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Mandarová da mandioca que assola o Acre pode apresentar evolução da resistência a agroquímico, diz pesquisador

FOTO: REPRODUÇÃO
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Considerada uma das pragas mais importantes para a produção de mandioca, o mandarová (Erinnys ello) tem causado impactos econômicos na ordem de 13,7 mil reais por hectare, onde ocorre o ataque. Durante o curso de prevenção e combate ao mandarová da mandioca, realizado no dia 28 de maio, para técnicos e estudantes, o pesquisador da Embrapa Acre, Murilo Fazolin, alertou para o risco do inseto apresentar evolução da resistência ao agroquímico utilizado no controle, do grupo dos piretróides.


“É uma tendência evoluir a resistência, uma vez que há uma predominância de serem utilizados agroquímicos para controle do inseto. O problema é a utilização de apenas um grupo químico, o piretróide. E nós temos alternativas: a utilização do Baculovirus, produto biológico de controle que não apresenta impacto ambiental, com um custo praticamente zero, porque é o produtor rural quem produz o inseticida biológico”, alertou Fazolin.

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Os surtos do mandarová ocorriam no Vale do Juruá, principal região produtora de mandioca do Acre, com 8.815 hectares cultivados. Em 2023, houve um ataque severo na região. E em 2024, foram registrados casos já na região do Baixo Acre (próximo a Rio Branco). São 21.995 hectares com mandioca no Estado. O ataque do mandarová gera perdas da produtividade, pois o inseto se alimenta das folhas, o que gera queda da produtividade e da qualidade do produto (farinha), com consequente desvalorização no mercado em decorrência da falta de qualidade.


“Se o ataque for em 100% da área cultivada no Vale do Juruá, temos o impacto econômico na ordem de 121 milhões de reais. E de 211 milhões para o Estado todo. Isso gera o impacto econômico total estimado em 13,7 mil reais por hectare”, afirma o analista da Embrapa Acre, Márcio Bayma, autor do estudo Impactos produtivos e econômicos da ocorrência do Mandarová em área de cultivo de mandioca no Vale do Juruá, Acre, com base em dados primários.


Um extrato produzido a partir de lagartas infectadas pelo Baculovirus erinnys, vírus de ocorrência natural em lavouras de mandioca nas regiões Nordeste e Centro-oeste do Brasil, é uma alternativa de controle biológico. O suco produzido com as lagartas infectadas pode ser pulverizado nas plantas em que há ocorrência do mandarová.


Testado em nove hectares de mandioca sob ataque da praga nos municípios de Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima e Rodrigues Alves, o produto mostrou-se altamente eficaz no controle da praga, especialmente quando aplicado na fase inicial do ataque, alcançando um índice de mortalidade próximo a 95% das lagartas.


Realizado pela Embrapa, Idaf/AC e Governo do Estado, com apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/AC) o curso teve o objetivo de apresentar estratégias para o manejo integrado do mandarová da mandioca, enfatizando o controle biológico e o sistema de produção como um todo.


Um dos tópicos abordou, por exemplo, as plantas hospedeiras e inimigos naturais associados. “É importante não utilizar algumas plantas hospedeiras em consórcios ou áreas próximas, tais como abiu, mamona e mamão. Pois essas plantas são hospedeiras do mandarová. Além disso, é importante manter os roçados próximos a áreas remanescentes de florestas para diversificar a flora não atrativa ao mandarová”, recomenda o pesquisador da Embrapa Acre, Rodrigo Souza Santos, um dos instrutores do curso.


De acordo com Sandra Teixeira, chefe da Divisão de Comunicação em Saúde do Idaf, o curso faz parte do plano de educação elaborado entre as instituições após o ataque do mandarová em 2023. “Estamos preparando os técnicos para que, quando ocorra o período das chuvas, eles possam orientar os produtores rurais, que precisam estar atentos aos primeiros sinais, porque o controle será diferente nos vários estágios da lagarta”, afirma.


Para a extensionista da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Acre (Emater), Palmira Oliveira, a união das entidades para o controle do mandarová é muito importante. “Porque nós, os técnicos que trabalhamos diretamente com os produtores rurais, somos os primeiros a nos deparar com o ataque do mandarová. Então é fundamental ter esse treinamento para todos os técnicos que trabalham tanto, valorizando o produtor rural, porque se ele não tiver orientação técnica sobre o controle do mandarová, ele vai ter um grande prejuízo no seu mandiocal”, afirma.


O senador Sérgio Petecão destinou emenda de R$ 500 mil para a Embrapa Acre, para a realização de uma série de ações de prevenção e combate ao mandarová da mandioca em Cruzeiro do Sul e na região do Juruá. O curso marca o início dessas ações pela equipe da Embrapa Acre. (Embrapa)


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