Neste domingo, 23, o Bar do Vaz apresenta um programa especial e importante, abordando o conflito na Faixa de Gaza, um tema complexo e doloroso que afeta milhares de vidas, sem a intenção de tomar partido, mas ouvir, aprender e refletir.
Com a missão de proporcionar uma discussão respeitosa e informativa, com perspectivas de ambos os lados, foram convidados dois especialistas para compartilhar suas visões e ajudar a entender melhor as nuances desse conflito.
Um dos convidados é o jornalista judeu e fundador do canal de comunicação Opera Mundi, Breno Altman, que está em viagem pelo Brasil lançando o livro Contra o Sionismo: retrato de uma doutrina colonial e racista (Editora Alameda). No Acre, o lançamento foi na sede da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Acre (Adufac), na última quinta-feira, 20.
O segundo participante é Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL), nascido em Toledo, no Paraná, filho de palestinos da região de Ramallah, na Cisjordânia ocupada. Ele tem denunciado o desrespeito de Israel a acordos, o genocídio do povo palestino e as narrativas de guerra.
Apesar de a entrevista reunir um judeu e um palestino, não há na entrevista um confronto de ideias. O jornalista Breno Altman é antissionista, que significa oposição política, moral ou religiosa às várias correntes ideológicas incluídas no sionismo, movimento internacional judeu que resultou na formação do Estado de Israel.
Para o jornalista, não há nenhum problema entre judeus e palestinos, mas com o regime político implantado em Israel que, segundo ele, tem como característica principal ser racista e colonial. “Racista porque o Estado de Israel surge como produto de uma doutrina chamada sionismo, que propôs criar um estado de supremacia judaica, de uma etnia sobre as outras”, afirma.
Ualid Rabah afirma que não há terroristas entre os palestinos e muito menos um grupo de resistência da Palestina que seja, necessariamente, terrorista. “O direito internacional garante aos povos sob colonização, sob experimento social genocida, sob ‘apartheid’, como é o caso da Palestina, à autodeterminação, à autodefesa”, diz.
Ainda segundo Rabah, “não há o que se falar em ‘terrorismo’ na Palestina e não existe uma ‘guerra’ entre Israel e Hamas, mas o projeto colonial sionista autoproclamado Estado na Palestina e autodenominado Israel que promove uma guerra de extermínio contra o povo palestino”.
Para finalizar a entrevista, o jornalista Roberto Vaz pergunta aos convidados sobre o que israelenses e palestinos desejam para o fim do conflito.
Breno Altman afirma que o plano histórico do Estado de Israel é o total domínio da região e a expulsão de toda ou de parte da população palestina para consolidar o estado de supremacia judaica que o sionismo propõe.
“Para mim e para a maioria dos judeus antissionistas, ali deveria haver um único estado onde judeus, palestinos e judeus possam viver em paz. É possível haver um estado único”, pontua.
Já Ualid Rabah defende que uma das necessidades para que haja paz na região é o fim do ‘apartheid’ e que os refugiados resultado da limpeza étnica retornem para os lugares de origem, conforma o Organização das Nações Unidas (ONU) preconizou.
“Queremos que exista um Estado Palestino na Palestina ainda que na solução de dois Estados, mas que nós tenhamos segurança e possamos nos desenvolver plenamente, com fronteiras definidas e definição do uso dos recursos naturais da Palestina, tenhamos acesso ao mar, tenhamos um porto, um aeroporto, e, fundamentalmente, o direito de requerer a identidade palestina”, assevera.
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