Um estudo realizado no Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, em parceria com outras instituições de pesquisa do Brasil e do exterior, confirmou a circulação do vírus mayaro (MAYV) entre humanos em Roraima. A descoberta foi feita pela bióloga Julia Forato, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular do IB, e divulgada recentemente pela revista Emerging Infectious Diseases.
Em seres humanos, a infecção por vírus mayaro causa uma doença febril aguda, facilmente confundida com dengue e febre chikungunya, por produzir, como principais sintomas, dores no corpo, fadiga, artralgia, dor e inchaço nas articulações. No Brasil, a detecção de MAYV foi historicamente registrada em estados da região Norte, como Acre e Pará, além do já citado Amazonas. Em Roraima, já havia sido detectado em animais em áreas de transição entre áreas rurais e urbanas.
Por provocar sintomas semelhantes aos de outras arboviroses bastante comuns no país, chegar ao diagnóstico correto de mayaro por critérios clínico-epidemiológicos é tarefa bastante difícil.
O principal diferencial em relação à dengue é a probabilidade maior de causar artralgia e artrite crônica, condição em que as dores e inchaços nas articulações se prolongam e se tornam incapacitantes – como já ocorre com boa parte dos pacientes acometidos pela febre chikungunya. “Cerca de 50% das pessoas que têm artralgia [provocada por chikungunya] vão desenvolver sua versão crônica, podendo ficar até seis anos sofrendo com dores intensas que, dependendo da profissão, a impedem de trabalhar. É um problema social.”