Na manhã desta quinta-feira, 19 de junho, a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) promoveu uma audiência pública para debater as estratégias e obras necessárias para mitigar os impactos das enchentes e secas que afligem o estado anualmente. O evento reuniu representantes do governo, especialistas em meio ambiente, líderes comunitários e membros da sociedade civil, todos com o objetivo de encontrar soluções efetivas e sustentáveis para um problema que atinge de forma drástica a população acreana.
Vale ressaltar que este ano, o Acre enfrentou um dos maiores desastres ambientais de sua história recente, com enchentes que afetaram cerca de 80% dos municípios do estado. De acordo com os órgãos de proteção, os danos causados pelas cheias foram devastadores, destacando a urgência de ações concretas para evitar a repetição de tais tragédias.
O presidente em exercício da Aleac e autor do requerimento que propôs o debate, deputado Pedro Longo (PDT), enfatizou a importância de um planejamento a longo prazo. Disse ainda que há necessidade de soluções que não apenas mitiguem os efeitos imediatos, mas que também ofereçam uma proteção contínua e sustentável para nossas comunidades.
“Anualmente, nosso Estado enfrenta sérios problemas climáticos, como alagações que obrigam a remoção de moradores e prejudicam o comércio e atividades diárias. Além disso, períodos de seca constante têm afetado a população. Essa Casa de Leis não quer apenas ficar debatendo medidas paliativas, como a oferta de donativos ou auxílio no retorno às casas com materiais de limpeza. Nós queremos e precisamos buscar soluções mais definitivas para esses problemas recorrentes”, frisou.
O parlamentar enfatizou ainda que o encontro também visa discutir alternativas como a construção de habitações populares para pessoas que vivem em áreas de risco e a possibilidade de represamento de águas do rio Acre. “Esse último ponto pede uma gestão mais eficiente dos recursos hídricos, que ajudará tanto no controle das enchentes quanto na normalização do abastecimento de água durante os períodos de seca. A discussão que iremos fazer hoje é apenas o início de um debate mais amplo sobre essas soluções, com o objetivo de encontrarmos medidas que possam efetivamente minimizar os impactos dos fenômenos climáticos na região”, complementou.
O ex-deputado Eduardo Farias também participou do debate. Ele destacou a importância de se discutir a construção de uma barragem no rio Águas. Ele enfatizou que a barragem não só ajudaria a mitigar os impactos das grandes e médias enchentes, mas também garantiria a segurança hídrica da capital do Acre, especialmente diante das mudanças climáticas e eventos climáticos extremos que se tornaram mais frequentes.
“Durante meu mandato como deputado sempre levantei essa discussão nesta casa. Minha maior preocupação é a segurança hídrica da capital do Acre. Com o rio apresentando níveis cada vez mais baixos e uma população crescente sem outra fonte de água, corremos o risco de ficar sem água durante as secas. Essa barragem, que há 10 anos visava controlar tanto enchentes quanto secas, hoje é essencial para garantir a segurança hídrica da capital”, disse.
Em seguida, o representante da secretária de Estado de Obras Públicas (Seop), Italo Almeida, apresentou os esforços do governo para enfrentar esses desafios. Ele destacou que o Governo do Estado desenvolveu um estudo abrangente sobre contenções e barragens ao longo do Rio Acre, cujos resultados foram recentemente apresentados à população acreana e ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Medeiros enfatizou a importância de uma abordagem colaborativa entre o Executivo Estadual, Municipal e a Assembleia Legislativa para encontrar soluções eficazes e sustentáveis.
“O Governo do Estado desenvolveu um estudo em relação tanto a contenções quanto a barragens ao longo do Rio Acre. Apresentamos recentemente o resultado desse estudo à população acreana, ao PAC. Eu sou, na verdade, um entusiasta desse movimento que a Assembleia tem feito. No ano passado, a Assembleia fez um movimento similar com o ídolo Dr. Foster Brown. Espero que eu esteja aqui hoje também, que é uma sumidade no assunto. E eu acredito muito que todos nós juntos, tanto o Executivo Estadual quanto o Municipal, a Assembleia Legislativa, todos discutindo esse problema em conjunto, a gente consegue construir soluções”, afirmou Medeiros.
Já Marcos Mesquita, representante do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), destacou a relevância da conservação ambiental para a mitigação dos impactos das mudanças climáticas. Mesquita ressaltou que ações como a execução da Estrada 500, em conjunto com a Conservação Internacional, são fundamentais para combater o desmatamento, preservar as florestas e manter a recarga dos aquíferos, reduzindo a sedimentação nos rios e as enchentes rápidas.
“O estado vai ser renovado neste dia em que a Estrada 500 está executada, junto com a Conservação Internacional. Nós temos as atividades de combate ao desmatamento, que muitas vezes as pessoas olham e enxergam isso de forma errônea, mas a partir do momento que eu consigo manter as florestas, eu consigo manter a recarga dos aquíferos, diminuir os sedimentos que vão para os rios, que vão assorear os rios, e aí vai ficar a enchente e aquela forma acelerada de cheia e vazante. O que nós temos agora observado no estado do Acre é que nós temos uma enchente muito rápida, só que o rio não consegue receber essas águas, então ele vaza também de forma muito rápida,” afirmou Mesquita.
Ele também enfatizou a colaboração do ICMBio com as políticas públicas estaduais, apesar de operar em unidades de conservação federal, destacando que “as atividades de políticas públicas são de competência dos estados e dos municípios para aquelas populações. Então o ICMBio também vem contribuir de uma forma geral dentro dessas políticas públicas estaduais”, acrescentou.
Ao final da audiência, ficou claro que, além das obras de infraestrutura, é essencial implementar programas de educação ambiental e conscientização sobre a importância da preservação dos recursos naturais.
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