A Educação do Município de Rio Branco não conseguiu alcançar a meta do IDEB estabelecida em 6,1 para os Anos Iniciais, segundo dados de 2021. Registrou 5,7. Em 2021, foi o primeiro ano que a Capital ficou abaixo da meta proposta desde 2007 (ver gráfico *gráficos extraídos do site QEdu). Os dados comprovam o retrocesso.
Os números mostram a Evolução do IDEB. A meta não alcançada fica evidente no gráfico. Em 2007, alcançou 4,2 quando o projetado era 4,0. Em 2009, o projetado era 4,3 e a Educação do Município de Rio Branco alcançou 4,9.
O trabalho da Secretaria de Educação de Rio Branco foi registrando conquistas crescentes. Em 2011, o projetado era 4,7 e alcançou 4,9. Em 2013, projetou-se 5,0 e Rio Branco alcançou 5,5. Em 2015, projetou-se 5,3 e, mais uma vez, superou o planejado e alcançou 5,8. Em 2017, foi um dos melhores anos: foi projetado IDEB de 5,5 e Rio Branco alcançou 6,4. Na avaliação seguinte, o projetado foi de 5,8 e a Educação de Rio Branco alcançou 6,5. Esses dados referem-se aos Anos Iniciais.
Resumindo: em 12 anos de avaliações (de 2007 a 2019), a Educação de Rio Branco vinha em crescentes superações daquilo que era projetado para se alcançar no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Em 2021, registrou-se o retrocesso.
Educadores europeus, por exemplo, já não disfarçam a antipatia pelo excessivo uso de parafernalhas eletrônicas em sala de aula. Em alguns casos, estão voltando a usar régua, compasso e a raiz quadrada está sendo definida com o uso do bom e velho lápis, borracha e raciocínio lógico.
Quando foi criado, há mais de 10 anos, o IDEB tinha como padrão internacional a nota 6,0. Ter esta nota não era sinal de excelência, mas já indicava uma comunidade com alguma boa qualidade de ensino. Rio Branco estava em um ritmo de crescente desempenho. Estar com 5,7, portanto, é uma performance relativamente baixa. Para usar um raciocínio do momento: não é medalha de ouro. É bronze.
Os dados sobre infraestrutura das escolas de Rio Branco, elaborados pelo INEP de 2023 desautorizam qualquer tipo de otimismo. Não é uma realidade exclusiva da Capital acreana.
É parte do contexto escolar do país. E tampoco foi uma criação com digital única da atual administração. Mas um lugar em que apenas 19% das escolas públicas da cidade têm bibliotecas está fadado a formar alunos com formação básica muito deficiente.
Não apenas isto: somente 11% das escolas têm laboratório de Ciências. O laboratório de Informática existe apenas em 27% das escolas riobranquenses. Quando há laboratórios de informática, três, em cada grupo de 10 escolas, não têm acesso à banda larga de internet.
A Educação Física é um privilégio. Em somente em 31% das escolas, há quadras esportivas.
É claro que os conceitos e regras de diversas modalidades podem ser oferecidos em um quadro de sala de aula. Mas não é nada estimulante para a meninada. O único aspecto positivo, na área de infraestrutura, é o acesso à comida: os alunos têm merenda em 99% das unidades escolares.
As escolas do Município que o INEP registrou que não têm merenda escolar podem ser as mesmas que, também segundo o INEP, fazem parte dos 3% que não têm energia elétrica. Escola sem energia elétrica é uma exclusão quase inconcebível nos dias atuais.
O problema do saneamento, dramático em toda cidade, não poderia ser diferente no ambiente escolar. Há um “diálogo”. Apenas 66% têm acesso à água tratada e 60% à rede de esgoto. O aluno que é excluído do direito ao saneamento básico em casa tem a mesma exclusão garantida no ambiente escolar.
70% das escolas têm acesso à banda larga;
27% têm laboratório de Informática;
66% têm acesso à água tratada;
60% das escolas são atendidas com rede de esgoto;
31% têm quadra de esportes;
11% têm laboratório de Ciências;
19% têm biblioteca;
99% têm alimentação fornecida;
66% das escolas têm acessibilidade;
97% têm energia elétrica;
77% têm televisão.
O conceito de “Aprendizado Adequado” não guarda relação com a lupa do IDEB. Mas serve de referência para entender qual cenário é preciso ser mudado tanto para os gestores, quanto para educadores e alunos.
No Acre, os números apresentados a seguir não estão exclusivamente sob responsabilidade da Prefeitura de Rio Branco. Por enquanto, uma parte da responsabilidade é compartilhada com o Governo do Estado.
Os estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental, em 2017, apreenderam apenas 37% do conteúdo de Língua Portuguesa. Nas duas avaliações seguintes (2019 e 2021), apreenderam 38%. Em Matemática, a situação piora. Em 2017, eles apreenderam apenas 15% do conteúdo apresentado. Em 2019, 17% e em 2021 a apreensão caiu para 14%. Os alunos do 5º ano tiveram desempenho melhor (ver tabela). Não há dados relacionados aos alunos do 2º ano.
Esses percentuais têm como referência o trabalho da ONG Todos Pelas Educação. Para esta ONG, o Aprendizado Adequado entende como satisfatória a absorção mínima de 70% do conteúdo programático.