O padre da Igreja Católica, italiano Massimo Lombardi, 79 anos, foi entrevistado no Bar do Vaz nesta terça-feira, 3, e abordou diversos temas, incluindo a opinião contrária da Igreja sobre a possibilidade de padres homossexuais assumirem ministérios na Igreja Católica.
O religioso, que faz parte da história dos acreanos, saiu da Itália e veio morar no Acre há 50 anos. Ele contou que estudou por longos 12 anos até se tornar padre. “Sempre foi um mistério a vocação, algo que você sente no coração. Quando você se apaixona pelo evangelho, não há palavras. Você sente aquela vontade e desejo de se consagrar. Entrei no seminário, estudei 12 anos e estou feliz”, comentou.
Indagado pelo jornalista Roberto Vaz sobre se Jesus era de esquerda ou de direita, o religioso se esquivou e preferiu falar sobre o amor de Deus. “É claro que se você vê Jesus, ele sempre está em oposição à situação, por exemplo, os fariseus. Ele brigou constantemente. Qual era a lei principal do Antigo Testamento, praticada inclusive nos tempos de Jesus? Era a lei do sábado. No sábado, você não podia fazer nada, nem ajudar o próximo que estava para morrer. Se você cumprisse, cumpriu por sábado, não fazendo nada, nem caminhando, nem trabalhando, nem curando. Você iria ter salvação. Aí chega Jesus e fala, nada disso. A maioria dos milagres que Jesus fez foram no sábado, gerando ódio por parte dos fariseus, que queriam matá-lo. Jesus realmente fez uma opção: no centro está a pessoa humana. Não há lei de Deus do Antigo Testamento, não há prescrição. A pessoa humana deve ser amada porque o mandamento principal é amar o próximo. Ele é o amor pelo ser humano”, declarou.
O padre acreano defendeu as palavras do Papa Francisco, que disse em uma reunião a portas fechadas com bispos italianos que homossexuais não deveriam ter permissão para se tornar padres. “Qualquer pessoa tem a sua função. Qualquer pessoa participa da Igreja, pode assumir serviços na Igreja, mas o ministério de padre, no pensamento de Paulo Francisco, realmente é para pessoas expressamente heterossexuais”, ressaltou.
O religioso citou durante a entrevista que a Igreja não se envolve com a política, mas sim com as causas sociais em prol dos fiéis. “Eu me apaixonei por esta igreja aqui do Acre. Talvez foi por isso que a escolhi, porque percebia que aqui se lia a Bíblia como uma luz que iluminasse a realidade. Tinha dois lados, o lado da palavra de Deus e o da realidade. Teólogos que passaram pelo Acre ensinavam que, se você só focar a palavra de Deus, é como focar a luz do sol: você fica cego, alienado. Você deve se apaixonar pela palavra de Deus, mas que ilumine a realidade. Por isso, caminhávamos com dois pés, dois olhos, dois braços. Você lê a Bíblia, mas depois, com a Bíblia, você ilumina a realidade, então precisava escutar a realidade”, disse.
Massimo destacou que, antigamente, os religiosos estavam mais envolvidos com as causas sociais dos menos favorecidos, diferente do que ocorre na era moderna. “Uns 50 anos atrás, posso dizer que a maioria da Igreja era dedicada à preferência pelos pobres, incluídos e excluídos, e os empobrecidos. Você se dedicava muito através das pregações, das visitas, passava horas e dias andando nos varadouros, procurando grupinhos de pessoas, de seringueiros. E o pessoal dizia: ‘Por que você está perdendo tanto tempo com 10 pessoas que vivem lá nos cafundós de um seringal?’ É porque é uma opção pelos mais humildes, pelos mais pobres”, explicou.
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