O fenômeno El Niño em 2024 vem causando secas históricas para o período em rios no Acre. Em todas regiões do Estado, munícipes de áreas urbanas e rurais, comunidades ribeirinhas e tradicionais encaram situações críticas no abastecimento de água e impossibilidade de trafegar até mesmo nos rios mais largos, que estão secos; isto tudo, com órgãos de defesa já prevendo uma cheia próxima que tem potencial para quebrar recordes em 2025. Até a última quinta-feira (25), oito cidades acreanas pediram reconhecimento de situação de emergência por causa da estiagem severa, e de acordo com a Defesa Civil Estadual, outras prefeituras já elaboram seus pedidos.
Em Rio Branco, ribeirinhos encontram na chegada aos portos do Rio Acre, na zona urbana, troncos, praias em meio de rio, entulhos. Dependendo da embarcação, já não é mais possível aportar na cidade. Relatos de barcos encalhados no percurso são comuns. O nível do manancial registrado na quinta (25) foi de 1,54m, a segunda menor cota de uma série histórica de 53 anos (para julho), mas o maior problema é que as últimas cheias encontraram margens sem vegetação, causando desbarrancamentos que deixaram os rios ainda mais rasos. Ou seja, na prática, entre o Porto do Varejão e o Porto da Base, o Rio Acre tem trechos de apenas 40 centímetros de água – seria possível atravessá-los a pé.
Em Porto Walter, no interior do estado, a seca no Rio Juruá faz com que crianças de comunidades ribeirinhas, que antes usavam barcos para se deslocar, tenham que ir às escolas pela mata, sempre na companhia de adultos armados com facões ou espingardas, para escoltá-las dos perigos da floresta. Na terça (23), a prefeitura de Porto Walter declarou Estado de Emergência Nível II devido ao comprometimento das vias hidroviárias e o risco de escassez natural de alimentos dos povos indígenas, inclusive a falta de água potável.
Em Feijó, o Rio Jurupari, que abastece seringais, secou. Em Marechal Thaumaturgo, o líder indígena da etnia Kutanawa, Flávio Haru, anunciou a seca do Rio Tejo e o baixo volume dos rios Bagé e Breu.
Do jeito que já está nesta época do ano, vai apartar. Pode-se dizer que o Rio Tejo está morto
Flávio Haru
Em todo o Acre, centenas de comunidades indígenas e não indígenas estão com risco de isolamento, pois utilizam os rios para se deslocar. Por isso, de acordo com a Defesa Civil Estadual, o plano de ação integrado para atuação nas emergências considera solicitar helicópteros para atuar no socorro de comunidades que estejam enfrentando dificuldades.
O motor de rabeta usado pelas embarcações tem dificuldade para funcionar com o nível dos rios baixos. Como a situação tende a se agravar, o grupo de trabalho que inclui secretarias estaduais, FUNAI, Ministério Público Federal e outras 30 instituições, concluiu que o modal mais interessante para os resgates é o aéreo com helicópteros das Forças Armadas"
Coronel Carlos Batista, coordenador da Defesa Civil do Acre
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