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Bolsonarista vota em Bolsonarista, Lulopetista vota em Lulopetista

Por
Valterlucio Campelo

Um dos bons resultados de uma campanha eleitoral é que ela revela certas nuances ideológicas, muitas vezes acobertadas por oportunismos. Observado com lupa, o processo eleitoral é extremamente pedagógico à medida que nos permite comparar o discurso e a prática de nossas lideranças políticas. A eleição é a hora em que “a onça bebe água”, então todos os comportamentos, decisões e votos podem ser filtrados pelo discurso ideológico, dando oportunidade a que o eleitor informado saiba exatamente de que lado está seu líder.


Em primeiríssimo lugar, é importante saber que filiação ideológica não se basta com a mera autodeclaração. O sujeito que sai por aí dizendo-se de esquerda porque durante os governos de esquerda o Estado lhe dava privilégios ou porque os LGBTs eram mais felizes está confundindo as coisas. Do mesmo modo, o sujeito que se diz de direita porque apoiou Bolsonaro tendo em vista a própria eleição, também está por fora. O buraco, digo, a ideologia é muito mais embaixo.


No Brasil inteiro estamos assistindo à queda de máscaras ideológicas. Muitos políticos eleitos na onda bolsonarista recente, se dizendo de direita e adotando para consumo doméstico uma pauta conservadora, foram no governo Lula 3 cooptados pelo poder através de emendas PIX (nova espécie do gênero “é dando que se recebe”) e certas facilidades inconfessáveis. O saldo disso pode ser apurado nas votações que, ao final, é o que interessa. O site Congresso em Foco com o Uol fazem um bom trabalho ao cotejar os votos de todos os parlamentares pelo filtro Governo/Oposição. Veja AQUI como seu deputado se portou perante o Governo Lula no ano de 2023.


Adiantando um pouco o serviço, examinemos o comportamento de nossos parlamentares acreanos. Eles são oposicionistas (votam contra o governo), ou são governistas (votam a favor do governo)? O menos governista é o Coronel Ulisses com 56% e a mais governista é Meire Serafim com 92%, ou seja, mesmo o mais bolsonarista dos deputados acreanos votou mais da metade das vezes com o governo. A média global é de 73% e apenas 23% dos deputados federais votaram mais de 50% das vezes contra o governo. A média acreana é de 76%, quer dizer, o Acre é no parlamento mais governista do que o Brasil, embora Lula tenha levado aqui a segunda maior lapada, de a maioria ter sido eleita na chapa bolsonarista, e de todo o tempo Lula atentar contra os valores e princípios conservadores.


É o caso de se perguntar: Onde estão o Bolsonarismo e a tão falada extrema-direita? Bem, o Bolsonarismo é fácil de achar (mostro em seguida), a extrema-direita, entretanto, só se manifesta na mente estúpida ou militante de algum lulopetista declarado, ou enrustido por aí onde não tenho acesso. Não se pode achar o que não existe. Tá, mas, afinal, cadê os Bolsonaristas?


Os Bolsonaristas estão mostrando sua face agora em 2024 ao apoiarem para prefeito aquele que Bolsonaro indicar, assim como os Lulopetistas apoiarão aqueles que Lula indicar. Simples assim. Bolsonaro esteve em Rio Branco onde passou seu aniversário e continua “rodando” o Brasil mostrando ao eleitorado e aos correligionários que as eleições para prefeito são a prévia das eleições de deputados, senadores, governadores e do próximo presidente da república em 2026. Em cada capital, Bolsonaro aponta sem titubeio aquele que apoia e que tem aderência ao conservadorismo do qual é, queiram ou não, a maior liderança. 


Em todo o país, especialmente nas capitais e grandes cidades, quem pensa que a eleição para prefeito seja mera escolha de síndico é ignorante ou um fariseu praticando sua arte. A picaretagem de adiar o debate ideológico para as eleições presidenciais em 2026 revela má-fé, hipocrisia e analfabetismo político. A luta ideológica, mocinho, não tem datas, ela se dá diariamente em nosso cotidiano de trabalho, estudo e lazer. 


O caminho do bolsonarismo entendido como a defesa da vida, da família, da liberdade, da pátria e da propriedade é claramente apontado pelo próprio Bolsonaro quando ele nomeia seus candidatos, de modo que ao se afastarem dele, façam um favor às suas consciências e não mais se declarem bolsonaristas. Os bolsonaristas são aqueles que votam em bolsonaristas, quem não vota, trai. O mesmo vale para o lulopetismo. Quem defende a pauta da esquerda, o aborto, a ideologia de gênero, o desencarceramento de criminosos, a descriminalização das drogas, a censura e as ditaduras mundo afora, fique à vontade, vote em seus candidatos, mas assuma suas posições perante o eleitorado ao invés de esconder-se no buraco da rua e num discurso infantil de neutralidade, isso é covarde, vergonhoso, fica feio.


Por que a esquerda está fazendo todo o esforço possível e imaginário para transformar as eleições para prefeito numa escolha de síndico? Ora, porque desse modo esquiva-se de debater a sua incúria, a corrupção, o aparelhamento do estado, seu desprezo aos gaúchos, os milhões de casos pela dengue, o morticínio Yanomami, enfim, sua pauta e ação miserável. Focar no buraco da rua é tudo que essa gente quer para esconder os verdadeiros temas do Brasil e preparar um novo assalto para 2026.


Ao mesmo tempo (ocorre frequentemente), esse discurso torpe de síndico serve de boia de salvamento hermenêutico para políticos de pouca ou nenhuma vértebra ideológica. É fácil se agarrar nessa tábua lançada pela esquerda para desculpar sua traição ao Bolsonaro. O sujeito sai da toca com um discursinho pronto de que a eleição não é para presidente, como se isso o exonerasse dos vínculos ideológicos com a direita que o elegeu e com Bolsonaro, e ainda acha que a população não está percebendo a traição. Puro farisaísmo. Não se trai uma causa por eventos eleitorais imediatos ou pretensões egoístas e acordos de alcova.


O leitor deve estar se perguntando o que tem a ver os votos na Câmara do Deputados e a eleição para prefeito. Tem tudo. É daquele centrão movido a emenda PIX que saem os traidores da direita e do Bolsonaro. Felizmente, os políticos, sejam aspirantes ou ocupantes de cargos, ou meros apoiadores, não podem se manter muito tempo com um pé na canoa federal e outro na municipal, se movendo com o remo da emenda PIX. O povo está vendo, nós todos estamos vendo, as mídias sociais não mais esperam que a notícia seja traduzida pelo comentarista político ou apresentador da hora. 


Há quem pense e aja como se as próximas eleições fossem as últimas. O imediatismo é tão ácido que corrói a visão de longo prazo e o abestalhado explode a granada nos próprios pés. Em 2026, será um tolo desmoralizado, derrotado e largado na calçada aquele que cai em contradição perante o eleitorado. Ex-bolsonaristas serão ex-apoiadores e ex-queridinhos com a bunda como alvo pronto para um merecido pontapé dos dois lados.


Olhem o mundo a sua volta, pensem, repensem, estamos vivendo um momento único na história mundial, o diabo esquerdista anda a galope no mundo como fez em Paris na abertura das olimpíadas. Crucial é o buraco do hedonismo, a cultura da morte, a falência da família, a queda das nações e o rompimento com Deus que a esquerda apregoa. 



Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS e, eventualmente, no seu BLOG, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no DIÁRIO DO ACRE, no ACRENEWS e em outros sites. Quem desejar adquirir seu livro de contos mais recente “Pronto, Contei!”, pode fazê-lo através do e-mail valbcampelo@gmail.com.


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