A partir de setembro de 2024, os motoristas de Cruzeiro do Sul e demais cidades do Vale do Juruá vão pagar ainda mais caro pelo litro do combustível. A Base de Distribuição de Combustíveis da Petrobras em Cruzeiro do Sul, vai deixar de vender Óleo Diesel B S10, Óleo Diesel, B S500 e Gasolina Comum C para os postos do município. Com isso, os donos de postos de vão ter que comprar o produto em Rio Branco ou Porto Velho (RO), com pagamento de frete. Os custos da nova logística deverão ser repassados para o consumidor final.
Em Cruzeiro do Sul, o litro da gasolina é vendido a R$ 7,55. Em Rodrigues Alves R$ 7,50. Em Mâncio Lima se paga R$ 7,55. Já nos mais isolados, em Porto Walter a gasolina está a R$ 9,45 e em Marechal Thaumaturgo varia de R$ 10,50 a R$ 11. Os preços em todas as 5 cidades do Vale do Juruá deverão ser majorados com as novas medidas.
A empresa Vibra Energia, que administra a base da Petrobras em Cruzeiro do sul, fez o comunicado do encerramento das vendas aos postos de combustíveis de Cruzeiro do Sul no sábado, 17. “Informamos que, a partir de 01/09/2024, a base de Cruzeiro do Sul (5254 BASUL II), deixará de comercializar os produtos Óleo Diesel B S10, Óleo Diesel B S500 e Gasolina Comum C. Para manter o atendimento às suas necessidades, recomendamos direcionar seus pedidos para as bases de Rio Branco (5146 BARIB) e Base de Porto Velho (5097 – BAVEL) onde esses produtos continuam disponíveis”, anuncia o comunicado.
A Petrobras tem base no município desde 1984 e em 2014, com um investimento de R$ 213 milhões, inaugurou a Basul 2, quando a capacidade de armazenamento passou de 2,7 milhões para 30 milhões de litros de combustível por mês. Agora, com o fechamento, os donos de postos de combustíveis vão ter que comprar o produto em Rio Branco ou Porto Velho. Para trazer o combustível até Cruzeiro do Sul, vão usar carretas com capacidade para 45 mil litros e com valor de R$ 0,50 centavos por litro. O transporte fluvial do produto, em balsas, é mais barato, mas o Rio Juruá e outros da região estão com baixíssimo volume de água.
O gerente de um posto de combustível da bandeira BR, Arenilson Paixão, confirma que haverá reajuste nos preços para o consumidor. “É bem provável que o preço do combustível eleve em decorrência dessa situação. Vai ficar somente a Aten, que vai ficar tipo monopolizando. Nós que somos bandeirados não vamos comprar aqui, vamos ter que buscar em Rio branco ou Porto Velho e isso vai encarecer porque tem frete. Pelo Rio Juruá não tem água suficiente para a bala chegar em Porto Velho”, conta ele, que é gerente de um dos maiores postos de Cruzeiro.
O empresário do setor, Tião Cameli, cita que são muito ruins as condições do porto onde fica a Base às margens do Rio Juruá, o que pode ter motivado o encerramento das atividades.
“Lá está muito ruim, com impossibilidade de trabalhar, de poder sugar lá o petróleo das balsas e passar para os tanques. O rio desbarrancou e a gente percebe que estão trabalhando, sim, mas não com toda margem de condição que tem pra trabalhar não. Por isso acho que eles vão desativar, sim, porque como está só aguenta esse inverno”, relata.
Desde 1984, a Patrobras tem tanques em Cruzeiro do Sul, com a Basul 1, no Bairro do Alumínio. Em 2014 foi a Basul 2, com um investimento de R$ 213 milhões, em uma área de 380 mil metros quadrados e uma capacidade de armazenamento que passou de 2,7 milhões para 30 milhões de litros por mês.
Um empresário que atua com a bandeira da Atem diz que a Basul já “ofereceu“ a base a eles, que não aceitaram. “Essa base é muito grande e não se paga no custo operacional. Fizeram a base fora da necessidade e tem vários defeitos. Está desmoronando“, destaca o empresário, que pediu sigilo.
Agora a desativação da Basul II marca o fim de uma era para Cruzeiro do Sul, que há 40 anos conta com o ponto estratégico para o abastecimento de combustíveis na região do Juruá. O empresário Júnior Melo, Melo diz que a situação vai ficar mais difícil para os empresários e consumidores. “O fato é que a gente tem a Petrobras há muito tempo em Cruzeiro do sul, o que ajudou para o desenvolvimento da nossa região e agora está saindo. E muita gente vai ficar em uma situação difícil porque a base da Atem é bem menor aqui e ninguém está preparado para essa demanda de caminhão para ficar transportando o produto de Porto Velho e Rio Branco para cá”, enfatiza.
Por enquanto, os mais de 20 funcionários da Basul não foram avisados quanto à possibilidade de demissões. Um deles, que pediu para não ser identificado, disse que se houver desligamentos, será a partir do final de 2025. “O combustível para os postos virá de fora, sim, mas a base não fecha e vai ficar com estoque para emergência, caso falte na cidade ela atende. Até novembro do ano que vem, nada de demissões. Tem alguns contratos se encerrando porque eram com tempo delimitado. A base vai ficar só de QAP, pra atender caso de emergência. Porque ela não vai secar o estoque no tanque”.
Em 2014, 2018 e 2022, o Acre ficou isolado do restante do Brasil devido ao trasbordamento do Rio Madeira, e outros, alagando a Br 364 entre o Estado e Rondônia. Nestas ocasiões, foi o combustível levado pela mesma rodovia, de Cruzeiro do Sul para a capital, que livrou os moradores de Rio Branco do desabastecimento.
Se atualmente o preço do litro do combustível é vendido por R$ 11 em Marechal Thaumaturgo, no alto Rio Juruá, o fechamento da base da Petrobras de Cruzeiro do Sul, a situação vai piorar.
Em Porto Walter, o litro da gasolina custa R$ 9,45 e em Marechal Thaumaturgo o litro alcança R$ 11. Atualmente, com o baixo volume de água do Rio Juruá, o combustível é levado em embarcações menores, que levam dias com cerca de dois mil litros do produto, de cada vez. Os barcos maiores já não fazem mais o percurso até Porto Walter e Marechal Thaumaturgo.
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