Milhem Cortaz revelou uma parte sombria e turbulenta de sua infância. Em entrevista ao canal de Manoel Soares no YouTube, o ator contou que foi vítima de violência doméstica durante a infância. O paulista era espancado pelo avô por demonstrar afeto. “Não gostava de carinho de homem”, relatou ele.
O ex-apresentador do Encontro comentou que Cortaz parece ser um homem em permanente desconstrução, e o artista resolveu abrir o coração. “Eu sou uma machista estrutural em grande potência. Nasci e cresci numa educação, numa época, em que era: apanhou, resolve”, relatou.
“Mas eu posso resumir num exemplo, desse machismo estrutural da minha educação, que mostra que minha educação é muito livre. Em vez de pedir uma bola de futebol, eu preferi colecionar papel de carta. Qual é a primeira coisa que um pai ia pensar dentro dessa estrutura? ‘É viado’, na hora. E pelo contrário, eles compravam”, relembrou.
Ainda que tenha tido apoio dos pais, Milhem Cortaz tem algumas lembranças tenebrosas do tempo em que era criança. O principal causador das péssimas memórias é seu avô.
“Meu avô é o pior cara do mundo para mim. É um cara da roça e que não gostava de carinho de homem e eu era um menino afetuoso. Então, toda vez que eu abraçava ele, ele me espancava muito, mas muito. Um homem semianalfabeto, casado com uma professora de Português”, recordou.
Ele, porém, conseguiu perdoá-lo por meio do que ele chama de “terapia artística”. Ao interpretar Aristides Inácio da Silva, pai do presidente Lula no filme Lula, o Filho do Brasil (2009), ele teve uma nova perspectiva do patriarca.
“Eu fui fazer o filme do Lula, onde eu fazia o pai do Lula. Fui fazer por dinheiro, porque o início do filme era eu e a Gloria Pires, não acreditava muito. Fiz o filme, saí de lá e foi um dos filmes mais importantes, porque fiz o meu avô. E, nesse filme, descobri que o grande vilão da minha vida é o grande super-herói, é o cara mais forte que eu conheci na minha vida”, pontuou.
O bate-papo foi elogiado por internautas. “Muito bom, vi muito o meu esposo na fala do Cortaz, um machista estrutural em desconstrução nessa realidade social, focado na filha e no autoconhecimento”, comentou uma internauta chamada Daniela Magalhães.
“Já era fã do ator, agora estou encantada com a pessoa Cortaz”, declarou Fabiana Nogueira. “Papo gostoso, cheio de reflexões”, acrescentou Suzana dos Santos.
Assista à entrevista na íntegra: