O Amor de Mãe que salvou Artemizia das drogas: “deixei o vício e as ruas para cuidar deles”

A história de Artemizia Pinho da Silva, de 39 anos e o casal de filhos dela, Jonatam ,de 12 anos, e Jemili de 17 anos, é a prova de que o amor de mãe trasforma vidas, cura feridas e muda a realidade. Moradora de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, ela, que já estava no mundo das drogas há mais de 8 anos e em situação de rua, para não ter os filhos levados pelo Poder Público para um abrigo, mudou a rota perigosa que seguia e hoje cuida dos dois e trabalha para manter a casa. O relato é emocionante e triste, mas o final é vitorioso.

A família vive atualmente em uma casa simples de madeira e na frente do imóvel ela mostra orgulhosa, os dois carrinhos, nos quais trabalha vendendo lanche na frente de uma escola. Sentados no sofá, mãe e filhos demostram todo o amor e cuidado que os envolve. Mas chegar até esse momento não foi fácil e houve abandono, lágrimas e desespero.

Artemizia encontrou na maternidade, a força necessária para superar a dependência química e reconstruir sua vida. “Eu perdi minha mãe com 13 anos e com 15 anos saí de casa e foi aí que conheci as drogas. Usei maconha, cocaína, crack, tudo que aparecia. Passei mais de oito anos nas ruas, totalmente destruída, sem sonhos, sem vontade de viver. Passei por casas de recuperação aqui em Cruzeiro do Sul e em Porto Velho. Eu tive meus dois filhos de relacionamentos diferentes mas perdi tudo, inclusive o amor e a responsabilidade de ser mãe. Nas ruas eu já estava sentindo o cheiro da morte”, relata Artemizia.

“Eu cheguei em uma fase que eu já não estava mais dando conta deles. A droga já estava me dominando. Eu os deixava abandonados, ia usar droga, passava semanas fora e depois voltava pra casa. Eu vivia há cinco anos com uma pessoa, mas quando nos separamos, aí chegou a denúncia de que eu ia perder os meus filhos. A única coisa que me dava força para sair daquela vida e continuar eram meus filhos, Jonatam,de 12 anos, e Jemili de 17 anos.”

Emocionada, Artemizia conta que sua vida começou a mudar quando ela enfrentou a possibilidade de perder seus filhos. “Eles eram a única coisa que me dava força para sair daquela vida. E o Ministério Público e o Conselho Tutelar receberam mais de quatro denúncias contra mim pelo abandono deles. Quando chegaram os papéis para entrega-los eu parei com tudo e decidi que queria viver ao lado deles, independentemente das dificuldades,” lembra ela.

Foi nesse momento crítico que o Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS da prefeitura de Cruzeiro do Sul passou a apoiar a família com suporte emocional e psicológico. O CREAS concedeu para a família, uma casa por meio do aluguel social onde todos vivem agora e um carrinho de lanche, de onde ela tira o sustento da família. O segundo carrinho Artemizia mesma adquiriu depois.

“O CREAS me apoiou quando mais precisei. Eles me deram a confiança e o apoio que eu nunca tinha recebido. Ouvi deles que eu conseguiria, e isso fez toda a diferença. A equipe nunca me  abandonou, e graças a essa ajuda, estou há quase três anos livre das drogas.Esse teto, o carrinho, e as palavras de apoio e confiança da equipe foram fundamentais para eu me reerguer. Foi o amor de mãe que me deu força para sair das drogas e reconstruir minha vida e eu tive o apoio necessário na hora certa. Me entreguei a Deus também ” conta Artemizia, emocionada.

Os filhos, que frequentam escolas e convivem em um ambiente familiar tranquilo,  sentem orgulho da mãe, que sai de casa todo dia, em busca do sustento de todos, haja sol ou chuva. A filha Jemili, conta que sabia que a mãe não desistiria deles. ” Eu tenho muito orgulho da minha mãe e sabia que ela não desistiria dela mesmo e nem de nós. Ela é uma guerreira, que venceu as drogas, a vida nas ruas por amor a mim e ao meu irmão. Estamos com ela sempre, em qualquer situação e o amor de mãe dela é muito forte “, relata a jovem de 17 anos, que abraça a mãe com força.

A proteção social especializada, oferecida pelo CREAS, destina-se a indivíduos e famílias em situação de risco pessoal e social, cujos direitos foram violados ou ameaçados. Essa proteção envolve a reintegração e reabilitação dos vínculos familiares, fundamental para superar situações de vulnerabilidade e risco social, como a dependência química.