Prints de conversas por WhatsApp obtidos pela Polícia Civil de Alagoas detalham um esquema fraudulento em que influenciadores que faziam propaganda para o Jogo do Tigrinho e similares recebiam uma conta diferenciada dos demais usuários das plataformas para simular um falso superganho em apostas.
Por meio da Operação Game Over, criada para desarticular quadrilhas de jogos de azar, a polícia teve acesso a uma conta teste onde são aplicados os golpes. Também chamadas de “demo”, essas contas são manipuladas por programadores para que influenciadores pratiquem estelionato ao conseguirem divulgar de ganhos irreais para seus seguidores nas redes sociais.
Na prática, eles recebiam um link para uma conta de demonstração, que era programada de forma diferente para sempre ganhar. Para o usuário normal, o link era outro, que, inclusive, é programado para perdas de dinheiro. Sem colocar qualquer dinheiro, os agentes conseguiram realizar jogadas que resultaram em um saldo falso de R$ 158 mil reais.
A polícia também descobriu pelas conversas que os influenciadores sabiam que no primeiro jogo que fizessem iriam ganhar um valor alto em dinheiro. A ideia era fazer com que os seguidores se empolgassem com a ideia de jogar também. Além de receberem pela propagação da aposta, eles também recebem comissões por cada pessoa que clica no link compartilhado, de acordo com a polícia.
Operação Game Over
As conversas foram interceptadas, após autorização judicial, pela Polícia Civil de Alagoas, que investiga um suposto esquema de fraude que envolvia influenciadores, agenciadores e intermediárias.
As investigações culminaram na Operação Game Over, deflagrada na segunda-feira, que mirou 12 alvos e pediu apreensão no valor de R$ 38 milhões — valor movimentado desde outubro de 2023, quando a apuração teve início. Carros de luxo, lancha e dinheiro foram apreendidos.
Inicialmente, o delegado José Carlos destacou a nocividade do jogo para a sociedade, informando que algumas pessoas já chegaram a cometer o suicídio em virtude das dívidas que contraíram após se viciarem no Tigrinho. Por outro lado, os influenciadores ficaram cada vez mais ricos e ostentando sua riqueza.
Depois de oito meses de investigação, os mandados de busca e apreensão foram cumpridos nos bairros do Poço, Serraria, Jatiúca, Ouro Preto, Pajuçara e na cidade de Marechal Deodoro.
Entre os bens apreendidos estão três carros de luxo – dois Porsches e um Volvo –, um Fiat Fastback, uma lancha. além de joias, celulares, dinheiro e passaporte. O valor os itens somam R$ 38 milhões e pode crescer com o andamento das investigações.