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A filosofia de rodoviária e o espelho do PSB

O PSB precisa tomar juízo. Quando se afirma isto, não há relação com questões morais, tão comuns nos “carões” com que mães e pais moldaram tantos acreanos. O “tomar juízo”, por aqui e por agora, aponta um caminho possível da maturidade, no sentido de saber fazer avaliações em harmonia com determinado cenário político. Nesse sentido, o que é uma verdade robusta, densa e cristalina agora pode ser uma frágil sentença de filósofo de rodoviária depois de amanhã.


César Messias, em uma recente reunião com Marcus Alexandre, castigou no verbo em busca de uma “coerência” do candidato emedebista. Foi duro. Perguntou, para lembrar o ambiente já citado de rodoviária, se Marcus Alexandre “não honrava com a palavra”. Disse isso em um tom acima. A coerência cobrada pelo presidente do PSB tinha como foco a vaga de vice-prefeito na chapa do MDB. Eh! O fio do bigode, maldoso leitor que ri com o canto da boca, desconfiando de tudo, tem lá o custo de um punhado de tostões ou de poder. Ou as duas coisas.


É verdade que, em determinado momento, nas primeiras movimentações e conversas, aventou-se a possibilidade de que Jenilson Leite fosse vice na chapa de Marcus Alexandre. Mas isso não foi uma sentença transitada e julgada por todas as instâncias que a liturgia do processo exige. É a isso que se chama atenção. O currículo de Alexandre desautoriza uma imaturidade dessa monta.


Ou será que aquilo que nas primeiras conversas de um processo de construção de uma chapa majoritária, obrigatoriamente, tem que ser grafado em mármore e selado com pacto de sangue saído das veias, rasgadas na ponta do facão?


No raciocínio de César Messias, aquilo que foi objeto de uma conversa inicial; aquilo que não ficou acordado, mas apenas sugerido, deveria servir de lei. E tudo o mais que viesse a ser discutido com outros presidentes de partido seria um mero jogo de cena. Qual charme o PSB entende que tem? O espelho do PSB acha que revela quais encantos?


Os 65.522 votos para Senado de Jenilson, dos quais 35,6 mil em Rio Branco? É isso? O encanto todo está nesses dois números? E por eles tudo o mais tem que se mover em função dos socialistas?


A condição de vítima é uma fantasia que cai mal a Jenilson Leite. Nem em 2022 e nem agora a personagem não encontra a cena adequada. O que se vê em 2024 é um jogo dramático repetido. Deveria aproveitar a competência que teve como bom parlamentar estadual que foi e calcular melhor as investidas sem tendência à autocomiseração. Na cena de 2022, o algoz no roteiro foi Jorge Viana. Agora, ensaia-se Marcus Alexandre como o vilão. Qual será o danado do próximo capítulo no teatro dos socialistas?


Até o mais ébrio dos filósofos de boteco avalia que a postura do PSB fortalece Bocalom em um movimento quase automático. Sendo assim, a postura do PSB, vê-se: ou obedece à lógica de uma mera perspectiva de poder, ou atende às manhas do jogo intrincado da vaidade.


Por outro lado, Marcus Alexandre precisa ter muita sensibilidade para não cair em uma armadilha banal. Desgastar-se com o PSB (ou com qualquer outra rara sigla que lhe confere apoio) para aceitar Marfisa Galvão como vice é um risco que beira o ridículo. Caso ele tenha dúvidas, este jornal orienta que ele se aconselhe com Bocalom sobre o intento. Pergunte ao atual prefeito o que é tê-la como vice. Onde está a armadilha? O “indês” de Alexandre não pode ser 15 milhões de bocados. O eleitor precisa exigir do emedebista o juízo adequado. Ou alguém espera isto da figura de Petecão? Não ria, leitor malvado.


Ironicamente, dessas situações que só a política é capaz de construir, em matéria de vice, o PSB tem uma joia fina: o próprio César Messias. Foi de uma lealdade incomum em momentos de tensão e soube dar ao cargo a discrição e a eficácia necessárias. Pena que, como dirigente partidário, não está sabendo perceber que as decisões a ferro e fogo costumam deixar cicatrizes profundas.


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