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Gladson Cameli e o relógio da Justiça

FOTO: SÉRGIO VALE

Chegou o momento que muita gente esperava: o dia em que o Superior Tribunal de Justiça falou sobre o governador Gladson Cameli no âmbito da Operação Ptolomeu. Tanto quem defende o governo quanto quem o ataca precisava desse instante para que alguma coisa próxima do normal passasse a acontecer por aqui.


O Ministério Público Federal ofereceu denúncia, baseada em inquérito formulado pela Polícia Federal, de que Gladson Cameli pertence à organização criminosa; que praticou lavagem de dinheiro, corrupção ativa, peculato e fraude em licitação. Isso já foi muito divulgado.


A decisão da corte do STJ deveria servir de motivação para uma mudança radical na postura de lideranças políticas e de instituições acreanas. Essa transformação talvez não renda muita manchete e não acalente alguns egos inflados, mas é o que o Acre necessita. É chegada a hora de que o Governo, com o tamanho e a capilaridade que tem na economia local, volte a funcionar. É chegado o tempo de trabalho. “Já passou da hora!”, diria a turma que só vê o copo meio vazio. Tudo é uma questão de perspectiva.


O fato é que o governador foi mantido no cargo. Cameli precisa agora demonstrar, sem gracejos e com respeito ao rito que o cargo lhe impõe, habilidade no manejo da administração pública. As desavenças, os embates, as picuinhas típicas do exercício do poder, certamente, continuarão. Mas elas precisam ser superadas. E Gladson não terá mais o peso da Ptolomeu a lhe massacrar os ombros como outrora. Portanto, por obrigação, tem que exigir do secretariado a superação dos resultados, até agora medianos, que foram ofertados ao povo nos últimos seis anos. A própria postura do governante precisa mudar.


A rigor, Gladson tem um cenário político muito favorável, tanto na Assembleia Legislativa quanto entre os prefeitos. Os números da articulação política lhe são generosos. O que não se percebe, no entanto, é o reflexo disso na rotina da gestão. Os raros e necessários políticos de oposição não podem ser apontados como responsáveis pela anestesia na execução de política pública em várias áreas da administração.


Com a capacidade de diálogo que o governador já demonstrou ter, não será difícil superar as desavenças e arestas com este ou aquele parlamentar; com este ou aquele prefeito. Mas, para isso, é preciso ter vontade de governar. É preciso ter gana para liderar processos, conduzir, apontar rumos. O exercício do poder exige vontade, seriedade e compromisso com a coisa pública.


O site ac24horas sempre noticiou o andamento do processo da Operação Ptolomeu com o equilíbrio necessário e respeitoso com os fatos. Nunca fez a defesa de bandeiras ideológicas apaixonadas, em nome do bom jornalismo. O que acontecia era noticiado. Simples assim.


Espezinhar a reputação de uma liderança política, qualquer que seja ela, apenas por uma paixão deste ou daquele partido ofende a notícia, além de ser um tremendo desrespeito com o leitor. Não se trata de ser neutro. Trata-se de ter compromisso com a informação. Trata-se de respeitar os fatos. Quem tem seus egos para massagear que o faça sem prejuízo para quem lida com jornalismo de maneira profissional.


O Acre já perdeu tempo demais com governantes que vociferavam para os seus assessores “façam a defesa do Governo!”. Na ocasião, os novos ricos de holerite saíam à caça das vítimas que ousavam cometer algumas linhas críticas ao governante de plantão. Gladson Cameli tem as suas doses de melindres? Tem. Claro que tem. Todos governantes têm. É direito deles: ninguém é obrigado a aceitar tudo sempre.


Mas Gladson não tem muito tempo a perder. Gladson pode dispensar a cobrança dessa defesa intransigente que outros governantes exigiam dos subordinados. Caso seja inteligente, pode transferir essa defesa dos corredores dos gabinetes oficiais para as ruas. Mas existe ação de governo que mereça defesa? Essa é uma dúvida importante a ser trabalhada. A Justiça, por enquanto, ofereceu a Gladson uma generosa sobrevida. Quem tiver relógio que conte.


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