquela que edificou o nosso poder judiciário”, disse o magistrado.


Já a presidente do Tribunal de Justiça, desembargadora Regina Ferrari, lembrou da trajetória de Eva que lutou contra todo o preconceito de ter uma mulher em locais de destaque. “A senhora é o exemplo de mulher forte e obstinada. Sabemos que a tua história é a história viva”, frisou.


O governador Gladson Cameli, representando o Poder Executivo, destacou que estava pensando no que ele iria falar a respeito. “Essa mulher se confunde com a própria história do Acre. Um exemplo de caráter, conduta e ações em benefício da nossa sociedade. Uma guia para todos nós acreanos. Vossa excelência é incansável. Um legado vivo para quem não falta a alegria de viver. Sua trajetória é uma missão de sacerdócio para nós. A senhora ainda tem muito que contribuir com o sucesso do Estado do Acre. Meu tio, o ex-governador Orleir Cameli deve está lhe aplaudindo de onde ele estiver porque ele sempre teve certeza da grande mulher que você é”, disse.


Servidora do Tribunal de Justiça desde 1993, a deputada Maria Antonia (PP) também usou a palavra homenagear Evangelista. “A felicidade aqui é muito grande de poder estar aqui, né, vivenciar esse momento tão importante, de pessoas tão queridas, tão especiais, pessoas que fazem muito pelo nosso estado, pela nossa população, na área da saúde, na área da segurança, na área da magistratura. E nesse dia especial aqui, todos os adjetivos que eu poderia falar aqui, iam ser poucos. Minha querida rainha, doutora Eva, para falar da sua pessoa, da sua trajetória, da pessoa especial que a senhora é. E foi dito aqui, portanto, que a senhora é inspiração para tantas magistradas, tantos magistrados, para a pessoa mais humilde do nosso estado. A senhora tem nossa admiração”, frisou.



Líder da oposição, o deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), relatou um testemunho de feitos da magistrada. “Testemunhei a Desembargadora Eva, como sempre é extraordinariamente, boa no trato, mas também já presenciei a Desembargadora Eva, nós tivemos uma audiência pública aqui para tratar da questão da mulher. E a marca desse debate era a questão do feminicídio, aliás, muitos presentes aqui estavam naquela audiência pública. Ela sacudiu plenário com a sua visibilidade, levantando questão de fundo, aliás, chamando e puxando a orelha do Parlamento para tomar atitudes na discussão do orçamento com relação a um programa que pudesse fazer. Eu vivi um tempo também lá atrás, em que havia muito preconceito com os movimentos sociais. Qualquer manifestação que se fizesse era tratada como baderna. E havia poucos ouvidos, inclusive no pleno do Tribunal Justiça, que se dispusesse àquela época a escutar aqueles que tinham uma bandeira, uma causa, para tentar sensibilizar. Ela era uma dessas que escutava todos, escutava a gente”, relatou.


Homenageada do dia, Eva Evangelista foi a última a falar e marcar o evento com suas colocações. Ela agradeceu aos pais João Evangelista e Maria, seus grandes incentivadores na vida. “Eu estou tocada pelas suas palavras, pelas palavras de todos. Eu digo que a Desembargadora Regina, ela também é responsável por eu permanecer e os meus colegas, os desembargadores, porque me recordo do desembargador Roberto Barros que eu ensaiei de aposentar na administração dele e ele disse, não, senhora, a senhora só vai sair no tempo de Deus. Então, como era o tempo de Deus, eu estou aguardando o tempo, que é, como eu disse, é tempo. E os demais que sucederam, eu me recordo, meus colegas queridos aqui. Mas eu digo que eu não vou guardar cada um dos senhores hoje porque o meu coração, ele transborda de alegria, transborda de alegria, de contentamento, eu não vou esgotar essa convivência, essa convivência tão, tão cortejada, tão digna de amigos, de verdadeiros amigos”, disse emocionada, afirmando que por ela beijava todos os presentes.


QUEM É EVA EVANGELISTA


Eva Evangelista, que ingressou na magistratura em 1975, como juíza Substituta da Comarca de Sena Madureira, se formou em direito pela Universidade Federal do Acre na turma de 1972 e atuou como advogada do Incra por dois anos, entre 1972 a 1974.



Decana do Tribunal de Justiça, Eva se tornou desembargadora pelo critério de antiguidade, ao ser promovida em 1984. A magistrada já passou pela presidente da Corte e também a corregedoria.

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Com a aposentadoria de Eva, o juiz Lois Carlos Arruda, Titular do Juizado Especial da Fazenda Pública da Comarca de Rio Branco, é cotado para assumir a sua vaga, já que ele é o primeiro na lista de magistrados por antiguidade.


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