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Sobre “honestidades” e a imposição dos fatos

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Editorial ac24horas

Tião Bocalom não enganou ninguém. É honesto. No que se refere à política voltada para o transporte coletivo, é honesto de maneira especial. Ele já havia deixado bem claro que o tema seria periférico na agenda de gestão quando apresentou o que chamou de “Plano de Governo” para a Justiça Eleitoral. Está lá, registrado.


O despejo de pouco mais de 300 intenções está dividido em 11 tópicos. No sétimo (Infraestrutura, Mobilidade e Transporte), algum CEO do marketing político abarcou seis promessas. Isso mesmo! Seis itens! Seis ideias! Seis intenções! Seis promessas! Chame o leitor como quiser. O fato: no “Plano de Governo” de Bocalom apresentado ao cidadão que o elegeu, ele conseguiu convencer que resolveria o problema do transporte coletivo da Capital priorizando seis coisas.


O pensamento é tão raso; a sequência é tão superficial e genérica que este espaço transcreve na íntegra para que se perceba a gravidade do engodo. “Ampliar rede de internet (wi-fi) em todos os terminais urbanos; implantação de novos abrigos de passageiros de ônibus e manutenção de paradas; implantação de aplicativo para celular com informações de horários, itinerários e rotas do transporte coletivo; conclusão das adequações de acessibilidade da frota; construção de novos terminais de integração de transporte coletivo; ampliação das vagas de transporte escolar”.


Pronto, leitor. Feito isto, Tião Bocalom entende que estaria resolvido o problema do transporte coletivo da Capital. Se a honestidade se misturou com a ignorância sobre o tema e o assessoramento rasteiro, o tempo demonstrou que há, de fato, um problema de concepção de gestão pública nesse assunto.


Reportagem de março de 2023 neste site ac24horas apresenta a honestidade de mãos dadas com a ousadia. Sob o título “Bocalom diz que Rio Branco terá ônibus elétrico até início de 2023” e com informações oficiais da Prefeitura de Rio Branco (como está registrado no final da reportagem), o texto mostrava uma agenda oficial do prefeito à sede da BYD em Campinas, no interior de São Paulo, acompanhado do então amigo e tutor político, senador Sérgio Petecão, e da irmã do parlamentar, a vereadora Lene Petecão.


“Desde a campanha eu dizia que nós iríamos ter ônibus elétricos na frota de transporte coletivo no município de Rio Branco. Eu tenho certeza que nós vamos abrir muitos caminhos, para que possamos efetivamente adquirir alguns ônibus, agora já no final deste ano ou no início do ano que vem”, teria dito o prefeito.


Um pouco antes, em dezembro de 2021, a realidade dos fatos se impôs de forma dramática. Por pouco (muito pouco), Rio Branco não seria a única capital do país sem transporte coletivo regular.


“Todos nós sabemos a calamidade em que se transformou o sistema de transporte coletivo de Rio Branco, que vem capengando há décadas, com as empresas oferecendo um serviço de péssima qualidade, com uma frota sucateada, ônibus velhos (uma média de 10 anos de uso), sem ar condicionado, falta de regularidade nos horários, dentre outros problemas. Disso, nós já vínhamos falando desde 2008. Agora, precisamos dar um basta nessa situação”. Foi o que Bocalom disse e a assessoria dele escreveu no site oficial da Prefeitura de Rio Branco.


Era a retórica para justificar a decretação da situação de emergência e a divulgação de abertura de um processo licitatório, que perdura até hoje. Um dos fatos de grande repercussão na semana que findou foi a apreensão de um ônibus com documentação vencida há dois anos, com plataforma de acessibilidade quebrada e com bancos soltos. Este dito ônibus é um dos 16 que foram retirados de circulação por uma decisão da Justiça de São Paulo.


O TJ paulista afirmou que desde fevereiro a empresa deixou de pagar parcelas de um financiamento de R$ 2,6 milhões. Há um acordo da Ricco com outra empresa do mesmo grupo empresarial. Havia 54 parcelas a serem pagas. Como o banco tem paciência curta, entrou com o pedido de uma decisão em caráter liminar.


Sem licitação concluída, com a empresa Ricco tendo assinado um contrato precário e com pendências e surpresas contaminando o cenário, o povo de Rio Branco vai se espremendo como pode. O usuário do sistema de transporte coletivo de Rio Branco só não pode dizer que foi enganado. Não se pode cobrar de um homem honesto por aquilo que ele não disse que não faria. Sobretudo pela total falta de domínio do tema. Uma coisa são as honestidades; outra bem diferente é o manejo dos fatos.


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