Uma das formas mais grosseiras e covardes de fugir de um debate é fingir que ele não existe. Desse modo, o desertor intelectual exonera a si mesmo de provar seus argumentos e, de quebra, ainda arrisca uma pose de bom moço equilibrado, democrático, “não extremista”. Essa tática vem sendo operada na cara dura pela esquerda que, envergonhada de seus fracassos e de sua pauta indecente, pretende ocupar o centro, aquela posição invertebrada, nem assim, nem assado, nem frio, nem quente, nem mole, nem duro.
O exemplo mais evidente está sendo a disputa eleitoral deste ano. Especialmente nas capitais, onde se concentram as mídias, a academia, a cultura, as instituições do estado, etc., os candidatos da esquerda forçam a barra, diretamente ou através de seus aderentes, pagos ou gratuitos, no sentido de desideologizar a política e fazer da campanha eleitoral uma espécie de concurso de carisma e ideias de síndico. Nada mais raso e empobrecedor.
Do outro lado, a direita, sem medo de mostrar a face e sua agenda, enfrenta além da covardia remunerada da mídia, toda essa combinação espúria de setores e lideranças temporariamente vestidas de cores neutras, como lobos em pele de cordeiro. Em caminhada pelo Brasil, Bolsonaro vem pedagogicamente lembrando que não existe socialista que não esteja em permanente ataque à sociedade livre. Mesmo quando mudam de legenda e adquirem novos repertórios, o fazem a serviço da causa. São atores exercendo seu ofício no palco político, tentando enganar o eleitor.
Não se ouvirá desses farsantes que eles defendem teses contrárias a valores como o direito à vida, liberdade, propriedade privada e família. Eles se afastarão de todo seu ideário e elegerão como tema o buraco da rua, contam com a ignorância do povo, com sua fraca memória, com sua suscetibilidade ao discurso meloso. Não é garantido que funcione, mas é o que lhes resta. Nesta toada já se pode ver até um invasor de propriedade alheia como Boulos, em São Paulo, dar as costas ao debate sobre o tema que o fez entrar na política e abraçar de mentirinha valores do campo adversário. A lorota da esquerda é oferecer ao eleitor uma rua asfaltada em troca de seus princípios e valores, como se as eleições municipais fossem descoladas da política nacional.
A cartilha está sendo seguida em todo o país. Lula e seu governo desastroso não está sendo boa companhia pra ninguém, seus candidatos do peito, alguns até homiziados em outras siglas recusam-se a falar seu nome, a sigla PT sumiu da boca da maioria deles, a camisa vermelha está escondida junto daquele boton com uma estrelinha no fundo da gaveta.
Sim, os candidatos à direita terão sérias dificuldades para vencer o adversário solerte. Será necessário um grande esforço de comunicação no sentido de arrancar a máscara desses pérfidos, principalmente porque com a verba na mão eles derramam muita grana sobre a imprensa insaciável. Não falta quem se preste a diariamente bater o bumbo da desideologização e ajudar a transformar a primeira das eleições (da comunidade), aquela que deveria ser a origem da formação política, em um jogo de cartas neutras.
Aliás, neste domingo, na Europa, 21 dos 27 países foram às urnas e o resultado é que a direita derrotou a esquerda progressista fragorosamente, confirmando uma tendência mundial que será reforçada com uma vitória de Trump em novembro nos Estados Unidos. Enquanto no mundo todo a esquerda toma peia, por aqui, com a ajuda da mídia e seus bate-paus, ela se disfarça de centro para não ser percebida. De fato, embora seja hegemônica na academia e na cultura, a esquerda aposta na miséria intelectual do povo para se manter no poder. Talvez seja esse o seu maior equívoco.
Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS e, eventualmente, no seu BLOG, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no DIÁRIO DO ACRE, no ACRENEWS e em outros sites. Quem desejar adquirir seu livro de contos mais recente “Pronto, Contei!”, pode fazê-lo através do e-mail valbcampelo@gmail.com
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