Há, em execução, o programa “Cacau Socioambiental: Incentivo ao Extrativismo do Cacau Selvagem e ao Cacau de Cultivo no Estado do Acre”, elaborado pela Secretaria de Estado de Agricultura. O nome do programa não é muito popular, mas é didático para expor o cenário.
Pela descrição do nome, é preciso perceber duas grandes “famílias”. A primeira: o cacau “selvagem”, nativo, próprio da floresta. Está lá. Com as características físico-químicas que os milhões de anos daquele espaço geográfico construíram. É preciso apenas saber colher, respeitando o tempo da floresta. A segunda família: o cacau “de cultivo”. Plantado, com cálculo, lógica, métrica e ambições humanas. Tanto um quanto o outro estão muito valorizados no mercado.
“Nós estamos vivendo um momento muito atrativo para o cacau”, contextualiza o secretário de Estado de Agricultura, José Luiz Tchê. “E a ideia é aproveitar não apenas esse cenário favorável agora, mas tornar o ambiente sustentável economicamente e ambientalmente para o pequeno produtor no longo prazo”.
“Combinado com o grande momento que o cacau começou a ter, a crescente, desde o ano passado, no mercado brasileiro e internacional, nós estamos preocupados em fazer as coisas ‘pé no chão’. Temos que construir as bases, os alicerces. Caso, contrário, uma boa iniciativa, uma grande oportunidade pode dar com os burros n’água se a gente não tiver um pé na realidade”, pondera o engenheiro agrônomo com mestrado em Gestão e Conservação de Recursos Naturais, Marcos Rocha da Silva.
Em Cruzeiro do Sul, uma associação de produtoras já entendeu o movimento em torno do mercado do cacau. A “Cacau com Elas” reúne cerca de 10 mulheres do Projeto de Assentamento Recanto. O grupo pode dobrar a mini-agroindústria que já produz o “Chocolate Artesanal” e deve produzir também a “massa do cacau” (insumo usado na grande indústria alimentícia).
Utilizando a modalidade “bean to bar” (mistura do chocolate com outros elementos), o produto tem a soma de sabores da banana, amendoim e coco, tudo produzido na região. O “Cacau com Elas” deve receber incremento de R$ 200 mil para melhorar todo o processo produtivo, chegando até na mudança da embalagem. Só para a estrutura física da mini-agroindústria está previsto o investimento de R$ 90 mil.
O mercado compreende a grandeza de ser pequeno. Uma demonstração prática é perceber como o Vale do Rio Juruá já desperta atenção de agentes importante na cena cacaueira do país. Há aproximadamente 15 dias, esteve em Cruzeiro do Sul um alto executivo da marca Cacau Show. Ele deve iniciar trabalho que relaciona a compra do cacau nativo e do cupuaçu, tudo produzido pela comunidade Ashaninka. Também na modalidade “bean to bar”, o “cupolate”.
O chocolate “Além do Cacau” tem Acre no meio. O cacau baiano se mistura com a farinha de macaxeira do Acre. O resultado é uma composição inédita que transita da leveza à crocância chamada “O Acre Existe”.
Em março desse ano, embarcou na ideia do Exporta Mais Amazônia, apresentada pela Apex, agência de promoção das exportações brasileiras, presidida pelo também acreano Jorge Viana. O dono da marca, o acreano Leandro Brasil, quer entrar no competitivo mercado norte-americano. Os fornecedores da farinha que compõe o barra “O Acre Existe” são escolhidos com muito critério pelo próprio empresário.
A marca acreana “Além do Cacau” tem unidades de venda em Rio Branco e em Foz do Iguaçu.
“O Acre Existe” mistura o cacau da Bahia com a farinha do Acre. Marca “Além do Cacau” quer entrar no competitivo mercado norte-americano
Foto: Sérgio Vale
“O Acre Existe” mistura o cacau da Bahia com a farinha do Acre. Marca “Além do Cacau” quer entrar no competitivo mercado norte-americano
Foto: Sérgio Vale
Jornalista, apresentador do programa de rádio na web Jirau, do programa Gazeta em Manchete, na TV Gazeta, e redator do site ac24horas.
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