A Democracia é boa até mesmo para expor as fragilidades de todos. Com a internet e a liberdade de expressão e de imprensa, cada um recebe a dose de fiscalização que as instituições impõem. E quem for mau gestor que se quebre. Não há questão de gênero, identidade sexual… não interessa se o gestor é um homem, uma mulher, travesti, transexual, intersexual (LGBTQIA+). O que vale (ou o que deveria valer) é a capacidade de administrar. É isso o que deveria estar em jogo em outubro deste ano.
É óbvio (para a alegria dos marqueteiros) que a emoção prevalece e que capacidade de gestão e programas de governo se transformam em fatores menores. Para os “matemáticos das eleições”, o que vale é a emoção. Nessa pressa dos cálculos publicitários, sempre há uma dose de estereótipos que diminuem a importância da atividade política. Simplificam ao ponto de quase vulgarizar. Mas, é preciso reconhecer: sim, a emoção é fundamental.
Dito isto, é preciso ser suficientemente honesto, no que se refere às questões estritamente técnicas e administrativas, para dizer que a presença das mulheres na gestão pública, ao menos aqui no Acre, não trouxe uma diferença substancial na qualidade da administração. Não foram nem melhores e nem piores.
No próximo pleito haverá algo em torno de oito a 10 candidatas, encabeçando chapas nas disputas pelas prefeituras. Para desespero dos partidos de esquerda, que sempre prezaram tanto por essa agenda, a maior parte (ou quase a totalidade) está acolhida em siglas de direita ou Centro. Esse fenômeno, por si, valeria uma análise mais detalhada em outra oportunidade.
Aquelas que já assumiram cargos executivos tiveram as desconfianças de alguns; a lealdade de outros; a eficácia de um grupo e a inoperância de outro. Tudo rotineiramente igual aos seus pares machos alfas.
Em nenhuma cidade administrada por prefeitas se viu um “show de gestão”; um capricho neste ou naquele detalhe dos espaços públicos. A pobreza porque passam os cofres das prefeituras brasileiras nivela a forma de gerir.
Essa referência, aparentemente misógina, é necessária que seja feita para que se desconstrua o clichê referente à participação feminina em cargos executivos da administração pública. Os princípios constitucionais que regem a coisa pública não têm elementos identitários como bandeira.
Existe a Democracia como forma, os agentes políticos como interferentes diretos. Existem as leis e existem as instituições. Além disso, é a luta de sempre. O que falta é a participação não apenas feminina efetiva, verdadeira, legítima. Atualmente, das 22 prefeituras acreanas, apenas duas são administradas por mulheres. E nenhuma é administrada por travestis, transexuais, gays.
A sociedade acreana ainda precisa amadurecer muito até perceber que a qualidade da administração pública precisa atentar aos valores que já estão previstos na Constituição. O compromisso com a coisa pública precisa ter a Constituição como referência. Simples assim.
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