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Festival Acreano de Vídeos começa nesta terça (2) na Biblioteca Pública

Por
Raimari Cardoso

A Associação Acreana de Cinema – ASACINE realiza nos dias 2, 3 e 4 de julho, a partir das 19 horas, na Filmoteca da Biblioteca Pública, o XIV Festival Acreano de Vídeos edição 2024. O projeto é financiado pelo Fundo Estadual de Cultura através do Edital da Fundação Elias Mansour (FEM) e a realização é da ASACINE. O evento conta com o apoio da Academia Acreana de Letras (AAL), Sociedade Literária (SLA), Academia Juvenil Acreana de Letras (AJAL) e do Serviço Social do Comércio (Sesc).


Além das exibições de 15 documentários produzidos por cineastas acreanos o festival oferecerá oficinas no segmento do audiovisual: Oficina de Produção de Roteiros com o cineasta e historiador Adalberto Queiroz; Oficina de Animação em 2D, com o cineasta e artista plástico Enilson Amorim; Oficina de Edição de Imagens, com o cineasta Oscar Xavier; e a Oficina de Produção de Trilhas Sonoras, com o cineasta e músico Alberan Moraes.


Realizado todos os anos, o Festival de Vídeos da ASACINE é voltado para os acreanos que queiram conhecer e entrar no universo do segmento do audiovisual aprimorando suas técnicas e conhecimentos através das palestras e oficinas que a instituição oferece ao longo dos últimos 50 anos de cinema no Acre.


“Nossa proposta sempre esteve pautada na valorização dos fazeres e práticas culturais e na visibilidade dos espaços de memória de nossa cidade, oferecendo a cada festival filmes que retratam nossas vivências e conflitos atuais como o uso excessivo do celular e lembranças de brincadeiras do passado para juntos propormos um presente mais agradável para as novas gerações”, diz Adalberto Queiroz um dos pioneiros do cinema acreano e principal articulador dos eventos ligados a ASACINE.


Programação


Dia 02 (terça-feira):


01 -Cabeça de Vento – Ney Ricardo


02 – Flerte Fatal – Acricia Dimanche


03 – Sonho Realizado -Irene Passos


04 – SOS Saúde Mental-Fátima Cordeiro 05- A Passageira-Ediogley Levi


Dia 03 (quarta-feira)


01 – Aula sobre Livros e Poesias-Maze Oliver


02 – Um Poeta Surdo Entre Nós- Alessandro Borges


03 – Dignidade Inundadas-Antônio Macêdo


04 – Cel. Teodoro-Guilherme Francisco


05 – Povos Originários -Lunayra Valdez


Dia 04 (quinta-feira)


01 – Utilidades da Água- Adriana Oliveira


02 – Originários em Cena- Márcio Levi


03 – Curiosidades Sobre o Estado do Acre- Linda Blair


04 – Telas Obscuras- Lídia Xavier


05 – Rádio Difusora Acreana – Adalberto Queiroz


A história dos festivais de cinema no Acre


Os festivais de cinema no Acre têm início nos anos de 1970, em plena ditadura militar, quando três jovens liderados pelo compositor João Batista Marques de Assunção (Teixeirinha do Acre) se juntam com o vendedor de bananas Adalberto Queiroz e o trabalhador de olaria Antônio Evangelista (Tonivan) para produzir o primeiro longa-metragem intitulado “Fracassou meu Casamento”. A produção foi polêmica, considerando o momento político pelo qual o Brasil estava passando, tanto que, segundo Adalberto Queiroz, foi apreendido pela Polícia Federal.


“Nós fomos lançar o filme ‘Fracassou meu Casamento’, filmado em Super 8 milímetros, na praça do município de Brasiléia, com a participação de muita gente da comunidade. Quando terminamos a estreia, já fomos convidados para lançar a película na Bolívia. Mas, infelizmente, quando estávamos atravessando a fronteira, a Polícia Federal prendeu o nosso filme”, relembra Adalberto Queiroz.


Ele conta ainda que a apreensão foi por falta de um documento exigido pelos órgãos fiscalizadores do governo da época, o Certificado de Censura da obra. “Isso aconteceu porque nós éramos produtores bastante imaturos com relação a estas atividades burocráticas ligadas ao audiovisual durante aqueles tempos de muita repressão”, acrescenta.


Amantes da sétima arte, os três jovens continuaram com suas produções com o longa-metragem “Rosinha, a rainha do sertão”, filmado também em Super 8 milímetros. Este longa participou em 1978 do XI Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, junto a filmes como Chuvas de Verão, do cineasta Arnaldo Jabor, e Esta noite encarnarei no teu cadáver, do cineasta José Mojica Marins (Zé do Caixão). Segundo Queiroz, nesse Festival o filme “Rosinha, a Rainha do Sertão” foi o mais aplaudido, recebendo elogios de cineastas e críticos de cinema renomados.


No ano seguinte, em 1979, “A Luta em busca do Amor”, participou do VII Super Festival de Cinema de São Paulo, onde João Batista ganhou o prêmio de melhor ator, por interpretar o personagem Jacó. Na edição do Festival Acreano de Vídeos que aconteceu em 1992, promovido pela Fundação Elias Mansour/Governo do Acre e realizado na Filmoteca da Biblioteca Pública, o filme “Marcas” (1988), de Laurêncio Lopes, foi agraciado com o prêmio de melhor filme.


O longa é considerado a primeira produção da era VHS e contou no elenco com Guilherme Francisco, Socorro Neves, Inez de Andrade, Romeu Luna, Reginaldo Gomes, Wellington Silva e outros. A película teve a equipe de suporte composta pelos cineastas Adalberto Queiroz e João Batista Marques de Assunção.


“Neste festival, o “Marcas”, que destaca a força do coronelismo no Acre, concorreu com filmes nacionais, dentre eles podemos destacar o filme “O Ovo”, cujo elenco é composto pelas atrizes Lucélia Santos e Carla Camurati. Os jurados foram compostos por cineastas oriundos de outros estados brasileiros e mesmo assim meu filme foi vitorioso”, conta o cineasta Laurêncio Lopes, roteirista do filme.


Outro momento importante do cinema acreano foi a participação do documentário “Revolução Acreana”, no II Festival de Varginha, em Minas Gerais, em 2002, quando ganhou o prêmio de melhor filme na sua estreia nacional. Os filmes acreanos “Revolução Acreana”, “Rosinha, a Rainha do Sertão”, “Caravana Verde” e “Filhos da Rua” foram exibidos e bastante aplaudidos no I Festival Internacional de Lisboa, realizado em 2010.



Com informações da Assessoria da Asacine.


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Raimari Cardoso

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